sexta-feira, 23 de março de 2012

Dorothea Lange


«Algumas imagens tornam-se ícones culturais, e "Migrant Mother" assume este papel como a melhor representação fotográfica dos EUA do período posterior à grande depressão económica e anterior à Segunda Guerra Mundial. O rosto enrugado e o olhar de preocupação da migrante transmitem mais informação que qualquer ensaio sócio-económico seria capaz. A autora? Dorothea Lange.


Mãe Migrante, Florence Thompson e filhos fotografados por Dorothea Lange em Nipomo, Califórnia, EUA, 1936. 


Nascida Dorothea Margaretta Nutzhorn, em 1895, na cidade de Hoboken, New Jersey, nos EUA, ela foi vítima da paralisia infantil, o que a deixou manca pelo resto da vida. Mais de uma vez, Dorothea afirmou que isto a deixou mais sensível em relação ao sofrimento alheio, aspecto fundamental no seu trabalho. Encorajada pelo fotógrafo Arnold Genthe, que lhe deu a primeira câmara, Dorothea começou como autodidacta e mais tarde estudou fotografia na Columbia University. Profissionalmente, começou como fotofinalizadora, passou a fotografar como freelancer, e finalmente montou seu próprio estúdio em 1919, em Berkeley, na Califórnia.


Barracas na estrada n º 33, com cartaz de propaganda de As Vinhas da Ira, Califórnia, 1940. / Vítimas da seca (os trabalhadores rurais) numa barraca, destinada a ser habitação permanente, Califórnia, 1936.


Depois de mais de uma década fazendo retratos de estúdio, Dorothea não mais resistiu ao "chamado das ruas" e começou a documentar o povo de San Francisco. Isto a levou para o Centro de Reabilitação Rural da Califórnia e dali para a Farm Security Administration (FSA), onde juntamente com seu futuro marido, Paul Taylor, fotografou as ondas de migrantes rurais vítimas das péssimas condições económicas da época. As fotos de Dorothea Lange diferenciavam-se basicamente pela sua postura de honestidade sem artifícios. Eram homens e mulheres pobres e desempregados, na maior parte das vezes sem esperanças, mas continuava sempre presente a dignidade, até mesmo um certo orgulho interior, que se revelava sem pudor para as lentes de Dorothea, mostrando inequívoca empatia entre fotógrafo e fotografado. Até hoje suas imagens são consideradas fiel retrato dos EUA pós-depressão.


Uma criança cansada de Oklahoma arrasta um saco vazio nos campos de algodão da Califórnia em seu caminho para o trabalho às 7 da manhã. A menina é um dos milhares de migrantes que fugiram das tempestades, da depressão, da seca e poeira que afligem seu estado nativo na década de 1930, 1936. / Homens sem trabalho nem casa esperando para subir clandestinamente para cima de um trem de carga, Califórnia, 1939.


Seu trabalho rendeu-lhe uma bolsa Guggenheim em 1941, mas a Segunda Guerra Mundial trouxe uma ruptura e um redirecionamento nas fotos de Dorothea. Trabalhando para a War Relocation Agency e para o Office of War Information, entre 1942 e 1945 passou a documentar os nipo-americanos forçados a viver em campos de concentração na Califórnia. Uma fase não menos importante de sua obra, mas convenientemente "esquecida" por muitos de seus compatriotas.


Jovens evacuados de ascendência japonesa esperando sua vez para a inspeção de bagagem na chegada ao local de reunião antes de seguirem para o campo de internamento, durante a Segunda Guerra Mundial, 1942. / Menina Japonesa-Americana esperando sozinha junto da bagagem da família, pelo autocarro para os levar para um campo de internamento, onde ela e outros milhares de japoneses e americanos de origem japonesa seriam enviados durante a Segunda Guerra Mundial, 1942.


Residentes num campo durante uma tempestade de poeira, onde refugiados de ascendência japonesa foram internados durante a Segunda Guerra Mundial, 1942. / Grupo de refugiados de ascendência japonesa alinhados fora de trem depois de chegar em Santa Anita Assembly Center de San Pedro, são recebidos por soldados americanos, 1942.


Problemas de saúde mantiveram Dorothea afastada das câmaras a seguir à guerra, e só voltou à activa no meio dos anos cinquenta, quando entrou para a equipe da prestigiada revista Life. Até sua morte em 1965, viajou pelo mundo na companhia do marido, fotografando principalmente a América do Sul, a Ásia e o Oriente Médio.» 
(In, www.burburinho.com)


Dorothea Lange com sua câmera Graflex na Califórnia (1936), 
foto de autor desconhecido encontrada em www.cafedasquatro.com.br



(fotos LIFE Archive, excepto a última)





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