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terça-feira, 5 de março de 2013

O amante de Laura


Dana Andrews e o retrato de Laura.
Foto de avaxhome.ws

Gene Tierney e Dana Andrews (colorizados) em "Laura" de Otto Preminger. 1944.
Foto de www.fabuloushollywoodmemories.com


O amante  de Laura
Texto de
Manuel Cintra Ferreira
Expresso,  24  Dezembro  1992


Coisas boas em jornais

MESMO que outro papel não tivesse feito, bastava-lhe ter sido o apaixonado de Laura para Dana Andrews (...), ter garantido o lugar no panteão dos mitos de Hollywood. Paixão, primeiro, por uma imagem (o retrato), depois pela sombra (que se delineia em contraluz), depois pelo corpo. Querem evolução mais cinéfila? É esta  imagem, mais do que a da sua dependência do álcool, que fica na memória dos que acompanharam a sua carreira. Porque Andrews, não foi apenas o «amante de Laura». Começou como secundário, enfrentando Gary Cooper em A Última Fronteira,  de William Wyler, e percorreu as planícies do Oeste ao «lado» de Kit  Carson (As Aventuras de Kit Carson). Ao lado de Belle Starr  (A Lenda da Raposa Vermelha) tem o primeiro encontro com Gene Tierney, com quem formará um par mítico do cinema em Laura e O castigo da Justiça. Se não alcançou um estatuto de primeira grandeza, teve, porém, uma filmografia invejável. Alguns dos melhores realizadores americanos souberam explorar o seu rosto singular e pétreo, que parecia não deixar ver as emoções, mas de onde ressaltava, com frequência uma espécie de turbação inquietante. Que se julgue pela lista : Jacques Tourneur (Amor Selvagem, Noite do Demónio, Os Fabricantes do Medo), Renoir (Águas  Sombrias), Ford (A Estrada do Tabaco), Wellman (Consciências Mortas), Wyler (Os Melhores Anos da Nossa Vida), Preminger (Laura, O Castigo da Justiça, Anjo ou Demónio, Entre o Amor e o Pecado) e, «last but not least», Elia Kazan (Crime sem Castigo e o seu último filme importante, O Grande Magnate). Uma lista de fazer inveja a vedetas mais famosas.

Manuel Cintra Ferreira
Expresso,  24  Dezembro  1992


Dana Andrews (1909-1992). Califórnia. 1944. John Florea.
Foto de LIFE Archive

 Gene Tierney (1920-1991) é a Laura de Preminger.
Foto de ocinema.blogs.sapo.pt

Em 1983, encontro de Dana Andrews, Gene Tierney e Vincent Price em Hollywood.
Foto de greggorysshocktheater.tumblr.com



segunda-feira, 5 de março de 2012

Buñuel em Hollywood


«Creio que o cinema exerce um certo poder hipnótico sobre os espectadores. Basta observar as pessoas que saem de uma sala de cinema, sempre em silêncio, a cabeça baixa e o ar distante. O público de teatro, de tourada e o público desportivo mostram muito mais energia e animação. A hipnose cinematográfica, leve e inconsciente, deve-se, sem dúvida, à obscuridade da sala, mas também às mudanças de planos, de luzes e aos movimentos da câmara, que enfraquecem a inteligência crítica do espectador e exercem sobre ele uma espécie de fascinação e de violação.»

Luis Buñuel  em O Meu Último Suspiro, edição Fenda 2006


Em 1972, o filme O Charme Discreto da Burguesia (Le charme discret de la bourgeoisie) recebeu o Óscar de melhor filme estrangeiro, e Luis Buñuel e o seu produtor Serge Silberman foram a L.A. receber o prémio. George Cukor organizou em sua casa de Los Angeles, um almoço que teve estas personalidades. Ao fundo da esquerda para a direita: Robert Mulligan, William Wyler, George Cukor, Robert Wise, Jean Claude Carriere e Serge Silberman. À frente: Billy Wilder, Georges Stevens, Luis Buñuel, Alfred Hitchcock e Robert Mamoulian. 
Foto encontrada em cinema16.mty.itesm.mx. 


O Charme Discreto da Burguesia. Para quem não viu o filme, Rafael (Fernando Rey) é embaixador na França de um país chamado Miranda. O embaixador faz tráfico de drogas de seu país para a França. 




«É preciso começar a perder a memória, ainda que se trate de fragmentos desta, para perceber que é esta memória que faz toda a nossa vida. Uma vida sem memória não seria uma vida, assim como uma inteligência sem possibilidade de exprimir-se não seria uma inteligência. A nossa memória é nossa coerência, nossa razão, nossa ação, nosso sentimento. Sem ela, não somos nada.»

Luis Buñuel  em O Meu Último Suspiro, edição Fenda 2006