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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Cinemas onde vi filmes: Cinema Restauradores ou O Galo


O cinema Restauradores era conhecido pela alcunha de O Galo, e ficava no mesmo edifício do Éden, quase encostado ao Palácio Foz. Fui lá várias vezes e o que me lembro é de uma sala muito comprida, que não tinha corredor ao meio, como é costume. Podia-se entrar pela porta principal e também por uma entrada lateral. Era dos cinemas mais baratos da baixa e se bem me lembro só o Arco Bandeira (Animatógrafo) e o Piolho (Salão Lisboa) eram mais baratos (uns tostões, que naqueles tempos faziam toda a diferença). Trabalhei na Baixa por volta de 1966, na rua da Prata, numa loja de tecidos (ainda me recordo do nome; Pereira, Gonçalves e Xavier) e já naquele tempo tinha duas horas de almoço (tinha é como quem diz, a loja é que fechava das 13 ás 15h) e como almoçava rapidamente, tinha muito tempo para andar por ali pendurado nos eléctricos e muitas vezes ia ver os cartazes dos filmes e ficava a saber o que passavam aos fins de semana nos vários cinemas baratos da zona. Geralmente ia pendurado no 28 (do numero do eléctrico não tenho bem a certeza), até ao largo Camões, via os cartazes do cinema Ideal, depois descia para ver os do Chiado Terrasse, a seguir descia pela rua Garrett ou outra e ia dar ao Restauradores, via os do Éden e de o Galo, ia para a rua dos Condes e papava os cartazes do Condes, Olímpia, e Odeon. Depois ia ver os do Politeama e os do Coliseu (quando havia filmes), e acabava os dessa rua (portas de Santo Antão) vendo os do Arco-Íris (um dia destes conto uma historia sobre o bar 25). Depois ainda passava pela rua do arco bandeira e acabava a ver os do animatógrafo antes de ir trabalhar. Naquele tempo, eu tinha 12/13 anos, e a partir dos cartazes "idealizava" o filme, era uma festa, a discussão com outros miúdos, antecipando o que podia ser o filme e depois o que tinha sido.


Foto da Praça dos Restauradores feita entre 08-03-1947; data de estreia do filme mexicano, São Francisco de Assis (1944) de Alberto Gout e 05-04-1947, data de estreia do filme Kitty de Mitchell Leisen (1945) com Paulette Goddard e Ray Milland. São esses os   filmes que estão em cartaz no Éden. O local onde ficava O Galo está assinalado.


Fotos dos anos 60, a do filme do Elvis é posterior a 27-11-63 (mas não muito), que foi quando o filme estreou, na outra foto, não consegui saber as datas das estreias, mas creio que é do inicio de 1960 porque os filmes foram feitos em 1959 e 1958. O da esquerda é O Prisioneiro da Cadeira Eléctrica (Jet Over the Atlantic) de Byron Haskin (1959), com Guy Madison e Virginia Mayo e o outro é Brincadeiras do Diabo (Damn Yankees!) de George Abbott e Stanley Donen (1958), com Tab Hunter e Gwen Verdon.



Duas fotos interessantes; na primeira vê-se o edifício onde funcionava o antigo Éden Teatro, e na outra deviam estar a demolir esse edifício para ser construído o Éden actual. O que significa, que a primeira é dos fins dos anos 20 (?), e a outra do inicio dos anos 30.  Todas as fotos até aqui, são do Estúdio Horácio Novais e Fundação Calouste Gulbenkian. 


Cinema Restauradores (O Galo) em 1966. Fotos do Arquivo Fotográfico da CML.

"Diário Popular", 22 de Setembro de 1968


«Já ninguém se lembra, mas mesmo ao lado do Éden, em Lisboa, existiu um outro cinema, o Restauradores. Concorrência desleal? Nem por isso. Fechou no dia 15 de Setembro de 1968 para dar lugar a salão de exposição de tapetes. Antigo Chantecler, o Restauradores era sobretudo conhecido pelas suas fitas de cowboys, com sessões contínuas das 14H00 às 24H00. Tinha 326 lugares. Marçanos, vendedores de jornais, pequenos empresários de comércio, estudantes sem dinheiro, recém-chegados da província para quem os luxos da cidade estavam subitamente à mão pelos 1$80 (0,009 cêntimos) que custava uma "geral", tinham no Restauradores o seu cinema preferido, o seu barato recurso ao sonho e à aventura.» (In, guedelhudos.blogspot.com)


Cinema Restauradores, já de portas fechadas em 1968. Fotos do Arquivo Fotográfico da CML.


Toda a história do cinema Restauradores e do seu antecessor O Salão Chantecler, retirada do livro de Manuel Félix Ribeiro: OS MAIS ANTIGOS CINEMAS DE LISBOA 1896-1939.



Na primeira foto, o Cinema Restauradores (O Galo) transformado em stand de vendas dos tapetes da CUF, em foto do Arquivo Fotográfico da CML, sem data, mas posterior a 1968 e foto actual feita com o google view da entrada do hotel que ocupa agora aquele espaço.



sábado, 26 de novembro de 2011

O Gigante de Manjacaze


Gabriel Estêvão Monjane (Mondlane) 

(1944-1990)



«Com o tempo, muitos acontecimentos que tornaram Moçambique referência para Portugal e mundo vão se perdendo. São vários eventos, alguns dos quais diziam respeito ao aspecto físico de moçambicanos que se tornavam distintos. Um deles foi o Gabriel Estêvão Monjane (Mondlane), apelidado de Gigante de Manjacaze. Media 2,45 metros de altura. Veio a perder a vida em 1990. O Gigante de Manjacaze foi notícias na imprensa moçambicana, que se tornou distinto justamente por ser gigante. Manuel da Silva Ramos, poeta e ficcionista português, com a obra “Viagem com um Branco no Bolso”, o romance, veio a marcar de forma documentada a vida de Gabriel Estêvão Mondlane.De acordo com fontes documentais, nesse romance Ramos analisa criticamente a exploração a que esteve sujeito o Gigante, explorado por empresários e promotores de espectáculos no período colonial.»
(In, Diário de Moçambique,  23-06-11)

Gabriel Estevão Monjane, aqui com 2,38m, ao lado de sua mãe com metade do seu 
tamanho. Ele ainda estava crescendo e só tinha 21 anos. Moçambique, 29-12-1965.


Gabriel Monjane de Moçambique é alvo de atenção quando anda por Lisboa (Restauradores). 
Ele continua como o maior homem do mundo e mede 2,50m. Portugal, Lisboa, 2 -11-1978.



A foto mais triste


O mais alto e o mais baixo, utilizados pelos fascistas do regime no funeral de Salazar.
Foto encontrada na net.


«O poeta e ficcionista português, Manuel da Silva Ramos, lançou em Maputo o livro "Viagem com um Branco no Bolso", um romance sobre a vida do "Gigante de Manjacaze", Grabiel Estevão Mondlane. A obra apresenta um outro personagem, o anão português, Toninho de Arcozelo, que contracenava com o gigante nos círculos, feiras e praças públicas. O nome do anão Toninho de Arcozelo, o então homem mais curto do mundo, com 75 cm de altura, associa-se a Gabriel Mondlane pelo facto de ambos aparecerem juntos muitas vezes, no mesmo palco, como forma de evidenciar a diferença entre ambos.»
(In, macua.blogs.com)


 (Fotos gaethna.nl - Arquivo Nacional da Holanda)