quinta-feira, 14 de julho de 2011

Krus Abecassis contra Jean-Luc Godard


A Estreia de Je Vous Salue, Marie
na Cinemateca em 29 de Junho de 1985

Muitas das vezes o que escrevo aqui vêm de fotos que encontro na net e que por sua vez trazem à memória coisas que aconteceram e em que tive alguma participação: neste caso foi a exibição do filme Je Vous Salue, Marie (1985) de Jean-Luc Godard pela Cinemateca Portuguesa, aquando do ciclo dedicado a este realizador.


Tudo começou um mês antes, mais coisa menos coisa

O filme já tinha dado muito brado em França, Espanha e Itália e Abecassis disse não sei onde que se o filme fosse cá exibido tencionava "escaqueirar tudo". Dias depois saiu um artigo de Augusto M. Seabra no jornal Expresso de 01-06-85, seguido de um artigo uma semana depois por Afonso Praça em O Jornal de 06-07-1985 e em outros jornais. Cliquem para ler.


Nessa altura (Junho de 1985) eu, trabalhava na Cinemateca como projeccionista e o João Bénard da Costa em colaboração com a PSP, tomou algumas medidas de segurança e pediu a mim e a outro projeccionista o Luís Gigante, que ficássemos no portão (que nesse dia estaria fechado só abrindo a porta) e que só deixasse-mos entrar um espectador de cada vez e foi o que fizemos com mais ou menos empurrões de gente da igreja que tentava entrar de qualquer maneira, havia alguns mais espertos que ficaram calmamente na fila para comprar bilhetes e conseguiram entrar e dentro da sala tentaram impedir a projecção do filme; um chegou a saltar para o palco colocando-se à frente da luz do projector esbracejando mas, a PSP trouxe todos para fora, uns nas calmas outros à força e pelo menos um veio de rastos.

O Expresso desse dia trazia uma "provocação": uma entrevista com Godard, seleccionei um excerto.


Este artigo de Elisabete França em o Expresso de 06-07-85, 
 retrata mais ou menos fielmente o que aconteceu. 



A história é longa, para quem quiser saber mais é ler os artigos que saíram nos jornais e que estão aí. Mas, não quero acabar sem contar a chegada do Abecassis (presidente da Câmara de charuto e "já quentinho"), que fez incendiar mais os ânimos e cheguei a ouvir um graduado (que está numa das fotos à civil) dizer-lhe que se não se calasse iria preso imediatamente e calou. E com tudo acabei por não ver o filme a não ser anos mais tarde quando a Sic o passou, (as voltas que a vida dá) porque foi o local para onde fui trabalhar anos depois (1992) e onde estou até agora pelo menos por enquanto.

Repare-se na frase que o distribuidor utilizou anos depois quando o filme saiu em DVD. 



1 comentário:

  1. Não como um cristão-novo para ser mais papista do que o papa...

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