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sábado, 24 de novembro de 2012

Cinemas onde vi filmes: Cinema Arco-Íris

Já tinha publicado um post sobre este cinema mas decidi dar uma volta nele depois de ter 
passado dois dias a fazer pesquisa em jornais para tentar saber quando é que ele "nasceu".

Cinema Arco-Íris, pouco antes de dar lugar ao Bar 25. 1977. Vasques.


Manuel Félix Ribeiro, no seu livro: Os Mais Antigos Cinemas de Lisboa 1896-1939, não faz qualquer referência ao Cinema Arco-Íris, porque em 1939 ainda não funcionava. Mas é estranho que não faça sequer uma pequena referência a ele, quando fala do Coliseu dos Recreios. Este cinema ficava no mesmo edifício do Coliseu dos Recreios (à direita de quem entra), sei que fui lá algumas vezes (por volta de 1966/68), mas não tenho memória de como era por dentro, a não ser que era pequeno, talvez entre 100 e 150 lugares e tinha umas colunas trabalhadas depois da entrada. Já não me recordo se era um cinema de sessões continuas, mas devia ser, porque todos este tipo de salas (as muito baratas), passavam dois filmes com um pequeno intervalo entre eles. Era dos cinemas mais baratos da baixa a par, com o Galo por baixo do Éden, do Olímpia e do Arco Bandeira e os filmes que passava eram geralmente de aventuras, coboiadas, etc, mas eram os que eu gostava com 12 ou 13 anos. Fiz uma busca na net para saber alguma coisa sobre como surgiu este cinema, mas não há grande coisa, a não ser em alguns blogs, dizendo que surgiu nos anos 40. Esta informação deve ter sido deduzida do facto de Félix Ribeiro não fazer referência a ele até 1939. Depois, fiz uma busca no cartaz dos cinemas de alguns jornais de Lisboa, e o Arco-Íris não aparece até aos anos 60. 


Esta é a primeira referência ao Cinema Arco-Íris no cartaz diário do Diário de Lisboa. Foi a 3 de setembro de 1960. O mais certo é ter começado a funcionar por volta desta data, porque os cinemas não pagavam nada por isso e tinha todo o interesse em serem mencionados no cartaz de um jornal diário.


Anos depois, talvez por volta de 1980, quando trabalhava como mecânico de máquinas da industria hoteleira, calhou ser eu a ir lá montar várias máquinas de hotelaria, quando este espaço se transformou no célebre Bar 25; era um Peep-Show, onde a troco de moedas de 25 escudos (aquelas grandes), se podia ver umas miúdas a despirem-se ou já despidas, dai o nome, como estive lá cerca de uma semana a montar (as máquinas), via entrar e sair as miúdas (eram bombas andantes) que iam lá fazer audições no 1º andar (nem uma audição vi), sei que foi um grande sucesso que durou alguns anos (era o primeiro em Portugal), depois tornou-se um café, foi livraria e venda de discos e agora não sei o que é, porque é raro ir a esta rua (de dia) a não ser para ver algum espectáculo no Coliseu à noite.


 Cinema Arco-Íris. 1960. Arnaldo Madureira. E Cinema Arco-Íris. 1966. Garcia Nunes.


Cinema Arco-Íris. 1966. Garcia Nunes.


Em 2007, o espaço do Arco-Íris e do Bar 25 era um restaurante. 
Foto copiada da revista Visão.


(Fotos do Arquivo Fotográfico da CML)




quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Cinemas onde Vi Filmes: Animatógrafo do Rossio ou

o Arco Bandeira



Fui lá algumas vezes, não muitas, porque estava sempre cheio, nunca nos referíamos ao cinema como Animatógrafo, para nós era o Arco Bandeira, a sala era (e deve ser) muito pequena, teria aí uns 100 lugares mais coisa menos coisa e muitas vezes fiquei em pé encostado á parede do fundo. Creio que o último filme que vi nesta sala foi o Hércules contra Maciste (ou qualquer coisa do género). Era um bocado mal frequentado ou talvez nós notássemos mais os "pintas", que por lá apareciam, por a sala ser muito pequena.

«Inaugurado em 1907, foi a primeira sala de cinema com expressão arquitectónica qualificada dentro da chamada Arte Nova curvilínea, característica da escola Franco-Belga de Horta e Guimard.» Foto posterior a 1907. José Artur Leitão Bárcia. 


Páginas sobre o Cinema Animatógrafo do Rossio da autoria de M. Félix Ribeiro 
em OS MAIS ANTIGOS CINEMAS DE LISBOA, edição da Cinemateca, 1978.


Animatógrafo do Rossio, 197? Armando Serôdio. 


 Animatógrafo do Rossio, 1961. Artur Goulart.



Mil contos num só dia (com o peep show)

«Paulo Ladeira não quer falar de dinheiro. Começou neste ramo em 1990, findos  três anos entre a Bélgica e a Holanda, países onde, garante, o nível de desenvolvimento deste negócio é muito superior. «As mentalidades belga e holandesa estão mais aptas a aceitá-lo como o que é: um mero comércio», diz. O empresário regressou a Portugal para abrir o primeiro peep show lisboeta e ainda hoje é dos mais  frequentados da cidade. «Era até preciso explicar aos funcionários públicos o significado do termo sex shop», afirma o «pai» da Sexylândia, que funciona no antigo Animatógrafo, ao Rossio. Foi um espaço montado (e ainda funciona) com algum amadorismo: parte das  cabinas são transparentes, o que faz com que, além do corpo da modelo, os clientes tenham de suportar também os esgares uns dos outros; os veludos vermelhos foram mal fixados e precisam de uma boa lavagem; e ao chão e às paredes das cabinas dos vídeos pornográficos um pouco mais  de detergente também não fazia mal. Mas, nos bons tempos, admite este ex-emigrante e electrotécnico de formação, numa sexta-feira concorrida, aquela loja apertada e mal iluminada facturava 1200 contos. Na altura, era mais do que suficiente para pagar uma renda que chegava aos 4 mil contos e o enorme fornecimento de toalhetes de papel com que as máquinas de cada cabina são diariamente fornecidas.»

Texto de João Dias Miguel numa 
reportagem chamada: Os  dias  do $exo
em Visão 6 de Dezembro de 1999 



Espreitar por dois euros (em 2005)

A voz off, com o tom de um feirante a vender pares de meias, ecoa pelo Animatógrafo do Rossio, em Lisboa. «Não perca Clara e a sua sensualidade erótica. Por dois euros, não se vai arrepender. Dois euros, somente dois euros.» O locutor de serviço encontra-se rodeado de cassetes e DVD’s pornográficos, mas é à sua frente que está a razão de ser do Animatógrafo. Uma nave central redonda, onde 20 portas dão acesso ao mesmo sítio – e, simultaneamente, a 20 cubículos iguais. Um metro quadrado escuro, com uma janela virada para o palco, toalhetes de papel por cima do vidro, uma ranhura para moedas por baixo, um caixote do lixo num canto, um cinzeiro na parede. Clara entra nesse momento e começa por pousar, na plataforma giratória, um pedaço de cetim que lhe vai servir de lençol durante os minutos seguintes. Deita-se de lado, vestida apenas com um curto negligée calçada com sapatos de salto alto, e atenta às luzes vermelhas por cima de alguns compartimentos, que lhe mostram os que estão ocupados por clientes. Começa o peep-show. O corpo mexe-se sem grande ritmo, quase a ignorar a música. A boca trauteia a canção. Os olhos deambulam pelo espaço, enfastiados. As posições alternam: deita-se de costas, senta-se, põe-se de cócoras. Toca-se ao de leve com os dedos. Pisca o olho e passa a língua pelos lábios, mecanicamente, na direcção das janelas ocupadas – algumas não são espelhadas e os clientes podem mesmo ver os sorrisos e esgares uns dos outros. Dois euros compraram três minutos da loira Clara. A meio da segunda moeda, entra Linda. É morena, mais nova, muito diferente. Mas estranhamente igual.  

Texto de Luís Ribeiro numa reportagem 
chamada: NO REINO DO S€XO
em Visão 30 de Junho de 2005 

Animatógrafo do Rossio. A fauna nocturna em 1966. Garcia Nunes.


 Animatógrafo do Rossio, 2009.


Fachada do Animatógrafo do Rossio, 2002.


(Fotos do Arquivo Fotográfico da CML)