quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Cinemas onde vi filmes: Cinema Lys

Cinema Lys ou Lis em 1960 e 1961. Arnaldo Madureira e Artur Goulart.



Não tenho memória de quando vi filmes neste cinema, mas já devia ser crescido, 16/17 anos. Sei que fui lá uma duas vezes mas, não era muito do meu agrado, aquela zona tinha muitas tentações que custavam dinheiro, que eu não tinha.

Páginas sobre o Cinema Lys da autoria de M. Félix Ribeiro e planta do Cinema Lys 
em OS MAIS ANTIGOS CINEMAS DE LISBOA, edição da Cinemateca, 1978.


Cinema Roxy. 1977. Vasques. 


«Como tantos outros cinemas, também este espaço passou por importantes obras interiores, passando para cinema de estreia e adoptando o nome de Cinema Roxy. Esta nova fase teve a sua inauguração a 26 de Junho de 1973 com o filme “Alfredo, Alfredo”, de Pietro Germi. Ao longo dos anos, a sua programação foi decaindo, tendo encerrado as suas portas no início de Abril de 1988, com o filme "Noite Infernal".»
(In, revelarlx.cm-lisboa.pt)


Cinema Roxy passou a ser uma sapataria gigante. 1990. Michel Waldman. 


(fotos do Arquivo fotográfico da CML)


terça-feira, 18 de outubro de 2011

Um miúdo na Serralharia Franco

Assim se faz Portugal



Pelo lado esquerdo desta taberna ou casa de pasto, ia-se para O Franco e pela direita para o 
Pátio do Galego (creio que se chamava assim). Esta casa ainda existe actualmente. Foto de 1960. 


O nome era Ferraria Franco-Portuguesa e ficava no Campo Grande, mas era mais conhecida como Serralharia Franco ou O Franco. Acreditem ou não trabalhei lá com cerca de 11/12 anos, durante um ano e meio mais coisa menos coisa, e antes disso já tinha trabalhado numa farmácia, uns meses quando saí da escola aos dez anos, e de onde fui despedido por comer as pastilhas Rennie e numa fábrica no Bairro de Alvalade (também uns meses) que fazia, que eu me lembre, entre outras coisas, os botões (vermelhos para o autocarro parar) de plástico para os autocarros de dois pisos da Carris e isto sem contar o tempo entre os 8 e os 10 anos que apanhava bola de ténis no CIF, nas horas em que não havia escola.

Na 1ª foto (dos anos 60) está o meu cunhado Carlos (ainda novo mas já casado coma minha irmã Emilia), nos seus tempos de soldador na Ferraria Franco (há data soldador era um trabalho especializado) e a 2ª foto é de um anuncio da Ferraria Franco encontrado numa revista da CML, não sei de que data, mas talvez dos anos 40 ou 50. (foto de Emília Grave) 


Lembro-me que foi o meu cunhado Carlos que me arranjou este emprego, ele trabalhava lá como soldador e trabalhava lá mais gente da Quinta da Calçada e de Telheiras. Os putos como eu trabalhavam como o caraças, tenho algumas memórias de ir buscar ferro com 6 metros á zona do Arco-Cego e vir a pé até ao Campo Grande. Os mais velhos nem sempre nos tratavam muito bem, os putos eram explorados tanto pelos patrões, (creio que ganhava 13 escudos á quinzena) como pelos mais velhos, (os mais antigos eram tratados por Mestre e os outros por Senhor) fazíamos recados, aquecíamos a comida deles, fazíamos braseiras no inverno, ajudáva-mos em tudo e mais alguma coisa, ainda lembro a sensação que entrava nas unhas quando tínhamos de pegar no ferro logo de manhã (entrávamos ás 8h). Tenho também ainda na memória, um choque eléctrico que apanhei e que fiquei com a ideia de que até voei.  

Na 1ª foto, ao fundo vê-se o portão de entrada e saída de materiais com o guindaste para as coisas 
pesadas. Na 2ª foto vê-se alguns dos barracões que faziam parte da Serralharia Franco. Fotos de 1962.


Aquilo que me dava mais gozo fazer, era duas ou três vezes por ano ir á rua de São Nicolau na Baixa, a uma Farmácia, buscar os remédios para a serralharia (álcool, algodão, iodo, ligaduras, etc), ás vezes levava mais que meio dia a fazer isso e depois tinha que aturar o encarregado, já que ia a pé uma parte do caminho, o que me permitia poupar dinheiro que eles davam para o eléctrico ou autocarro e comprar umas revistas (Mundo de Aventuras, O Condor, o Falcão e outras) e ver os cartazes dos filmes dos vários cinemas da baixa, e olhar para tudo e mais alguma coisa porque para mim a Baixa era outro mundo. Aos sábados trabalhávamos até ás 13h e era dia de limpeza da oficina e quem a fazia eramos nós, os aprendizes, e tínhamos que nos despachar senão ficávamos lá depois da hora. Já não me recordo de como saí de lá, se fui despedido ou não porque (isso naquela altura era o pão nosso de cada dia), estávamos sempre a saltar de um trabalho para outro. Só sei é que aos 13 anos já trabalhava na Rua da Prata numa loja de tecidos, mas isso agora não interessa nada.


Fotos minhas de 2011: na 1ª vê-se ainda parte da Serralharia Franco, zona da Quinagem. 
Na 2ª foto, a entrada para a Serralharia Franco com o Chafariz em primeiro plano.


A Serralharia Franco fazia todo o tipo de trabalhos em ferro, tanto simples, como os mais elaborados. Este exemplo de um portão da Avenida da Liberdade, 191, serve para ilustrar o que disse. Lembro-me que este portão foi feito na Serralharia Franco entre 1965/66, porque fui um dos aprendizes que foram ajudar (ajudar é como quem diz; passava-lhes as ferramentas, etc) os oficiais a montar o portão. Foto feita a partir do Google Maps with Street View em 2011.


Chafariz do Campo Grande em frente á Serralharia Franco. 1961. 


(Fotos do Arquivo Fotográfico da CML)

A Caça às Bruxas na América

Dashiell Hammett jurando na Comissão Permanente de Investigação 
frente ao senador Joseph McCarthy. 1953. Hank Walker. 


No final da Segunda Guerra, a sociedade norte-americana foi abalada por uma onda de obscurantismo que ficou conhecida como "caça às bruxas". A "ameaça vermelha" tornou-se a expressão mágica para fundamentar um estado de quase histeria colectiva, alimentado pelos meios de comunicação e que teve no senador Joseph McCarthy, o seu mais notório manipulador. A "caça às bruxas" envenenou o dia-a-dia dos americanos, semeou suspeitas fabricou listas negras, encenou rituais de purificação e santificou a figura do delator
(Sinopse do livro: Caça Às Bruxas - Macartismo: Uma Tragédia Americana de Argemiro Ferreira, Edição L&PM Brasil 1989)


 Bertold Brecht e Hanns Eisler durante as audições do comité de 
actividades anti-Americanas. 1947. Martha Holmes e Francis Miller.


Danny Kaye, June Havoc e Humphrey Bogart mais sua esposa, a actriz Lauren Bacall sentada ao lado dele, ouvindo atentamente no meio da multidão que assistia às audições do comité de actividades anti-Americanas. 1947. Martha Holmes.


"Na América conservadora do pós-guerra, a desconfiança e o ódio face ao comunismo cresceram. Em Outubro de 1947, o Comité das Actividades Anti-Americanas listou um grupo de trabalhadores de Hollywood sobre os quais recaíam suspeitas de fazerem subrepticiamente propaganda pró-comunista nos filmes em que participavam. Destes, onze foram chamados perante o comité, por recusarem prestar declarações. Um deles - Bertold Brecht, então emigrado nos EUA - acabou por responder às questões. Os outros 10 invocaram a 1ª Emenda da constituição americana (direito à liberdade de expressão e associação) e recusaram falar. Foram esses 10 os nomeados na primeira "lista negra"." Leia Mais Aqui


Os "10 de Hollywood" na primeira lista negra da indústria: na primeira fila (a partir da esquerda): Herbert Biberman, os advogados Martin Popper e Robert W. Kenny, Albert Maltz, Lester Cole. Fila do meio: Dalton Trumbo, John Howard Lawson, Alvah Bessie, Samuel Ornitz. Fila de trás: Ring Lardner Jr., Edward Dmytryk, Adrian Scott. (foto noticias.sapo.pt) 



(fotos LIFE Archive, excepto a última)



segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Lisbon Pictures 1967 by Sid Kerner

Assim se faz Portugal

Lisboa 1967
por
Sid Kerner



Capa do catalogo da exposição.
Foto de arquivomunicipal.cm-lisboa.pt

«Lisbon Pictures, 1967» é um conjunto de fotografias oferecido ao Arquivo por um americano de Brooklyn nascido em 1920 e que aos 17 anos aderiu à Photo League, onde pontificavam Paul Strand, Berenice Abbot e Robert Capa — mais tarde foi fotógrafo militar e trabalhou como operador de câmara de cinema e director de iluminação. Durante umas férias em Portugal, destino que escolhera por ser um país não ignorado pela fotografia ( Neal Slavin só viria em 1968), S.K. percorreu Lisboa (Alfama, a Feira da Ladra...) e fotografou os seus habitantes e actividades com uma admirável capacidade para traçar o retrato de um quotidiano anónimo animado por redes privadas de interesses, enredos e histórias. A densidade das suas imagens aparentemente banais, onde não se condensam significações nem desenham anedotas, transporta a lição de uma fotografia americana que acredita na eficácia do testemunho e exprime o talento raro de a cada momento se fazer aceitar pelos sujeitos observados, com eles cruzando a sua presença de observador e a própria história pessoal.
(In, alexandrepomar.typepad.com)


Vendedora ambulante de fruta à saída da estação Sul e Sueste 
e Vendedora de livros e revistas junto à estação do Rossio.

Rapariga penteando-se e crianças pobres.

Banca de revistas.

Talho e Ourivesaria.

Vendedora de calçado na feira da Ladra e Venda de imagens religiosas.

Crianças brincando junto de um pedinte e Crianças brincando na rua. 

Crianças brincando.

Gato à janela e Rapaz carregando colchões.



A Lisboa cidade triste e alegre de Sid Kerner (1920), foi quando o americano decidiu nela passar férias no Verão de 1967. (...)  foram as pessoas que lhe prenderam o olhar de estrangeiro, “crianças e velhos, vendedores, pedintes, gente da rua.”, mas também os detalhes arquitectónicos, montras e mercados. Algumas das fotografias que fez quando por aqui passou foram expostas na Hudson Park Branch Library em 1971. Em 1995 foi homenageado com uma exposição no Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa. Toda a exposição foi oferecida ao Arquivo de Lisboa. Sid Kerner terá, eventualmente, feito mais imagens da cidade que o viu regressar convidado para este evento. Não sabemos! Sid Kerner escreveu, no catálogo da exposição de 1995 “Lisbon Pictures, 1967”, que acreditava que a fotografia deve reflectir os tempos em que vivemos, e documentar não só o que nos perturba, mas também o que nos encoraja na nossa sociedade. 
(In, apphotographia.blogspot.com)



Agente da policia e Esquadra da policia.

Cranças á porta de sua casa, Jogando dominó na taberna e Idoso com bengala.

Eléctrico na Baixa de Lisboa.

Sapateiro cosendo um sapato, Ciganos conversando e Bebé ao colo da sua mãe.

Vendedora de gravatas na feira da Ladra e Meias estendidas à janela.

Esplanada no Rossio e Comprando um fato na feira da Ladra.

Fotógrafo descansando e Varinas conversando na rua.

Porta de taberna com criança e adulto, Bebedouro dos Quatro Anjinhos e Rapaz carregando um cesto.

Transeunte com cão pela trela e Conversando na rua.


(Fotos do Arquivo Fotográfico da CML)


domingo, 16 de outubro de 2011

Momentos Grandes do S.L.B.


SPORT LISBOA e BENFICA

Momentos Grandes


Benfica 3-2 FC Barcelona. Luis Suarez bebendo champanhe pela taça,
oferecido por José Àguas. Wankdorf Estádio, 31 de maio, 1961 Bern Suíça.

Benfica, Real Madrid (resultado 5-3). Eusébio dispara durante um ataque
do Benfica. Estádio Olímpico de Amesterdão, 02 de maio de 1962.

Benfica, Real Madrid (resultado 5-3). Mais um do Benfica na final da Taça dos
Campeões Europeus no Estádio Olímpico de Amesterdão, 02 de maio de 1962.

Benfica, Real Madrid (resultado 5-3). Os jogadores do Benfica, Eusébio, Germano e Costa Pereira tentam convencer o árbitro
Leo Horn, a dar a bola como uma lembrança para o Benfica. Estádio Olímpico de Amesterdão, 02 de maio de 1962.

Benfica, Real Madrid (resultado 5-3). Os jogadores comemoram em
campo a vitória. Estádio Olímpico de Amesterdão, 02 de maio de 1962.

Benfica, Real Madrid (resultado 5-3). Eusébio da Silva Ferreira a
gritar de alegria. Estádio Olímpico de Amesterdão, 02 de maio de 1962. 



Momentos
Pequenos


Treino do Benfica antes do jogo com o Feyenoord, Roterdão 08-04-63.

Benfica 0 - Feyenoord 0, Costa Pereira em duelo com Kruiver 
e mais tarde a receber tratamento. Roterdão 10-04-63.

Amesterdão, Ajax vence o Benfica por 2-1, em 09 de maio de 1965, Nuninga disputa a 
bola com Costa Pereira. 2ª foto, Germano e o árbitro separam Costa Pereira e Schrijvers.

A Pantera Negra ao seu estilo, tanto com a direita, como com a esquerda.


(Fotos Gaethna - Arquivo Nacional da Holanda)



Cinemas onde vi filmes: Salão Lisboa ou o "Piolho"

Cinema Salão Lisboa. 1968. Eduardo Gageiro.


O Cinema Salão Lisboa (o piolho) era um cinema de sessões continuas (dois filmes) e dos mais baratos, onde miúdo 13/14 anos gritei muitas vezes "ò marreco olha o sonoro" e apupei ainda mais vezes quando me parecia que cortavam qualquer coisa. Este cinema e o Olympia era onde passava os sábados e domingos, por serem os mais baratos e os que tinham (acreditava eu naquela altura) mais variedade de filmes.


Páginas sobre o Cinema Salão Lisboa da autoria de M. Félix Ribeiro em 
OS MAIS ANTIGOS CINEMAS DE LISBOA, edição da Cinemateca, 1978.


Cinema Salão Lisboa. 1967. Sid Kerner. 


Cinema Salão Lisboa. 1961. Artur Goulart.


Planta do Cinema Salão Lisboa e foto da bilheteira da autoria de M. Félix Ribeiro 
em OS MAIS ANTIGOS CINEMAS DE LISBOA, edição da Cinemateca, 1978. 



Cinema Salão Lisboa (o piolho) em 1949 e o Arco do Marquês de Alegrete. ??


«A rua do Arco do Marquês de Alegrete hoje em dia confunde-se com a praça Martim Moniz. O nome ficou-lhe do proprietário do sumptuoso palácio, o 1º Marquês de Alegrete, que o mandou construir em 1694, e ali existiu até 1946 junto à porta de São Vicente da Mouraria. Arruinado pelo terramoto de 1755, deixou de ser habitado pelos seus proprietários e foi alugado a modestos inquilinos que ali fizeram estabelecimentos comerciais e industriais. Tinha o palácio três frentes, duas para locais já desaparecidos: o largo Silva e Albuquerque e a rua Martim Moniz, e a terceira para a rua da Mouraria. Em 1946 foi demolido para dar lugar à actual praça Martim Moniz.»


 Cinema Salão Lisboa. 1977. Vasques.


  Cinema Salão Lisboa. 1977. Vasques.


 Cinema Salão Lisboa. 1970. Armando Serôdio.



(Fotos do do Arquivo Fotográfico da CML)