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quarta-feira, 23 de maio de 2012

EDUARDO GAGEIRO

Um Fotógrafo Português




 Sophia de Mello Breyner Andresen na casa da Travessa das Mónicas, 1964.
Fotos encontradas em diariosdemarie.blogspot.pt

"Já conhecia a Sophia de quando trabalhava na revista "Eva" e ela simpatizou comigo. Estava muito à vontade. Era quase da família. Naquele caso ela estava em casa assim e limitei-me a disparar. Era uma mulher com uma postura corporal fantástica, elegante, muito educada, e confiava em mim."(*)


Um Artista Português


Fotógrafo português nascido a 16 de Fevereiro de 1935, em Sacavém. Durante os anos 40 e 50 foi empregado de escritório na Fábrica de Loiça de Sacavém (1947-1957). Convivia diariamente com artistas plásticos que tiveram grande influência na sua decisão de se tornar fotojornalista.Com 12 anos publicou, com honras de primeira página, a sua primeira fotografia no Diário de Notícias. Mais tarde, com 20 anos, começou a sua actividade de repórter fotográfico no Diário Ilustrado. A partir desta altura começa a colaborar com publicações como O Século Ilustrado, Eva, Match Magazine, Sábado (da qual era editor), entre outras. Torna-se também fotógrafo de instituições como a Companhia Nacional de Bailado, Presidência da República e Assembleia da República. É membro de honra de várias organizações fotográficas internacionais e detentor de vários prémios. Vive em Lisboa onde mantém a actividade como free lancer. 
(In, Infopédia. Porto Editora, 2012)


Bairro Alto, Lisboa, 1969. 
Foto encontrada em imagespwr.blogspot.pt
Ericeira, 1973. 
Foto encontrada em 2.bp.blogspot.com

Orson Welles no Hotel do Guincho. Foto sem data 
(talvez do fim dos anos 60) encontrada na net.

"Ele era inacessível. Esteve em Portugal, mas só o apanhávamos a entrar e a sair do Hotel do Guincho. Como eu era amigo do dono do hotel pedi-lhe que intercedesse por mim. O sr. Wells lá condescendeu, mas avisaram-me: 'Tens de ser rápido." A única coisa que lhe pedi foi que se aproximasse da janela. Fiz duas fotografias. Num retrato é importante que haja uma empatia entre fotógrafo e fotografado. Se não existe, isso reflecte-se nos olhos do retratado. Vê-se que Orson Wells estava ali a aturar-me."(*)



Raul Solnado, 1966. 
Foto encontrada em diariosdemarie.blogspot.pt 

" a do Raul Solnado é inusitada. Tinha combinado uma reportagem com ele e como estava para breve a inauguração da ponte sobre o Tejo sugeri irmos para lá. Ele era um tipo fantástico, das melhores pessoas que conheci. Fizemos coisas malucas, como a fotografia dele no esgoto."(*)


Miguel Torga, 1985. 
Foto encontrada em diariosdemarie.blogspot.pt 

"Nessa altura eu era fotógrafo do presidente Eanes e andava a fazer um livro sobre o Alentejo, mas não tinha ninguém para escrever o texto. O Eanes pôs-me em contacto com o Torga. Ele aceitou, mas disse-me que cobrava cem contos. Um dinheirão em 1985. Quando conheci Torga, aproveitei para o fotografar, mas pensei: "Tramaste-me com os 100 contos, tramo-te com as meias." (Risos.) Não sou nada vingativo e aquilo ficou giro. Mas a história não termina aqui. Fui a Coimbra com o recibo do pagamento e ofereço-lhe umas fotos minhas do Alentejo. No meio da conversa, ele abre o armário e pergunta: "Já leu o meu último diário?" Respondi: "Não li, sr. doutor." Ele tinha montes de livros no armário, tinha acabado de receber 100 contos e responde-me: "Vendem aqui em baixo, na livraria." Não gostei, claro. Depois pedi-lhe um autógrafo e ele não achou graça.(*)

Gina Lollobrigida na Festa Patiño em Alcoitão, Cascais, 1968. 
Foto copiada de uma revista.

"tinham um fotógrafo estrangeiro e um português, um bate-chapas de quem não vou dizer o nome. O resto ficava ao portão. De repente vejo um tipo que eu conhecia dentro de um carro e pedi-lhe que me deixasse esconder no banco de trás. Parecia uma criança numa loja de brinquedos. Aquilo era só vedetas. Fiz dez fotos e fui expulso. O fotógrafo português entregou-me à segurança."(*)

 O 25 de Abril  de 1974. 
Foto encontrada em queridasbibliotecas.blogspot.pt 

"Às cinco da manhã recebi um telefonema de um amigo: "Vai para o Terreiro do Paço que é hoje." Chego lá, mas um soldado não me deixa passar. Com uma grande lata, digo que sou amigo do comandante. Mentira, nem sabia quem era. Apresento-me e o Salgueiro Maia diz para eu andar com ele. Não tenho a mania que sou herói, mas a fotografar nem penso no medo. Ouvi três vezes "Fogo", quando o Salgueiro Maia estava na Avenida da Ribeira das Naus. Foi o primeiro confronto entre os militares e os fiéis do regime. Felizmente recusaram as ordens de disparar. Depois entra-se numa fase de negociação, o interlocutor era um homem chamado major Pato Anselmo, que me disse: "Se me fotografas, mato-te.". Fiquei no mesmo sítio. É nesse momento que se resolve a revolução, quando o major é preso. Tenho essa sequência toda. O Salgueiro Maia dizia que a minha fotografia era histórica. Ele vem a morder o lábio para não chorar, porque foi naquele momento que se decidiu o 25 de Abril. Foi o dia da minha vida."(*)

1º de Maio de 1974. 
Foto encontrada em largodamemoria.blogspot.pt

Barbeiro, Santa Isabel, Lisboa, 1976. 
Foto do Arquivo Fotográfico da CML.

"Sou autodidacta. Aprendi com os jornalistas, com os livros que li, com revistas como a "Life" e com os artistas da Fábrica de Louça de Sacavém. Trabalhei lá com 13 anos, como paquete. Passava a vida a conversar e a tirar fotografias. O pior empregado de escritório. Depois fui manga-de-alpaca. Mas foi óptimo, porque tive um contacto mais directo com os operários. Mostrava as fotografias ao escultor Urbano Mesquita e foi ele que me ensinou o lado estético."(*)


Calçada em Lisboa, 1976. 
Foto do Arquivo Fotográfico da CML. 

O Princípio da Luz. (Período 1955-1980)
Foto encontrada na net.

Salazar, 1962 (tal qual o Infante em Sagres sonhando com Áfricas). 
Foto encontrada em diariosdemarie.blogspot.pt


Vendedor de banha da cobra, Lisboa, 1957. 
Foto encontrada em biclaranja.blogs.sapo.pt

Cinema Salão Lisboa no Largo Martim Moniz, 1968. 
Foto do Arquivo Fotográfico da CML.

Desfile do 25 de Abril, Lisboa, anos 80 (Eduardo Gageiro, et al.). Foto de Mario Bastos encontrada em flickr.com


*(excertos da entrevista de Vanda Marques a Eduardo Gageiro 
para o jornal i, sábado, 15 de Janeiro de 2011)




sexta-feira, 9 de março de 2012

Sophia de Mello Breyner Andresen


Sophia de Mello Breyner Andresen por Eduardo Gageiro em 1964.
Foto encontrada na net



NAQUELE TEMPO



Sob o caramanchão de glicínia lilás
As abelhas e eu
Tontas de perfume
Lá no alto as abelhas
Doiradas e pequenas
Não se ocupavam de mim
Iam de flor em flor
E cá em baixo eu
Sentada no banco de azulejos
Entre penumbra e luz
Flor e perfume
Tão ávida como as abelhas.

Sophia de Mello Breyner Andresen 
(1919-2004)



sexta-feira, 17 de junho de 2011

José Mário Branco: Música de Palavra(s)

Estive para não ir porque estava à volta com as minhas dores mas fui  e abençoados sejam os santos populares (em dia de eclipse), só estando lá se pode acreditar. Eu, que já vi dezenas de concertos do Zé Mário fiquei por várias vezes com um aperto no coração (acreditem que comigo isso é dificíl), acho que estou a ficar piegas. José Mário Branco com ajuda da Manuela de Freitas e acompanhado de Camané, e dos músicos, Carlos Bica, José Peixoto e Filipe Raposo, deram um concerto único e extraordinário no Cinema São Jorge, na abertura do Festival Silêncio.


José Mário Branco e Manuela de Freitas. 
Foto Francisco Grave.


A Sala escureceu depois dos organizadores terem dito umas breves palavras e notei os músicos entrarem no escuro e então entra um excerto do filme do João César Monteiro "Sophia de Mello Breyner Andresen" com a própria a dizer um poema ver aqui e depois entra a música de Tentanda a Via de Antero de Quental e logo o Zé Mário coméça a cantar com aquela voz que deus lhe deu e com ele e depois com o Camané vieram as palavras de alguns dos nossos maiores poetas.

Com que passo tremente se caminha
Em busca dos destinos encobertos!
Como se estão volvendo olhos incertos!
Como esta geração marcha sozinha!

Sim! que é preciso caminhar avante!
Andar! passar por cima dos soluços!
Como quem numa mina vai de bruços
Olhar apenas uma luz distante!


José Mário Branco – Concerto Cinema São Jorge
Festival do Silêncio

Esta foto não é do espectáculo mas podia ser, estava à solta na Net


ALINHAMENTO-GUIÃO
(os textos à direita apareciam projectados durante as canções)


01. Video: excerto do filme de João César Monteiro "Sophia de Mello Breyner Andresen" com Sophia a dizer um poema

02. Tentanda via de Antero de Quental

Antero de Quental
"Mestre, meu Mestre querido"

03. Uma vez que já tudo se perdeu de Ruy Belo

Ruy Belo
“no meu país não acontece nada”

04. Travessia do deserto de José Mário Branco inspirada no poema Caminho de Sophia de Mello Breyner Andresen
“eu sabia
que antes do próximo oásis
alguém morreria"
(Sophia)

05. Queixa das almas jovens censuradas de Natália Correia

Natália Correia
40 anos depois, outra vez

06. Não te prendas a uma onda qualquer de Bertolt Brecht

Bertolt Brecht
começar de novo
a partir de dentro
a partir de perto
a partir da base

07. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades de Luís de Camões

Luís de Camões
… para que tudo fique na mesma?

08. De pé (Antero) de José Mário Branco

Antero de Quental
“que sois os loucos
porque andais na frente”

09. vídeo de David Mourão-Ferreira a dizer um poema

10. Lembra-te sempre de mim de David Mourão-Ferreira

David Mourão-Ferreira
"e por vezes lembramos que por vezes"

11. Quadras de Fernando Pessoa

Fernando Pessoa
"essa coisa da alma"

12. Ser aquele (fado menor) de Fernando Pessoa
Fernando Pessoa

"... este silêncio no qual, ofegantes,
sabemos com tanta dor
que ainda estamos vivos”
(Herberto Helder)

13. Arrocachula de José Mário Branco

“de longe muito longe desde o início
o homem soube de si pela palavra”
(Sophia)

14. A meu favor de Alexandre O'Neil

Alexandre O'Neil
"o amor é o amor
e depois?"

15. Inquietação de José Mário Branco

“tudo o que sonho ou passo
o que me falha ou finda
é como que um terraço
sobre outra coisa ainda
- essa coisa é que é linda”
(Fernando Pessoa)

16. As palavras de Manuela de Freitas

“secretas vêm, cheias de memória”
(Eugénio de Andrade)

17. vídeo de Mário Cesariny a dizer um poema

18. Perfilados de medo de Alexandre O'Neil

Alexandre O'Neil

“ter de existir num tempo de canalhas
de um umbigo preso à podridão de impérios
e à lei de mendigar favor dos grandes”
(Jorge de Sena)

19. Silêncio pesado de Manuela de Freitas

“nada é inacessível no silêncio ou no poema”
(António Ramos Rosa)

20. Com fúria e raiva (poema de Sophia dito por José Mário Branco

21. Sopra demais o vento de Fernando Pessoa


«e agora vão dormir»