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terça-feira, 18 de setembro de 2012

O Cinema Europa "abriu" em 1966 com o III Festival de Cinema de Lisboa


ORGANIZAÇÃO DA CASA DA IMPRENSA E DA

CORPORAÇÃO DOS ESPECTÁCULOS - 28 MARÇO 1966


Esta foto deve ter sido feita pouco antes da inauguração do Cinema Europa em Março de 1966. Já tinha visto esta foto dos Estúdios Novais na Galeria de Biblioteca de Arte-Fundação Calouste Gulbenkian e tinha sentido curiosidade pelo cartaz que aparece na foto e que diz: III Festival de Cinema de Lisboa. Nunca tinha ouvido ou lido nada sobre esse festival que já ia no terceiro mas, coloquei de lado para mais tarde voltar a ele. 


 Noticias e Calendário do Festival no dia da inauguração do Europa.


Chegou a hora. O cartaz tem uma data, o que possibilitou procurar noticias  e verificar que era um dos festivais da Casa da Imprensa que fazia regularmente mostras de cinema, festivais e outras realizações. Também se pode ver na foto que, ainda havia obras nas ruas e no próprio edifício. Deviam ser as obras finais, por causa do aspecto das lojas do cinema e também (creio), porque já estavam a calcetar as ruas e isso faz-me crer que a foto é de Fevereiro ou Março de 1966. Outra curiosidade da foto é que foi inaugurada sem a "estátua" da fachada, que se tornaria anos depois o símbolo do Europa.


 Noticias e criticas nos dias 29, 30 e 31 de Março 1966.


O Europa já estava naquele local desde 1931, mais coisa menos coisa mas, o edifício antigo foi deitado abaixo (não sei quando) e construído o da foto, presumo que em 1964/66 e marcada a sua inauguração com pompa e circunstancia com um festival de Cinema, coisa para dar brados nos jornais, como se pode ver pelas reportagens diárias do Diário de Lisboa. O dono ou donos do Europa em Março 1966, era uma empresa chamada Sociedade Administradora de Cinemas, que era proprietária de outros cinemas, entre eles o Cinearte e já tinham experiência nestes eventos e sobretudo boas ligações com os distribuidores de filmes e não só. 



 Noticias e criticas nos dias 1, 2 e 3 de Abril 1966.



O Festival de Cinema de Lisboa desse ano foi uma iniciativa conjunta da Casa da Imprensa e da Corporação dos Espectáculos (seria o antigo sindicato do regime?) e durou dez dias. Ao mesmo tempo também se dava no Europa o I Festival de Animação (com  Vasco Granja na organização), com uma exposição de Animação no foyer e ainda uma Retrospectiva da obra de Jean Renoir. Como diz o Diário de Lisboa no dia seguinte: "por isso o ambiente era de festa e a sala encheu-se de um publico jovem e entusiasta; de um publico «snob», também, daquele publico «snob» que possiblita a cultura autentica: de um publico interessado e curioso.». À frente da organização do festival estava Luis de Pina, com quem eu trabalharia anos mais tarde quando entrei para a Cinemateca. 
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  Noticias e criticas nos dias 4, 5 e 6 de Abril 1966.


 O Festival deve ter tido umas ante-estreias de filmes que estavam à espera do visto da censura. Por exemplo, o filme que abriu o Festival em 28 de Março de 1966; Muriel (1963) de Alain Resnais, só estreou para o publico em Junho de 69. A Fundação Gulbenkian como era hábito dela, também entrou com dinheiro porque dedicou seis sessões para os estudantes do Ensino Superior. Creio que falta só fazer uma referencia aos recortes que povoam este post (devo ter batido o recorde). Ainda cheguei a pensar em colocar só alguns mas, depois decidi-me por colocar todos. Geralmente no dia seguinte, há uma critica ao filme exibido assinada por alguém chamado M. de A., outras por F.A.P. (seria Fernando Assis Pcheco?) e algumas curiosidades que rodearam o Festival.


Rescaldo do Festival de Cinema no dia 7 de Abril 1966.


Anuncio do dia 7, referindo a exibição durante três dias do filme O Evangelho Segundo São Mateus (Il vangelo secondo Matteo, 1964) de Pier Paolo Paolini, que já tinha estreado antes no Monumental.

O filme de Pasolini era para fazer a ligação (esquisita), para o tipo de cinema que o Europa iria apresentar regularmente; filmes "populares", que dessem dinheiro. O escolhido foi O 3º Dia (The Third Day, 1965) de Jack Smight, que tinha já estreado algures em Setembro de 1965. Repare-se no anuncio que diz seleccionado para inaugurar o Cinema Europa. Fica-se sem saber qual o filme que inaugurou o Europa, para mim foi o Muriel de Alain Resnais. O anuncio da direita era do dia de abertura do festival e era uma espécie de anuncio-noticia, fazendo propaganda do que ia ser a programação do Europa; estreias e reposições a preços acessíveis.






terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Ingrid Bergman

"Felicidade é ter uma boa 

saúde e uma péssima memória"


“Existem apenas uns sete astros de cinema, cujo nome, sozinho, faz com que banqueiros americanos emprestem dinheiro para a produção de filmes, e a única mulher na lista é Ingrid Bergman”. (Cary Grant, anos 40)


Ingrid Bergman durante as filmagens de Elena et les hommes (Helena e os Homens, 1956) de Jean Renoir. 1956. Thomas D. Mcavoy.

«Ingrid Bergman (1915-1982) foi uma grande actriz sueca, senhora de uma beleza extraordinária, que na época em que o cinema de Hollywood ainda criava e se alimentava de mitos e de divas, ela — mesmo contra todas as evidências iniciais — tornou-se uma das maiores de sempre. Mas a carreira de Ingrid Bergman em Hollywood está pontilhada de atitudes firmes e paixões tórridas.


Ingrid Bergman olhando para o que tinha de vestir no filme Joana d'Arc (Joana d'Arc, 1948) de Victor Fleming. 1947. Allan Grant.

Um exemplo é a forma como ela se transferiu do cinema sueco para o de Hollywood. Otto Friedrich conta, em "Hollywood nos Anos 40", que David Selznick tomou conhecimento da existência de Ingrid por um ascensorista sueco que trabalhava no prédio onde funcionavam os escritórios de Kay Brown, representante do produtor em Nova York. O ascensorista contara à mulher de Brown que seus pais tinham ficado comovidos com um novo filme sueco, Intermezzo, e em especial com a heroína, uma jovem de 21. Kay Brown foi ver o filme e relatou ao patrão que a jovem actriz era "tudo o que havia de melhor". Selznick estava acostumado com os entusiasmos dela (foi a senhorita Brown quem insistiu em vão para que ele comprasse os direitos de Gone with the Wind (E Tudo o Vento Levou)). Disse-lhe que comprasse a história, não a moça. Ela comprou as duas, conta Friedrich. 


 Ingrid Bergman e Gary Cooper durante a rodagem do filme Saratoga Trunk (1945) de Sam Wood. 1943. John Florea.

Ingrid Bergman com Fernandel durante as filmagens de Elena et les hommes (1956) de Jean Renoir. 1956. Thomas D. Mcavoy.

Quando recebeu Ingrid pela primeira vez, Selznick iniciou um desfiar de insatisfações. Primeiro, implicou com a altura da actriz. "Meu Deus! Tire os sapatos!", lamentou-se ele, ao que ela retrucou que não iria adiantar nada, já que, com ou sem sapatos, media 1,73 metro. Depois, Selznick não gostou do nome e do sobrenome da nova contratada. Ingrid era uma coisa muito sueca, ou, pior ainda, com sabor muito germânico para uma época pré-guerra. Sugeriu que "Berriman" talvez fosse um bom nome. Ou que, embora seu nome de casada, Lindstrom, não servisse, talvez "Lindbergh" fosse uma boa escolha. A senhorita Bergman resistiu a tudo isso. Disse que o nome dela era Ingrid Bergman, e quem não soubesse pronunciá-lo que aprendesse. Selznick não se deu por vencido "Bem, discutiremos isso pela manhã. Mas, quanto a essa maquilhagem, as sobrancelhas estão muito grossas, os dentes não são bons e há muitas outras coisas para eu ver. Levarei você amanhã ao departamento de maquilhagem e veremos o que podemos fazer..." A resposta da senhorita Bergman foi exemplar. "Prefiro não fazer o filme", disse a Selznick, enquanto este ponderava. "Não vamos falar mais do assunto. Não há nenhum problema. Tomo o próximo trem e volto para casa." Selznick ficou impressionado, achou graça ou qualquer outra coisa. O fato é que decidiu transformar a intransigência da senhorita Bergman em promoção dele próprio. "Você será a primeira actriz "natural", disse a ela. "Nada vai ser modificado em você. Nenhuma alteração", conta Friedrich.


 Ingrid Bergman como Maria no filme For Whom the Bell Tolls (Por Quem os Sinos Dobram, 1943) de Sam Wood. 1944. John Florea. E, como Karin em Stromboli (Stromboli, 1950) de Roberto Rosselini. 1949. Gordon Parks.


Ingrid Bergman nasceu no dia 29 de agosto de 1915 na capital sueca, Estocolmo. Classificada por muitos como a maior estrela do cinema americano, tem sua marca na Calçada da Fama, assim como tantos outros artistas da época. Aos dois anos de idade perdeu sua mãe, e passou a viver somente com o pai, o qual lhe inspirou o gosto pela arte por ser fotógrafo. Infelizmente, quando Ingrid estava com 13 anos sofreu a perda do pai. Após esse marcante episódio, viu-se obrigada a morar com a tia , e como se não bastasse as tragédias anteriores, viu a tia falecer por complicações cardíacas. Em seguida, mudou-se para casa de outra tia com a qual viveu algum tempo. Depois de entrar numa escola de Arte Dramática, estreou no cinema participando de nove filmes suecos. A partir daí, Ingrid sabia que seu futuro poderia ser muito promissor. Em 1939 foi para Hollywood e alcançou o auge participando do filme "Intermezzo", que já tinha feito na Suécia. Seu talento recebeu o reconhecimento do público e dos críticos que a contemplaram com o Óscar. 


 Ingrid Bergman em foto de estúdio e com dois dos filhos (fotos sem data ou local). Gordon Parks.


Porém , o que poucos sabiam é que, apesar de não lhe render o Óscar, seu papel mais marcante nas telas seria viver a personagem Ilsa no filme Casablanca em 1942 ao lado de Humphrey Bogart. Posteriormente apaixonou-se por Roberto Rossellini, o que na época caiu como uma bomba em Hollywood, pois ambos eram casados. Como consequência do escândalo Ingrid ficou anos sem aparecer no cinema americano. De seu casamento com Rossellini teve três filhas. Depois de 8 anos casada, divorciou-se novamente e casou-se com Lars Schimidt, porém não demorou muito para que tudo acabasse como os outros casamentos. Sua saúde já demonstrava sinais de debilitações devido a sua luta contra o cancro de mama, porém Ingrid mesmo em tratamento recusava-se a abandonar as bebidas e o cigarro, consequentemente no dia de seu 67º aniversário a doença foi mais forte do que a sua vontade de viver.»


Casablanca (1942)





«(...) Todo mundo em Casablanca estava profundamente infeliz. Humphrey Bogart, além de irritado por estar sendo obrigado a uma vez mais substituir George Raft em um papel que este havia recusado, enfrentava a ira de sua mulher na época, que o acusava de estar cortejando Ingrid Bergman e ameaçava matá-lo (comenta-se que foi essa a raiva mal contida que conferiu aquela mordacidade à sua interpretação, que proporcionou o desprezo sarcástico de algumas das falas do filme que ele tornou famosas). Já Ingrid Bergman preocupava-se com o fato de que ninguém parecia saber como o filme iria terminar. Afinal, ela ficaria com Rick ou viajaria com Lazlo? Se ninguém dizia isso a ela, como ia saber por quem estava realmente apaixonada?" Apenas interprete, bem... um meio termo", disse Curtiz. Anos mais tarde, Ingrid desabafou. "Era ridículo, horrível. (...) Todos os dias filmávamos de improviso. Todo dia nos entregavam diálogos e tentávamos pôr algum sentido naquilo. Ninguém sabia o rumo do filme." O curioso é que essa hesitação dos produtores, em relação ao destino da heroína do filme, num paradoxo, ajudou a interpretação da actriz, como ela reconheceu 30 anos depois: 
— Durante as filmagens, cheguei a me irritar. Queria saber com qual dos dois homens (Bogart ou Paul Henreid) eu ficaria. Um dia, pressionei o Curtiz: afinal, com quem vou ficar no fim do filme? Preciso passar isso à plateia. Mas ele também não sabia, e pediu que eu fosse levando a coisa de forma ambígua. Hoje percebo que o fato de eu estar indefinida em relação ao rumo da interpretação, reflectia a realidade da personagem que, na história, também está confusa sobre o seu destino. A minha dúvida de actriz, assim, se reflectiu de forma muito verdadeira no carácter da personagem.
Numa festa, no British Film Institute (que promovia uma sessão especial com trezentos convidados especiais do mundo inteiro, para comemorar o 30º aniversário de Casablanca), Ingrid Bergmann estava presente como convidada de honra. Logo depois do avião para Lisboa levantar voo, as luzes da sala se acenderam, Ingrid Bergmann subiu ao palco e, diante do microfone, ainda emocionada, ficou alguns segundos em silêncio. Por fim deixou escapar: 
— Vocês viram? Que filme bom! Risos comovidos da plateia e uma estrondosa salva de palmas pela frase espontânea e verdadeira. 
— Fazia mais de 25 anos que eu não assistia ao filme inteiro, como um espectador, que senta e presta atenção do princípio ao fim — explicou ela. — Assim, foi emocionante. E, tantos anos depois, percebi como o filme foi bem feito. A acção é intensa, o espectador não se distrai nunca. Esta, na minha opinião, é a razão principal do sucesso perene do filme. Pode ser que a infelicidade de todo o elenco tenha sido o que fez de Casablanca um sucesso. É Otto Friedrich que conta : "A incerteza de Ingrid Bergman em relação a qual dos dois heróis devia amar não era um problema, como pensava, mas sim o aspecto essencial da personagem que interpretava. E sua ansiedade quanto à possibilidade de fazer Maria em For Whom the Bell Tolls — para o qual tinham destinado, logo quem, Vera Zorina, a ajudou a retratar Ilsa com aquele ar maravilhosamente nostálgico. Quanto a Paul Henreid, que se queixava de que nenhum líder da Resistência desfilaria na Casablanca de Vichy de terno branco, saiu-se bem exactamente em função da espiritualidade ligeiramente pretensiosa implícita no tal terno branco. Até Max Steiner, encarregado de compor a música do filme, estava infeliz. Odiava As time goes by." Por sinal (talvez felizmente), Casablanca chegou ao final mais ou menos dentro do mesmo espírito. Era tanta a indecisão em relação ao final que os produtores decidiram filmar as duas possibilidades. "Iam filmar dois finais" — conta Ingrid — "porque não conseguiam decidir se eu ia viajar com meu marido ou ficar com Humphrey Bogart. Então, a primeira versão que filmamos foi aquela em que me despeço de Humphrey Bogart e sigo com Paul Henreid. E todos disseram: 'Pronto! É isso aí! Não precisamos do outro final'." 
— Tudo foi tão improvisado que acabou sendo uma surpresa para todos quando ganhamos o Óscar de melhor filme. Nunca se sabia exactamente o que seria filmado no dia seguinte — contou Ingrid Bergmann na noite do 30º aniversário do filme, em 1972, em Londres. — Havia só um esqueleto, um plano geral da película. O roteiro era refeito quase todos os dias. O diretor Michael Curtiz tinha discussões frequentes com os produtores, pois até ele tinha dúvidas sobre o que seria o filme exactamente. Pelo menos uma das dúvidas da filmagem cruzaria as décadas seguintes e ainda hoje persiste: Ilsa Lund (Ingrid Bergman) deveria ficar no final com Rick (Bogart) ou com Laszlo (Paul Henreid)? 
— Só na ultima semana de filmagens ficou decidido que eu viajaria com Laszlo, deixando Rick em Casablanca — revelou Ingrid Bergmann. — Chegamos até a filmar um final em que Laszlo viajava sozinho e eu ficava com o Rick... Não teria sido um final melhor? — perguntamos todos nós até hoje. — Não creio. Acho que elegeram o melhor. Se Laszlo tivesse embarcado sozinho, seria decepcionante. — respondeu Ingrid Bergmann, convicta. Mas nós outros sabemos que Ilsa Lund não tinha essa certeza toda, e embarcou de coração partido. 
(textos: allclassics.blogspot.com e www.ocaixote.com.br)




(fotos LIFE Archive)


domingo, 25 de setembro de 2011

Grandes Realizadores

Estes são todos muito bons



 Jean Renoir e Ingrid Bergman nas filmagens de Elena et les Hommes, (Helena e os Homens) 1956. 

 Charlie Chaplin vestido de Charlot, dirigindo um filme em 1915.

 Ernst Lubitsch dirigindo Mary Pickford em Rosita, (Rosita) 1923.

 Josef von Sternberg dando indicações a Janet Leigh naquele 

que foi o seu último filme Jet Pilot (As Estradas do Inferno) 1950.


 Cecil B. De Mille fazendo um sinal sinal positivo para figurantes , que o presentearam com o canto 

egípcio da Alegria no local de filmagem de The Ten Commandments, (Os 10 Mandamentos) 1955.

 Leni Riefenstahl caminhando no meio do Mal, isto é, entre Adolf Hitler e Joseph Goebbels 1937.

Vittorio de Sica com Sophia Loren ao colo durante as filmagens 
de Matrimonio all'italiana (Casamento à Italiana), 1964.

Alfred Hitchcock sentado a assistir á gravação de uma cena do filme Shadow of 
a Doubt (Mentira) 1943, com Joseph Cotten, Teresa Wright, e Henry Travers.

Howard Hawks e Angie Dickinson no filme Rio Bravo (Rio Bravo) 1959, com John Wayne ao fundo.


(Fotos Life Archive)