sábado, 23 de fevereiro de 2013

Portugal e o plano Marshall


Os gringos andaram por cá entre 1948 e 1955

(Há quem diga que nunca mais de cá sairam)


«Em 5 de Junho de 1947, o secretário de Estado norte-americano, George Marshall, pronunciou o célebre discurso em que anunciou a ajuda económica à Europa face à grave situação do continente, e como barreira, para se opor ao avanço do comunismo. Este apoio seria concretizado através de um plano de reconstrução previamente elaborado pelos próprios países europeus. Rapidamente ficou conhecido pelo Plano Marshall e que, pela recusa soviética, significou a ruptura do continente europeu em dois blocos antagónicos.»

Expresso, 4 Maio 96


«Uma camponesa carregando os seus produtos na sua cabeça - e a carga parece tão 
grande como uma árvore pequena. ca. 1948 - ca. 1955.» Texto e foto de www.archives.gov

«Bosque de sobreiros perto de Vila Franca, com pastores e seus rebanhos. De todas as exportações 
de Portugal, 22 por cento são em cortiça. ca. 1948 - ca. 1955.» Texto e foto de www.archives.gov


«Principal instrumento da política externa norte-americana do pós-guerra, sobrepondo-se ao requisitório da doutrina enunciada por Truman três meses antes, o Plano Marshall tem sido entendido como um dos marcos fundamentais na definição e desenvolvimento da guerra fria. Através da sua implementação prosseguiam-se, no essencial, quatro objectivos fundamentais: readaptar a economia americana de guerra à produção dos tempos de paz; reconstruir política, económica e socialmente a Europa, principal parceiro comercial dos Estados Unidos, resolver o problema alemão; travar o poder e o expansionismo soviéticos. Para alcançar os objectivos almejados, o Plano Marshall propunha-se cumprir  algumas metas: integração económica que permitisse a constituição de uma comunidade de nações europeias estável e próspera capaz de se juntar aos EUA num sistema multilateral  de comércio; crescimento económico que pressupunha uma estreita cooperação entre os países europeus e que constituía fundamento para o desenvolvimento social harmonioso; a sobrevivência da economia liberal de mercado; o preservar da democracia política e a redução de uma excessiva expansão e intervenção do Estado nas economias; a modernização da produção através da assimilação das tecnologias americanas, da introdução de reformas fiscais e da cooperação dos empresários europeus com os respectivos governos.»

Maria Fernanda Rollo
Revista História, 1-6-97



«Portugal. No local da nova fábrica, um trabalhador empurra um vagão carregado cheio de lixo. Esta imagem não tem nenhuma relação com o projeto, mas pode ser dito com segurança que todos os planos para esta fábrica de celulose e papel vão ser realizados com o mais moderno em equipamentos e idéias, além do financiamento. Tudo se combina para tornar as expectativas desta fábrica uma certeza para o futuro. ca. 1948 - ca. 1955.» e, «Portugal. Homem carregando um garrafão. ca. 1948 - ca. 1955.» Textos e Fotos de www.archives.gov

«Portugal. Um projeto hidroelétrico elétrica em construção. A barragem no rio Cávado em Venda Nova. Está sendo construída pela Companhia Hidro-Electrica do Cávado, com quase um quarto do total do custo em fundos de contrapartida do Plano Marshall. A barragem foi iniciada em 1946, e agora está em fase de conclusão. ca. 1948 - ca. 1955.» Texto e Foto de www.archives.gov


«Portugal começou por saudar o Plano.., distanciou-se e acabou por rejeitar, em Setembro de 1947, a participação no primeiro programa de ajuda financeira (1948-1949). «As felizes condições internas permitem-me declarar que o meu país não precisa de ajuda financeira externa», declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Caeiro da Matta, na Conferência de Paris — seguindo as orientações de Salazar e do ministro das Finanças, Costa Leite (Lumbrales). Lisboa viria a mudar de posição, e ainda tentou à última hora entrar no grupo dos beneficiários iniciais. Tarde de mais. A espectacular viragem é exemplarmente descrita por Fernanda Rollo, em Portugal e o Plano Marshall: «Em Abril de 1948, o Governo português afirmava não necessitar de dólares americanos, em Setembro anuncia informalmente que vai recorrer ao auxílio americano e em Novembro apresenta um programa a longo prazo, para cuja execução requer um financiamento global de 625 milhões de dólares », cerca de 100 milhões dos quais em 1949 e 1950. Afinal, Lisboa receberia apenas 31,5 milhões de dólares de ajuda directa e 27,2 milhões de auxilio indirecto (direitos de saque) — 0,8 por cento do total das verbas distribuídas. E como o dinheiro só ficou disponível em Fevereiro de 1950, a hesitação inicial de Salazar custou a Portugal só se ter tornado beneficiário do Plano Marshall dois anos depois dos restantes países. No terceiro período (1950-1951), Portugal recebeu 18,3 milhões de dólares de ajuda directa. A seguir, no último ano do Plano, Portugal volta à posição inicial de «não beneficiário»: «Lisboa e Washington concordaram em que a ajuda americana, na versão Marshall primitiva, se tornava desnecessária.» Mesmo assim, «chegando» tarde e «partindo» cedo, Portugal ganhou profundamente com o Plano Marshall, para lá da decisiva abertura à Europa. Atacou o défice da balança de pagamentos, arrancou para o processo de industrialização, acelerou a construção de barragens e de vias de comunicação.

Expresso, 13 Junho 97


«Portugal. Em Portugal quase tudo é transportado sobre as cabeças das mulheres. No país, a excepção é ver uma mulher sem algo na cabeça. ca. 1948 - ca. 1955» e «Portugal. Retrato de um trabalhador agrícola do Vale do Sorraia. ca. 1948 - ca. 1955.» Textos e Fotos de www.archives.gov

«Portugal. Homens trabalhando em uma fábrica. Ca. 1948 - ca.» 1955. Texto e Foto de www.archives.gov

«Tomar, Portugal. No fim desta pequena praça há pequenas pousadas. Os hotéis são inexistentes em cidades deste porte, e o governo Português está a tentar construir acomodações adequadas para o comércio turístico. Esta cena tranquila foi feita a partir da janela de uma nova pousada. ca. 1948 - ca. 1955.» Texto e Foto de www.archives.gov

«Portugal. Fábrica têxtil.  ca. 1948 - ca. 1955.» Texto e Foto de www.archives.gov

«Portugal. Realização de testes em um modelo de pequena escala do vertedouro da 
barragem Mabuba em Angola. ca. 1948 - ca. 1955.» Texto e Foto de www.archives.gov

«Chegada a Lisboa de um carregamento de trigo americano importado ao abrigo do Plano Marshall.» 1950.
Texto e foto copiados de Revista História 01-06-97.

 «Locomotiva Diesel eléctrica das chegadas a Portugal no pós-guerra 
no âmbito do Plano Marshall e actualmente ainda utilizadas.» 
Texto e foto copiados de Revista História 01-09-83.

«Gravuras de propaganda do Plano Marshall alusiva à ajuda financeira para a reconstrução 
dos países da Europa. Portugal surge como um dos contemplados. 1949.» 
Texto e foto copiados de Revista História 01-06-97.

«Cerimónia de entrega do 50º tanque fornecido pelos EUA a Portugal 
ao abrigo do acordo militar de defesa mútua do plano Marshall. 1957.»
Texto e foto copiados de Revista História 01-06-97.



«Um dia conheci um tipo interessante, o antigo director da campanha eleitoral de John Kennedy, que a certa altura me perguntou a opinião sobre o crescente domínio da cultura americana em França. E eu respondi que se tratava da consequência lógica do Plano Marshall... É isso que eu continuo a sentir, sabes? Creio que ainda não acabamos de pagar as dívidas da guerra.»

Maxime Le Forestier
24-10-84
Jornal Se7e



quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O animal mais belo do mundo


Ava Gardner, a  derradeira imagem
Texto de
M. S. Fonseca
Expresso, 3 Fevereiro 1990

 Ava Gardner. Foto de butterflybyways.blogspot.pt


Coisas boas em jornais

   QUANDO Ava Gardner  chegou a Hollywood, em 1940, Louis B. Mayer podia  mais na MGM do que Deus-todo-poderoso no reino dos céus. De resto, a imperfeição da natureza era tão óbvia que a MGM não tinha outro remédio senão reproduzi-la em estúdio e corrigir-lhe os defeitos. Ava Gardner era um desses defeitos.
   Agarraram nela, levaram-na para o «Stage 15», o maior set do mundo, e fizeram-lhe o primeiro teste. Lee Garmes, um dos maiores directores de fotografia de Hollywood — que o digam Sternberg, Hawks, Mamoulian, King Vidor ou Nick Ray —, fotografou-a e, como Mayer não tinha tempo a perder, sintetizou-lhe assim os resultados:  «Não sabe representar. Não sabe falar. Mas é espantosa». Garmes era bruxo. Durante dez anos, até à  Pandora de Albert Lewin, cada filme de Ava Gardner levava reticências, muitas reticências e, a seguir, como remate, a constatação, de Garmes, «... but she's terrific».
   No meio do teste, Ava Gardner dizia o nome: «Ahvuh Gandnah». Ninguém percebeu. «Depois  muda-se»,  declarou Louis B. Mayer. «Depois muda-se», era para todos os efeitos o lema de qualquer estúdio. Mudava-se tudo. Chamavam-se os departamentos, o guarda-roupa, a caracterização, e entregava-se-lhes a candidata (que às vezes era o) nas mãos padronizadoras. Ava Gardner não foi excepção. Fizeram-lhe tudo isso, mais uma ida ao dentista, abriram-lhe conta, desenharam-lhe um currículo, deram-lhe aulas de dicção e de representação. E Mayer preparava-se para lhe mudar o nome quando reparou que Ava Gardner era bom, perfeito até. Só que o estúdio não podia correr o risco de dar o braço a torcer — uma vez que fosse — no seu confronto com a «natureza». E se Ava Gardner conservou a sua graça foi porque Mayer criou a ficção de que o nome de baptismo da rapariga era Lucy Ann Johnson, nome impossível que o estúdio corrigira para a sonoridade harmónica de Ava Gardner.

Ava Gardner. Foto de  missladymo.blogspot.pt

«Femme fatale»

Depois de tudo corrigido, dentição, cabelos, pronúncia, o estúdio deu-lhe (ou não deu?) uma carreira. Fê-la fracassar de filme em filme, mantendo-a em banho-maria durante dez anos. Foi premeditado? Ou foi a prova clamorosa dos vícios do sistema? Jean-Luc Godard — o grande e, não me lixem, mesmo grandessíssimo Godard —, no seu estilo aforístico, disse um dia:  «O cinema não se interroga sobre a beleza de uma mulher; o que faz pôr em dúvida o seu coração, registar a sua perfídia». A MGM e Louis B. Mayer, ofusca-dos pelo magnetismo de Ava, procederam inversamente. Fizeram filmes para a imagem dela, querendo que ela fosse refém dessa imagem: sex goddess, como é óbvio. A pouco e pouco foi-se consagrando o mito frívolo de femme fatale,  consubstanciado em casamentos e aventuras que envolveram Mickey Rooney, o músico Artie Shaw, Frank Sinatra e, quando Ava se pôs a incarnar a mulher segundo Hemingway (oops!), alguns «matadores» espanhóis. O mito prevaleceu sobre os filmes medíocres. Firmou-se a ideia de que não sabia representar (ideia alimentada com insistência pela própria Ava), devendo por isso assegurar-se que os filmes não perturbassem as características do produto de identificação: uma beleza felina, uma mulher inacessível, um «mito que se recusa aos homens». Era para a ver assim que o público pagava, foi assim que a MGM a conservou. Ela sobreviveu, mas esteve longe de sair incólume. Bebia tudo o que lhe aparecia pela frente, gin, vodka, tequila, rum, scotch, bourbon, cerveja e champagne: para não ferir susceptibilidades, a tudo o que enchia um copo pôs o nome macio de «shampoo». Robert Mitchum, quando contracenavam em My Forbidden Past, compadeceu-se e procurou tirá-la do vício. Mas Ava nunca se conseguiu habituar à marijuana e Mitchum não teve outro remédio senão continuar a fumar sozinho.
   «Se eu soubesse representar tudo teria sido diferente... Mas tive o azar de ter  esta cara fotogénica». Foi o que Ava disse a Henry King durante as filmagens de Snows of Kilimanjaro.

Ava Gardner by Wayne Miller, 1959 (esq.) e Ava Gardner, foto do Expresso.
Fotos de pinterest.com e Expresso

Figura de redenção

   Deixara já de ter razão. Em 1950, Albert Lewin, filmara-a pela primeira vez  a cores, em Pandora and the Flying Dutchman. A imagem do estúdio, armadilhada por Mayer, Lewin, que tinha fama de esteta e modos de «grande senhor», opôs pela primeira vez a contra-imagem, fazendo-a surgir como uma figura de redenção. E, em 1953, com  Mogambo de John Ford, ao lado de Clark Gable, Ava Gardner provou, mais do que em qualquer outro filme, que poderia ter sido tanto mais actriz quanto tivesse sido muito menos «star». «Ford foi maravilhoso a dirigir-me, a falar comigo, a fazer-me compreender. Acho que é assim que ele trabalha»,  recorda Ava Gardner. E quem tenha visto o filme recorda-se da inesperada «presença masculina» de Ava, contrariando a imagem do «eterno feminino» de quase todos os filmes anteriores. Richard Lippe, um crítico americano, notou e bem que  Mogambo  parece um filme de Howard Hawks, e que Ava Gardner, no filme, desempenha o papel de uma heroína hawksiana, uma rapariga viril, despachadíssima nos diálogos, com o estofo de quem viveu muito e guarda do passado algumas cicatrizes. Quando o filme foi exibido, houve quem a achasse tão dotada para a comédia como Carole Lombard, e Hollywood nomeou-a para o Oscar de melhor actriz, que perderia para a representação de Audrey Hepburn em Roman Holiday.

Ava Gardner. Fotos de  tumblr. com

A carreira numa réplica

   Estabelecida a contra-imagem e auto-exilada em Espanha para fugir aos padrões que Hollywood lhe impusera (ou que ela mesma em Hollywood se impusera), Ava podia agora fazer o seu próprio papel e deixar de representar o papel que o estúdio, a «sua» MGM, lhe atribuíra. E Mankiewicz foi buscá-la para ser a Condessa Descalça. Também não tinha muito por onde escolher. Ou ela ou Rita Hayworth. Mais ninguém, senão uma destas duas actrizes, poderia incarnar a — melhor seria dizer, fundir-se na — personagem de Mankiewicz (o cineasta favorito dos snobs, como lhe chamou gentilmente Truffaut). Quando, no filme, Ava olhava para Humphrey Bogart, que tinha o papel de realizador, e lhe dizia: «Acho que sou bonita, mas não quero ser esse género de «star». Se eu fosse capaz de representar só um bocadinho, você ajudar-me-ia a ser uma boa actriz a sério?»,  ela estava só a converter toda a sua carreira a uma réplica.
   Desse drama deu conta Cukor, depois de a dirigir em Bhowani Junction: «Ela era extremamente inteligente. Exerce uma grande fascinação, mas está assombrada pelo desespero. É uma mulher dominada pela fatalidade. Não está de boas relações consigo mesma e, entre outras coisas, considera-se uma má actriz. No meu filme ela tinha algumas maravilhosas cenas eróticas... Lavava os dentes com whisky, de uma maneira muito ordinária e muito excitante. Mas foi tudo cortado pelos censores».
   Por causa de Ava Gardner a crítica francesa produziu toneladas de prosa metafísica. Desde o Mito, ao Eterno Feminino, passando pelo Mistério, Enigma e Esfinge, sem esquecer o Fantomático e o Fugidio, Edgar Morin, Bertrand Tavernier, Jacques Siclier e Ado Kyrou, entre outros, disseram do seu assombramento. Por mim, prefiro a desassombrada declaração de Cukor. Nela se percebe melhor como é que Hollywood tantas vezes se bloqueou, por inflexibilidade da estratégia, a si mesma, e como é que, por detrás de cada imagem de  glamour pode haver a contra-imagem «rebelde» que, com a sua cumplicidade (como antes com a de Ford e Mankiewicz), Ava Gardner fez, afinal, prevalecer como sua derradeira imagem.


M. S. Fonseca
Texto e títulos em
Expresso, 3 Fevereiro 1990


Ava Gardner, capa da Time. 1951. Nickolas Muray.
Foto LIFE Archive.


Ava Gardner durante as filmagens de "The Night of the Iguana". Na 2ª foto 
vê-se, John Huston e Richard Burton. Mismaloya, Mexico. 1963. Gjon Mili.
Fotos LIFE Archive.



domingo, 17 de fevereiro de 2013

A Comuna Che Guevara (antigo Muxito)


Ligação Cidade-Campo no Bairro da Quinta da Calçada. Setembro de 1976.
Foto copiada do jornal página um


Andei por lá algumas vezes e até dormi lá (poucas), enquanto durou as chamadas ligações Cidade-Campo. Estas ligações, organizadas pelos GARA (Grupo de apoio à Reforma Agrária), eram a tentativa de venda directa dos produtos dos agricultores, eliminando os vários intermediários que existiam e existem no caminho até ao consumidor final. A Comuna Che Guevara fazia de posto abastecedor; recebia os carregamentos dos produtores e os vários bairros de Lisboa e outros locais iam lá abastecer-se e depois vendiam os produtos nos seus bairros a um preço incrivelmente baixo. Depois de vender os produtos íamos lá pagar e não antes. A Comuna Che Guevara, tinha imensas actividades paralelas, mas eu, só lá ia por causa desta. Estas ligações Cidade-Campo, davam muito trabalho. Íamos para lá aos sábados de madrugada: às 5 ou 6 da manhã ou então dormíamos lá de sexta para sábado e ajudávamos a descarregar os produtos dos agricultores. Depois, carregávamos os nossos produtos, para levar para os nossos bairros e chegados lá vendíamos os produtos aos moradores. As ligações Cidade-Campo no meu Bairro só duraram algumas semanas, porque tudo isto, assentava na carolice de alguns, outros iam só quando podiam ou lhes apetecia. No fundo foi como em todo o PREC, a maioria das pessoas estavam só a ver a “banda passar”. Das vezes que lá fui (creio que foi só em 1976), naquela altura já tinham cortado a luz e de noite tínhamos de ir às apalpadelas até aos quartos. Uma das vezes no corredor de acesso aos quartos, que fazia um V invertido, fui de encontro à parede (estava tudo ás escuras) e julguei que tinha partido todos os dentes da frente, porque só sentia o sangue a correr a jorros e não sentia os dentes, tudo por causa de um cão "serra da estrela", que por lá andava e passava a vida a rosnar e por isso, tropecei e fui de cara directa à parede. Logo de seguida deu-me tal fúria que fui direito ao cão disposto a dar cabo dele e ele percebeu e fugiu. Afinal só tinha rebentado com o lábio inferior e fiquei até hoje com uma cicatriz. Recordo ainda que o mobiliário era de boa qualidade e que ainda se podia nadar na piscina. Nessa altura não havia qualquer vandalismo, tentava-se fazer um trabalho em prol das populações e (como tudo na vida) foi bom enquanto durou. 


Sede da Comissão de Moradores do Rego em Lisboa. 1976.

A chegada dos produtos para venda à sede da Comissão de Moradores do Rego em Lisboa. 1976.

A chegada dos produtos para venda à sede da Comissão de Moradores do Rego em Lisboa. 1976.

Venda dos produtos na sede da Comissão de Moradores do Rego em Lisboa. 1976.


«No dia 7 de Março de 1975, um grupo de elementos da FSP e da LUAR, acompanhado por dezenas de populares, decidiu ocupar o hotel Muxito, no Seixal, para aí instalar serviços de apoio social. 25 anos depois, Vítor Brito, elemento da LUAR que encabeçou a ocupação, fala em obra social feita mas também no acolhimento, naquelas instalações, de forças da extrema esquerda que se precaviam contra as movimentações da direita. Durante algum tempo, o Muxito foi considerado a base das forças esquerdistas e era lá que se treinavam os tiros e o uso das armas. Até que, segundo conta Vítor Brito, o armamento desviado, caiu em mãos menos próprias e o caso deu para o torto. Dos objectivos que o moviam então, restam apenas os sonhos de um país melhor.» 
Muxito virou base da extrema esquerda. Entrevista de Pedro Brinca a Vítor Brito em www.setubalnarede.pt - 13-03-2000.


Noticia no jornal página um em Setembro de1976.

Auto-colante do 1º aniversário da Comuna Che Guevara.
Foto encontrada em ephemerajpp.com

O principio do fim: guerras entre a extrema-esquerda e o PC. Clique para ler.
jornal página um 30 Setembro 1976.


MEMÓRIA 30 ANOS DE PREC

CAMARADA “CHE”

«O complexo turístico do Muxito, em Vale de Gatos, Amora, concelho do Seixal, chama-se agora Comuna “Che” Guevara. A primeira existente em Portugal, dizem os fundadores, que lhe puseram aquele nome, em homenagem “a um grande amigo da liberdade dos povos, um camarada nosso, portanto”.
O Século deslocou-se ao local, que abrange uma área de 35 hectares, “entre os quais existe um pinhal com cerca de 10 mil pinheiros que nunca foram desbastados ou explorados”. São já 30 os participantes “na vida comunal” (nem todos a auferirem, por agora, vencimento), mas o “comité orientador” espera que esse número ultrapasse os 700, “logo que as instalações atingidas pela atitude reaccionária da ex-proprietária se encontrem recuperadas”.
Entre os projectos dos trabalhadores (que têm contado com “brigadas enviadas por empresas vizinhas, como sejam a Plessey, Gáslimpo, Lisnave, Siderurgia, Construtora Moderna, e até, do Arsenal do Alfeite”), o repórter salienta a criação de “creches, parques infantis, centros de apoio à 3ª idade, sector de repouso para a classe trabalhadora, centro cultural e ocupação dos tempos livres das crianças em idade escolar”.

Adelino Gomes
Público
22 Maio 2005

Ligação Cidade-Campo no Bairro da Quinta da Calçada. Setembro de 1976.


"foi um sonho lindo que acabou, houve aqui alguém que se enganou"
José Mário Branco




sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Alfred Eisenstaedt Again


Alfred Eisenstaedt beijando uma mulher não identificada em Times Square,
imitando a sua famosa foto de um marinheiro beijando uma enfermeira. NY. 1945.

 Albert Einstein no Instituto em Princeton, NJ, USA. 1947.
Imigrantes italianos em Ellis Island.NY, USA. 1947.

Alec Guiness em Londres. UK. 1951.
Frank Lloyd Wright em Taliesin, WI. 1956.

 Alice Neel. Pintora. 1979.

Uma mulher Afro-Americana fumando um cachimbo. USA. 1938.
Bailarinas da Paris Opera Ballet School. França. 1963.

 Basil Rathbone e Angela Lansbury, na Paramount, durante as filmagens de O Bobo da 
Corte (The Court Jester, 1955) de Melvin Frank e Norman Panama. Hollywood. 1954.

Clark Gable, 1936 e Carole Lombard, 1938.

 Homem numa rua perto do mercado Les Halles, segurando uma boneca debaixo do braço. 1928. Paris.
Casal relaxando na margem do rio Sena, perto de Notre Dame em Paris, durante a hora do almoço. 1963.

Margaret Bourke-White. 1959 e Ernest Hemingway. 1952. Cuba.

Ethiopia Essay. 1955.

 Maiorca. Espanha. 1962. 

 Richard Avedon, fotógrafo. NY, USA. 1963 e a Poetisa Edna St. Vincent Millay. NY, USA. 1941.

Monges caminhando nas margens do rio Arno. Florença. 1934.

Policia em moto, conversa com crianças ou ameaça? Garden City, NY, USA. 1942.
Construção da secção George Washington no Monte Rushmore. Dakota do Sul. 1940.

 Josef von Sternberg e Marlene Dietrich. Berlim, Alemanha. 1928.

 Günter Grass. Anos 70. RFA.

Domingo de manhã ao longo do rio Arno. Florença. 1935.
Some No Captions - Some Portraits. 1970'S. RFA?

Yousuf Karsh. Ottawa, Canada. 1981.

Bailarinas de pé no peitoril da janela da sala de ensaios da
Escola George Balanchine American Ballet. NY, EUA. 1936.


(tTodas as fotos são de Alfred Eisenstaedt e LIFE Archive)