Mostrar mensagens com a etiqueta Carlos Bica. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Carlos Bica. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Teu Nome Lisboa

Lisboa, Largo Martim Moniz, 1947. 
Foto do Arquivo Municipal de Lisboa. 


Já te chamaram raínha
Cidade-mãe da tristeza
Já te chamaram velhinha
Menina e moça, princesa

Lisboa, vista do Castelo de São Jorge, sem data. 
Foto de Isaura Grave.


Já rimaram o teu cais
Com gaivotas e marés
Querem saber onde vais
Não querem saber quem és

Lisboa, Elevador da Bica, 1940.
Foto Life Archive


Vão chorando as tuas mágoas
Sem matarem tua fome
Chamam Tejo ás tuas águas
P'ra não dizer o teu nome

Casa dos Bicos, sem data.
Foto do Arquivo Municipal de Lisboa


Ai Lisboa se soubesses
Encontrar quem te encontrasse
Talvez um dia tivesses um nome que te agradasse
Ai Lisboa se evitasses
Que te chamassem á toa
Talvez um dia encontrasses quem te chamasse Lisboa

Aqueduto das Águas Livres. Sem data.
Foto do Arquivo Municipal de Lisboa


Já te chamaram vadia
Noite-mulher de má fama
Já te chamaram Maria
Teu nome ninguém te chama

Ponte 25 de Abril. Sem data.
Foto da Fundação Gulbenkian.


Disfarçaram-te as raízes
Com roupagens de outra gente
Vão ouvindo o que tu dizes
P'ra esquecerem o que sentes

Avenida da Liberdade. 2001.
Foto francisco grave.


Engrandecem-te o passado
Fazem trovas ao teu povo
Vão repetindo o teu fado
Mas não te inventam de novo


Carlos do Carmo e Carlos Bica - Teu Nome Lisboa
Letra de Manuela de Freitas com Música de José Mário Branco.


Lisboa, Rua do Ouro. 2001.
Foto francisco grave. 

sexta-feira, 17 de junho de 2011

José Mário Branco: Música de Palavra(s)

Estive para não ir porque estava à volta com as minhas dores mas fui  e abençoados sejam os santos populares (em dia de eclipse), só estando lá se pode acreditar. Eu, que já vi dezenas de concertos do Zé Mário fiquei por várias vezes com um aperto no coração (acreditem que comigo isso é dificíl), acho que estou a ficar piegas. José Mário Branco com ajuda da Manuela de Freitas e acompanhado de Camané, e dos músicos, Carlos Bica, José Peixoto e Filipe Raposo, deram um concerto único e extraordinário no Cinema São Jorge, na abertura do Festival Silêncio.


José Mário Branco e Manuela de Freitas. 
Foto Francisco Grave.


A Sala escureceu depois dos organizadores terem dito umas breves palavras e notei os músicos entrarem no escuro e então entra um excerto do filme do João César Monteiro "Sophia de Mello Breyner Andresen" com a própria a dizer um poema ver aqui e depois entra a música de Tentanda a Via de Antero de Quental e logo o Zé Mário coméça a cantar com aquela voz que deus lhe deu e com ele e depois com o Camané vieram as palavras de alguns dos nossos maiores poetas.

Com que passo tremente se caminha
Em busca dos destinos encobertos!
Como se estão volvendo olhos incertos!
Como esta geração marcha sozinha!

Sim! que é preciso caminhar avante!
Andar! passar por cima dos soluços!
Como quem numa mina vai de bruços
Olhar apenas uma luz distante!


José Mário Branco – Concerto Cinema São Jorge
Festival do Silêncio

Esta foto não é do espectáculo mas podia ser, estava à solta na Net


ALINHAMENTO-GUIÃO
(os textos à direita apareciam projectados durante as canções)


01. Video: excerto do filme de João César Monteiro "Sophia de Mello Breyner Andresen" com Sophia a dizer um poema

02. Tentanda via de Antero de Quental

Antero de Quental
"Mestre, meu Mestre querido"

03. Uma vez que já tudo se perdeu de Ruy Belo

Ruy Belo
“no meu país não acontece nada”

04. Travessia do deserto de José Mário Branco inspirada no poema Caminho de Sophia de Mello Breyner Andresen
“eu sabia
que antes do próximo oásis
alguém morreria"
(Sophia)

05. Queixa das almas jovens censuradas de Natália Correia

Natália Correia
40 anos depois, outra vez

06. Não te prendas a uma onda qualquer de Bertolt Brecht

Bertolt Brecht
começar de novo
a partir de dentro
a partir de perto
a partir da base

07. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades de Luís de Camões

Luís de Camões
… para que tudo fique na mesma?

08. De pé (Antero) de José Mário Branco

Antero de Quental
“que sois os loucos
porque andais na frente”

09. vídeo de David Mourão-Ferreira a dizer um poema

10. Lembra-te sempre de mim de David Mourão-Ferreira

David Mourão-Ferreira
"e por vezes lembramos que por vezes"

11. Quadras de Fernando Pessoa

Fernando Pessoa
"essa coisa da alma"

12. Ser aquele (fado menor) de Fernando Pessoa
Fernando Pessoa

"... este silêncio no qual, ofegantes,
sabemos com tanta dor
que ainda estamos vivos”
(Herberto Helder)

13. Arrocachula de José Mário Branco

“de longe muito longe desde o início
o homem soube de si pela palavra”
(Sophia)

14. A meu favor de Alexandre O'Neil

Alexandre O'Neil
"o amor é o amor
e depois?"

15. Inquietação de José Mário Branco

“tudo o que sonho ou passo
o que me falha ou finda
é como que um terraço
sobre outra coisa ainda
- essa coisa é que é linda”
(Fernando Pessoa)

16. As palavras de Manuela de Freitas

“secretas vêm, cheias de memória”
(Eugénio de Andrade)

17. vídeo de Mário Cesariny a dizer um poema

18. Perfilados de medo de Alexandre O'Neil

Alexandre O'Neil

“ter de existir num tempo de canalhas
de um umbigo preso à podridão de impérios
e à lei de mendigar favor dos grandes”
(Jorge de Sena)

19. Silêncio pesado de Manuela de Freitas

“nada é inacessível no silêncio ou no poema”
(António Ramos Rosa)

20. Com fúria e raiva (poema de Sophia dito por José Mário Branco

21. Sopra demais o vento de Fernando Pessoa


«e agora vão dormir»