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terça-feira, 19 de março de 2013

David «Chim» Seymour e as estrelas


«Nascido Dideki Zsymin em Varsóvia, em 1911, passou a assinar CHIM (numa abreviatura fonética do apelido) ao tornar-se fotojornalista em Paris, por volta de 1932. Na América mudou o nome para Seymour, a fim de proteger os pais sob o jugo do nazismo (mas o novo apelido ainda soava mais judeu, como lhe fizeram notar os amigos!). Também era conhecido pelos diminutivos Dik (de Didek, isto é, David), Chimou, Chim-Chim (que é nome de panda). Com os seus olhos penetrantes, óculos, nariz proeminente e careca adiantada, lembrava um mocho sábio. Não tinha o ar atraente e morenaço de Capa, mas inspirava nas mulheres instintos protectores, o que vinha a dar na mesma. A fotografia ajuda a libido. O certo é que Chim era, à  sua maneira tímida e secreta, um conquistador inveterado (Rodger dizia que, neste campo, o próprio Capa tinha muito a aprender com Chim). Talvez por isso viria a apurar as lentes com as estrelitas talentosas — Gina Lollobrigida, Kim Novak, Joan  Collins, Ava Gardner, Audrey Hepburn, Sophia Loren, etc.»
(Jorge Calado, Expresso, 01-11-1996)


Sofia Loren com 19 anos. 1953. David «Chim» Seymour.

 Ingrid Bergman. 1952. David «Chim» Seymour.

  Ingrid Bergman e seu filho Robertino. 1952. David «Chim» Seymour.

  Ingrid Bergman. 1953. David «Chim» Seymour.

  Isotta e Isabella Rosselini, filhas de Ingrid Bergman. 1952. David «Chim» Seymour.

  Joan Collins com 18 anos. Londres.1951. David «Chim» Seymour.

 Barbara Laage. Paris. 1954. David «Chim» Seymour.

 Gina Lollobrigida.Paris. 1953. David «Chim» Seymour.

  Gina Lollobrigida. Itália. 1954. David «Chim» Seymour.

  Kirk Douglas. Paris. 1954. David «Chim» Seymour.

  Kirk Douglas. Paris. 1954. David «Chim» Seymour.



(Fotos de David «Chim» Seymour e chim.eastmanhouse.org)

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Gerda Taro



Nasceu em Estugarda, Alemanha, em 1 de Agosto de 1910; e morreu em Madrid, Espanha, em 26 de Julho de 1937. Video encontrado no youtube: Gerda Taro, a sua história fotográfica, com muitas fotos rarissimas. Carregado por ganlesat em 2009.


Gerda Taro nascida Gerda Pohorylle, em Estugarda, Alemanha, era filha de um casal polaco de educação liberal e origem judaica. A família mudou-se para Leipzig quando Gerda tinha dezanove anos. Devido à crescente influência dos nacionais-socialistas e a um novo círculo de amigos, envolveu-se em organizações de esquerda locais, tendo sido presa em 1933 por participar numa campanha de protesto anti-nazi. Percebendo que era muito perigoso permanecer na Alemanha, foi viver para Paris.


Gerda Taro na frente de guerra em Córdoba, setembro de 1936. Robert Capa. 
Foto de www.magnumphotos.com


Após um ano em Paris, tendo dificuldade em encontrar trabalho, Gerda conheceu o fotógrafo húngaro André Friedmann, que viria a mudar o seu nome para Robert Capa. Gerda e André passaram a viver juntos, tendo Gerda começado a gerir a componente empresarial do trabalho de Capra, e iniciando-se na fotografia. Trabalhou na agência Alliance Photo, o que lhe proporcionou uma experiência inestimável na área do fotojornalismo e, em Fevereiro de 1936, obteve o seu primeiro cartão de jornalista. Gerda e André, frustrados com a falta de sucesso a vender as suas reportagens, criaram um fotógrafo americano fictício chamado Robert Capa, sob cuja identidade poderiam conseguir arranjar melhores contratos ao contrário dos muitos emigrantes judeus do leste da Europa a viver em Paris. Gerda, por sua vez, mudou o seu apelido para Taro, utilizando o do artista japonês Taro Okamoto. Ambos os nomes tinham ressonâncias de Hollywood: Capa ecoando o cineasta norte-americano Frank Capra, e Gerda Taro recordando Greta Garbo.


 Gerda Taro em Guadalajara, pouco tempo antes de ser morta. 1937. Robert Capa? e Soldados 
Republicanos na Batalha de Brunete, onde Gerda Taro morreu, Espanha. Julho 1937. Gerda Taro.
Fotos encontradas em wikipedia.org e digitaljournalist.org

Quando a Guerra Civil Espanhola foi desencadeada, em 17 de Julho de 1936, Capa e Taro foram imediatamente para Barcelona. A oportunidade de poder fazer fotografia de combate, conjuntamente com a participação numa causa de esquerda, que para os emigrantes Capa e Taro era simpática, foi uma oportunidade ímpar para o casal. Fotografaram muitas vezes em conjunto as mesmas cenas. Os seus retratos deste período são facilmente distinguíveis, pois usavam câmaras que produziam negativos de diferentes proporções – Taro o formato quadrado da Rollei, e Capa o rectangular da Leica. Além disso, o trabalho de Taro revela o seu interesse em experimentar a dinâmica de ângulos de câmara da fotografia da Nova Visão. Depois de fotografar em Barcelona, dirigiram-se para oeste e depois para sul, até Córdoba, onde Capa fotografou o seu famoso "Soldado Caindo", um miliciano republicano caindo para trás numa encosta, ao ser mortalmente atingido por uma bala.


Um menino com o uniforme da Federação Anarquista Ibérica, Agosto de 1936. Gerda Taro.
Foto encontrada em wikipedia.org


Desde o início, as fotografias de Taro e Capa foram publicadas em revistas como a Vu, reputada revista francesa ou no Züricher Illustrierte da Suíça. Embora o trabalho tenha sido creditado inicialmente a "Robert Capa", era um projecto colectivo para o qual ambos contribuíram. Os álbuns com as impressões das folhas de contacto deste período mostram que a colaboração era clara: as fotografias de Taro e Capa não estão atribuídas, estando intercaladas, havendo reportagens composta pelos dois autores.


Dinamiteiros republicanos, em Carabanchel, arredores de Madrid, Junho de 1937. Gerda Taro.
Foto encontrada em wikipedia.org


Capa e Taro regressaram a Paris no Outono tendo feito uma segunda viagem a Espanha em Fevereiro de 1937. As fotografias desta segunda viagem são mais difíceis de distinguir, uma vez que tanto Taro e Capa trabalharam no mesmo formato rectangular de 35 milímetros. Para além de que passaram a publicar as suas fotografias com o nome "Capa e Taro," como numa fotografia de página dupla publicada no semanário francês Regards sobre os combates em Madrid. Capa permaneceu apenas brevemente em Espanha, regressando a Paris no final do mês, enquanto Taro ficou. Parece que o seu romance tinha arrefecido, e Taro estava a ter sucesso individualmente na imprensa francesa de esquerda. A partir de Março de 1937, as fotografias publicadas no Regards e no jornal de esquerda apoiante da Frente Popular Ce Soir são creditadas como "Foto Taro". Algumas das fotografias mais impressionantes de Gerda foram tiradas na Primavera de 1937 num hospital e numa morgue a seguir ao bombardeamento de Valência. Taro parece ter-se adiantado à famosa afirmação de Capa de que "se as tuas imagens não são suficiente boas, é porque não estás suficiente perto", com as suas fotografias de vítimas civis da guerra.


Pablo Picasso, Françoise Gilot e Javier Vilato. França. 1948. Robert Capa.
Foto encontrada colorsinlove.blogspot.pt


Em Julho, Gerda Taro cobriu, em Madrid, o Segundo Congresso Internacional de Escritores para a Defesa da Cultura e, em seguida, deslocou-se a Brunete, nos arredores da capital, para cobrir a luta para o Ce Soir. Durante duas semanas, Taro fotografou a batalha em redor da cidade. As suas imagens foram amplamente reproduzidas, em parte porque demonstravam que os republicanos estavam defendo Brunete, apesar de os nacionalistas afirmarem o contrário. Em 25 de Julho a posição dos republicanos vacilou, e Taro viu-se sozinha no meio de uma retirada precipitada. Saltou a correr para bordo de um veículo transportando vítimas, mas um tanque raspou no carro atirando Gerda Taro ao chão. A fotógrafa morreu no dia seguinte. O seu corpo foi tresladado para Paris, onde a fotógrafa foi proclamada mártir antifascista. O seu funeral, assistido por milhares de pessoas, realizou-se no dia do que teria sido o seu vigésimo sétimo aniversário. (texto encontrado em www.arqnet.pt)



Gerda Taro, sem outras indicações.
Fotos encontradas em deccard.blogspot.pt


Homenagem da LIFE em Agosto de 1937. LIFE Archives.




segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Ernest Hemingway e George Steiner




Ernest Hemingway em Cuba, à conversa com pescadores e marinheiros.1952. Alfred Eisenstaedt.
Foto LIFE Archive.


Ernest Hemingway e a modelo Jean Patchett por Clifford Coffin para a revista Vogue. 1950.
Foto encontrada em trovegeneral.com


Mesmo grande escritores não conseguem alterar a força de palavras simples. O nosso grande exemplo é Ernest Hemingway. Nunca mais ninguém utilizou da mesma forma a palavra "e", como Hemingway o fez. Uma das suas passagens ilustra bem as minhas preocupações. As pessoas não ligam à literatura mais impressionante. Estou a pensar num trecho do romance "The Sun Also Rises". Este título vem, obviamente do Livro de Eclesiastes. na Bíblia. Chamava-se "Fiesta" na edição inglesa. Dois amigos estão sentados no autocarro e julgam amar-se. Julgam ser inteiramente honestos um com o outro. «Atravessámos a floresta para depois subir a encosta, um prado verde e ondulado à nossa frente e montanhas escuras por trás, muito diferentes das montanhas queimadas donde viemos. Eram montanhas arborizadas das quais as nuvens escorregavam. O prado verde estendia-se, separado por vedações, com o branco da estrada a brilhar por entre as árvores, cruzando o prado para Norte. No cimo da encosta vimos os telhados vermelhos e as casas brancas de Burguete dispersas pelo prado. Ao longe, no espinhaço da primeira montanha escura, encontrava-se o telhado cinzento do mosteiro de Roncesvalles. Ali é Roncevaux, disse eu. Onde? Lá ao longe. Onde começam as montanhas. Está frio aqui, disse Bill. Estamos muito alto, disse eu. Pelo menos a 1200 metros. Está um frio horrível, disse Bill.»
Roncevaux é um lugar onde, na canção medieval de Rolando,  Rolando e os seus amigos traídos por um deles, são mortos na emboscada dos Sarracenos. A genialidade de Hemingway está no facto de não chegar a dizer isso. Só a palavra "Roncevaux" nos diz que os dois amigos se trairão. A amizade está a chegar ao fim. Depois a repetição. «Está frio, disse o Bill. Está um frio horrível.» Naturalmente, está a falar-se do frio no coração deles. Só um grande artista é capaz de dizer tudo sem dizer nada. A questão é que os meus alunos de Oxford, de Cambridge, os de Genebra e os de Harvard, já não sabem o que significa "Roncevaux". A próxima edição terá de trazer uma nota de rodapé, que liquida tudo. Enquanto no tempo de Hemingway, com o seu vasto público, era um romance muito popular e partiam do princípio que o nome "Roncevaux"... não era preciso explicar. Dentro de pouco tempo o nome "Elsinore" precisará de uma nota de rodapé. Não saberão nada, nem o que é "La Mancha". Isto é assustador.
George Steiner
In, «Of Beauty and Consolation». 2000


Ernest Hemingway e Yousuf Karsh em Cuba e Hemingway por Yousuf Karsh. 1957.
Foto de www.collectionscanada.gc.ca



Ernest Hemingway em Cuba.1952 e 1953. Alfred Eisenstaedt.
Fotos LIFE Archive.


Ernest Hemingway lendo um manuscrito. Sun Valley, Idaho, 1940. Robert Capa.
Foto encontrada em www.tomorrowstarted


Ernest Hemingway com Antonio Ordonez em Malaga, Espanha. 1960. Loomis Dean.
Fotos LIFE Archive.


Ernest Hemingway e Fidel Castro. 1960. Osvaldo Salas.
Foto encontrada em trovegeneral.com