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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Marcello Mastroianni - O último grande plano

O último grande plano
Texto de
Rodrigues da Silva
Jornal de Letras - 17 Dezembro 1997

«Se tivesse feito apenas filmes bons, teria medo de mim mesmo. Isso são privilégios de
santos. Os santos nunca se enganam, os heróis. Só que eu antipatizo com santos e heróis.»
(Marcello Mastroianni em Mi Ricordo, Si, Io Mi Ricordo)


Federico Fellini, Marcello Mastroianni  e Sophia Loren. Sem data ou local.
Foto encontrada em flickr.com

Marcello Mastroianni, sobre Fellini e os Napolitanos: 
«Toc-toc-toc. "Entre." E apareceu o primeiro napolitano. Fellini, que para aquele filme (Ensaio de Orquestra) precisava de músicos, perguntou-lhe: "Que instrumento tocas ?", "Eu nada, mas o meu irmão é um génio!" Pergunto-me que outro realizador levaria em consideração a louca saída deste senhor? Fellini contratou-o imediatamente» 
(Marcello Mastroianni em  Mi Ricordo, Si, Io Mi Ricordo)


Cartaz de Mi Ricordo, Si, Io Mi Ricordo. 1997.
Foto de downloadfreemovies.org


Coisas boas em jornais

Num parágrafo ele disse tudo. Ele é Marcello Mastroianni, e o «tudo» que, neste caso, disse é como se fora um auto-retrato. Final. Como se fora, sim, porque esse parágrafo disse-o não sobre si mesmo, mas sobre... as personagens de Tchekov. Que são tal qual ele — ora leia -se: «Fantasiosas, inconcludentes, mergulhadas numa eterna e cobarde indecisão; criaturas estranhas, ao mesmo tempo vítimas e cúmplices do mundo que as rodeia; e precisamente por isso testemunhas cépticas e sarcásticas — ou seja, dignas de fé». Que esta espécie de auto-definição nada tenha a ver com o logotipo imbecil de «amante latino» a que, durante décadas, se tentou reduzir o actor não admira. Os logotipos são isso mesmo: um esboço e nada mais, e se alguma coisa pode caracterizar Mastroianni é precisamente «os meios tons» tchekovianos que escapam à facilidade de um design gráfico. Errado, totalmente errado, ainda por cima. 
Mastroianni teve sempre consciência disso e múltiplas vezes contra isso se rebelou. Mas desta vez a rebeldia ganha ênfase. Porque feita no fim da vida. Marcello interpretava aquele que seria o seu último filme («Viagem ao Princípio do Mundo», de Manoel de Oliveira). O último, mas não o derradeiro, porque esse acabaria por ser o documentário no qual ele passa toda a sua vida em revista — «Mi Ricordo, Si, Io mi Ricordo», de Anna Maria Tatò, rodado ele próprio nos intervalos da rodagem do filme de Oliveira. Em Portugal, pois. 

Marcello Mastroianni e Luchino Visconti, durante as filmagens de O Estrangeiro. 1967
Foto de ontheset.tumblr.com


A frase sobre as personagens de Tchekov, que funciona como um auto-retrato de Mastroianni, é deste documentário que é extraída. Uma frase que poderia ser completada com estoutra, de Marcello igualmente: «Gosto daquele [de Tchekov] pequeno mundo submisso, feito de personagens perdedoras, sempre, e plenas de entusiasmo, de sonhos, de ilusões». 
Os melhores filmes de Mastroianni revelam-nos personagens como estas — frágeis. E, no entanto, é da fragilidade que lhes advém a força, essa força que as torna inesquecíveis. Como inesquecível é Mastroianni através dos múltiplos Mastroiannis que o cinema nos deu. Até a aventura se concluir com este documentário no qual ele como se dobra sobre si mesmo, ciente do fim próximo. E ciente também que só o fim faz luz sobre todo o percurso de uma vida. Emprestando-lhe sentido. «Mi Ricordo» (a advinhar pelo lindíssimo monólogo do homem/actor, entre nós, publicado pela Teorema) é isso que faz: luz. A imensa luz de um grande plano. O grande plano final de um fabuloso comediante que, em 72 anos de vida e cento e setenta filmes, mais não fez do que revelar o lado frágil de todos nós e com ele a nossa força. A obscura força dos seres vulgares, húmus do universo de Tchekov — pequenas fraquezas, grandes sonhos. Homens, em suma, não heróis. 

Rodrigues da Silva
Jornal de Letras
17 Dezembro 1997


«Íamos ao cinema quase todas as tardes. Levávamos os pãezinhos, o lanche. Projectavam dois filmes, depois os anúncios dos filmes da semana seguinte e depois desenhos animados. Entrávamos às 3 e saíamos à hora de jantar. Eu alimentei-me de cinematógrafo e, como eu, toda a minha geração. Esta sala mágica, escura, misteriosa. O feixe do projector com o fumo dos cigarros. Até isso era fascinante, e agora já não existe. Era um local de evasão, mais do que isso. No cinema sonhava-se!» 
(Marcello Mastroianni em  Mi Ricordo, Si, Io Mi Ricordo)

Marcello Mastroianni e Vittorio de Sica, durante as filmagens de Matrimónio à Italiana. 1964
Foto encontrada em www.uol.com


As citações de Marcello Mastroianni foram copiadas do documentário 
"Mi Ricordo, Si, Io Mi Ricordo" (1997) de Anna Maria Tatò.



sexta-feira, 18 de maio de 2012

Grandes Realizadores 5

Uns muito Bons, Outros Têm Dias


Federico Fellini, filmando a última cena de "La Dolce Vita", (A Doce Vida, 1960) e Federico Fellini e Giulietta Masina, sua esposa, 1959. Fotos encontradas em monstermadeofeyes.tumblr.com e LIFE Archive.



Rafael Azcona (argumentista), á esquerda, com Luis García Berlanga, ao centro, e Ricardo Muñoz Suay (assistente do director), durante a rodajem de "El Verdugo", (O Verdugo, 1963) e François Truffaut, Claire Maurier e Jean Pierre Léaud, na apresentação do filme "Les quatre cents coups", (Os quatrocentos Golpes, 1959), no Festival Cinema de Cannes. 1959?. Fotos encontradas em elpais.com e LIFE Archive.



Fritz Lang dirigindo "Metropolis" em 1926, e filmando uma cena com Henry Fonda em "You Only Live Once" (Só Vivemos Uma Vez, 1937). Fotos encontradas em ravenouslo.tumblr.com e ontheset.tumblr.com.


Federico Fellini em Roma, Itália 1971. Fotos LIFE Archive.


Tony Curtis conversando com George Marshall, durante a rodagem do filme, Houdini (Houdini, O Grande Mágico, 1953) e Henry Hathaway num corredor da prisão de Sing Sing, dando indicações a Victor Mature durante a rodagem do filme "Kiss of Death" (O Denunciante, 1947). Fotos encontradas LIFE Archive.


Ingmar Bergman no local de filmagens de Jaws (O Tubarão, 1975) de Steven Spielberg, foto sem data nem local encontrada em s3.amazonaws.com e Ingrid Bergman e o jovem actor Heywood Morse a serem dirigidos por John Frankenheimer numa cena do filme para televisão, "The Turn Of The Screw", 1959. Foto LIFE Archive.


Da esquerda para a direita; Frank Ford, John Wayne, Victor McLagen, John Ford (Director) e Barry Fitzgerald (sentado), durante as filmagens de "The Quiet Man" (O Homem Tranquilo, 1952) e John Ford dirigindo Maureen O’Hara no mesmo filme. Fotos encontradas em www.rci.rutgers.edu e dadsamoviecritic.tumblr.com.


Alfred Hitchcock chegando a uma festa numa casa "assombrada", foto sem data nem local e Francis Ford Coppola conversando com Petula Clark durante as filmagens do filme, "Finian's Rainbow" (O Vale do Arco-Íris, 1968). Fotos LIFE Archive.


Jean-Luc Godard e Marina Vlady, durante as filmagens de "2 ou 3 choses que je sais d’elle" (Duas ou Três Coisas Sobre Ela, 1967), foto encontrada em ontheset.tumblr.com e Louis Malle e Brigitte Bardot almoçando com a equipa de filmagens de "Viva Maria", em Cuernavaca, México, 1965. Foto LIFE Archive.


Marlon Brando e Charlie Chaplin, durante uma pausa nas filmagens de "A Countess from Hong Kong", (A Condessa de Hong Kong, 1967) e Milos Forman, durante uma visita a Nova York em 1966. Fotos LIFE Archive.


Charlie Chaplin e Paulette Goddard durante as filmagens de "Modern Times" (Tempos Modernos, 1936). Fotos encontradas em fuckyeahchaplin.tumblr.com e ontheset.tumblr.com.


Garson Kanin, Carole Lombard e Charles Laughton, na RKO Studios, visionando o filme "They Knew What They Wanted" (O Outro, 1940) e Robert Rossen e o argumentista Robert Penn Warren trabalhando nos detalhes do filme "All the King's Men" (A Corrupção do Poder, 1949). Fotos LIFE Archive.


Peter Bogdanovich e Dorothy Stratten, durante as filmagens de "They All Laughed" (Romance em Nova Iorque, 1981) e Peter Bogdanovich, Audrey Hepburn e Blaine Novak no mesmo filme. Fotos LIFE Archive.


Os principais actores do filme "They All Laughed" (Romance em Nova Iorque, 1981), da esquerda para a direita; Colleen Camp, Blaine Novak, Patti Hansen, Ben Gazzara, Audrey Hepburn, John Ritter, Dorothy Stratten, George Morfogen. Foto encontrada em www.c1n3.org.


Vivien Leigh e seu marido, Laurence Olivier, conversam com William Wyler, durante uma pausa das filmagens de "Carrie" (Entre Duas Lágrimas, 1952) e Marilyn Monroe, no filme não concluido "Something’s Got to Give" (1962). Foto encontrada em andshesaidimperfectionisbeauty.tumblr.com.


Roman Polansky e Nastassja Kinski durante a rodagem de "Tess" (1979) e Elia Kazan, Jeanne Moreau e Robert De Niro, durante as filmagens de "The Last Tycoon" (O Grande Magnate, 1976). Fotos encontradas na net.


As filmagens fora do estúdio. Filme não identificado do director holandês Theo van Vliet. Holanda, 1921. Foto encontrada em gahetna.nl.