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domingo, 1 de janeiro de 2012

José Afonso a abrir 2012


José Afonso em entrevista á RTP em 1984, fala dos jovens e dos seus problemas, 10 anos antes da "geração rasca" e vinte e tal anos antes da "geração à rasca".



"Os jovens, e digo, os jovens de todas as classes, estão um pouco à mercê de um sistema que não conta com eles, mas que hipocritamente fala deles - o 25 de Abril não foi feito para esta sociedade, para aquilo que estamos agora a viver. Aqueles que ajudaram a fazer o 25 de Abril, imaginaram uma sociedade muito diferente da actual, que está a ser oferecida aos jovens. Os jovens deparam-se com problemas tão graves, ou talvez mais graves do que aqueles que nós tivemos que enfrentar - o desemprego, por exemplo. E, por vezes, não têm recursos, porque o sistema ultrapassa-os, o sistema oprime-os, criando-lhes uma aparência de liberdade. Eu creio que a única atitude foi aquela que nós tivemos - por nós, eu refiro-me à minha geração - de recusa frontal, de recusa inteligente, se possível até pela insubordinação, se possível até pela subversão do modelo de sociedade que lhes está a ser oferecido, com o fundamento da liberdade democrática, com o fundamento do respeito pelos direitos dos cidadãos. É de facto uma sociedade, que é imposta aos jovens de hoje, teleguiada de longe por qualquer FMI, por qualquer Deus banqueiro. Tal como nós, eles têm que a combater, têm que na destruir, têm de a enfrentar com todas as suas forças, organizando-se para criarem a sociedade que têm em mente. Que não é concerteza, estou convencido, a sociedade de hoje." (José Afonso)


Utopia de José Afonso


  Vídeo Clip para o Zeca Afonso, Carregado por kiiorg em 27/07/2010


Agora façam aqui uma visita
http://marioviegasparaquasetodos.blogspot.com/



segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Mário Viegas e a geração rasca - 1994

Europa Não! Portugal Nunca! 


“Europa Não, Portugal Nunca” marcou de forma única a cena cultural e política portuguesa nos últimos estertores do cavaquismo mas em plena estruturação do Bloco Central neoliberal com a continuidade guterrista. “Nesta companhia ninguém assinou para esse senhor que diz ser secretário de Estado da Cultura” rezava o cartaz à boca da cena, zurzindo a um tempo Santana Lopes e os seus engraxadores teatrais. (In, www.acomuna.net)



Excerto de Europa Não Portugal Nunca!, espectáculo integrado na pré pré candidatura de Mário Viegas á presidência da republica em 1994/95.


«Decorria o ano de 1994 quando Vicente Jorge Silva, então director do jornal Público, publicava um editorial sobre a “geração rasca”. Os jovens manifestavam-se nas ruas contra as políticas educativas e contra o pagamento de propinas no ensino superior público. Na base do editorial do jornalista estava o célebre episódio em que quatro estudantes mostraram o rabo ao então ministro da Educação, Couto dos Santos, – e onde se podia ler as palavras “Não pago”. Outros repetiram o gesto durante uma manifestação em frente à Assembleia da República. Apesar dos protestos, a luta acabou por sair gorada, uma vez que o valor das propinas acabou mesmo por subir nos anos seguintes. Em 1994, frequentar uma universidade custava ao bolso dos estudantes 80 mil escudos. Hoje, em Portugal, a quase totalidade das universidades e politécnicos públicos aplica a propina máxima de 986,88 euros. Ainda assim, o número de alunos nas instituições não deixou de crescer: há 17 anos havia 269.982 pessoas matriculadas no ensino superior. Hoje são 383.627.


Milhares nas ruas

A “geração rasca” de Vicente Jorge Silva assiste, agora, ao descontentamento de uma outra, mais nova, responsável por uma das maiores manifestações dos últimos anos em Portugal. A tarefa dos mais novos é hercúlea: além de enfrentar um futuro instável, vêem-se confrontados com o défice público, com o fim de algumas reformas e regalias sociais e com elevadas taxas de desemprego: se em 1994, 10.500 pessoas com ensino superior estavam desempregadas, hoje, e segundo dados da Base de Dados de Portugal Contemporâneo Pordata, esse número disparou para os 63,800. Seis vezes mais do que há 17 anos.


"Quinhentoseuristas" e outros mal remunerados

Os jovens “retribuíram” com o epíteto “geração à rasca”. Foi na rede social que o apelo foi lançado. E, no último no sábado, milhares saíram à rua: os “desempregados, quinhentoseuristas e outros mal remunerados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, trabalhadores intermitentes, estagiários, bolseiros, trabalhadores-estudantes, estudantes, mães, pais e filhos de Portugal”. Muitos são hoje vítimas de esquemas de trabalho temporário, de falsos prestadores de serviços. Rapazes e raparigas que oscilam entre estágios não remunerados e o desespero de conseguir o primeiro contrato. Jovens de uma geração deserdada que os deixou “à rasca”. Mas que não os calou.

(Publicado por Patricia Cruz Almeida em 15-03-2011 em, www.asbeiras.pt)