Quando um homem diz, não, eu não vou, Roma começa a temer.
(frase do filme)
Figurantes seguram cartões com números para serem identificados nas filmagens de Spartacus, 1959. Foto LIFE Archive.
«Considerado por muitos o melhor de todos os filmes sobre o Império Romano (e sem a ajuda de Jesus Cristo), Spartacus é uma adaptação do livro de Howard Fast (escritor colocado na lista negra de Hollywood) e era desde o inicio um projecto controlado inteiramente por Kirk Douglas. Foi ele quem despediu o director original Anthony Mann, junto com uma actriz alemã (substituída por Jean Simmons) e chamou Stanley Kubrick, com quem tinha trabalhado em "Horizontes de Glória" (Paths of Glory, 1957) para assumir a realização. O resultado foi demorado (mais de um ano de filmagens) mas convincente.
Stanley Kubrick durante as filmagens de Spartacus, 1959. Foto em lanocheintermitente.com / Spartacus, cena entre Laurence Olivier (Marcus Licinius Crassus) e Tony Curtis (Antoninus), 1959. Foto em LIFE Archive.
Com um grande elenco, começando em Kirk Douglas, Peter Ustinov, Sir Laurence Olivier, Charles Laughton e Jean Simmons entre muitos outros. Tem cenas espetaculares, com milhares de figurantes (a sério, não como hoje que são feitos digitalmente) e é um filme que passados mais de 50 anos ainda tem uma força que muitos outros épicos perderam. A rodagem de “Spartacus” foi cheia de tensões entre Stanley Kubrick e Kirk Douglas. O director nunca gostou de não poder mexer no argumento e afirmou que não tinha liberdade artística para colocar as suas ideias no filme. As tensões foram também com o director de fotografia Russell Metty, que não conseguia lidar com as vontades de Kubrick, e o criticou duramente, até ganhar o Óscar de melhor fotografia (e único).
Kirk Douglas e Stanley Kubrick durante as filmagens de Spartacus, 1959. Foto em www.wcftr.commarts.wisc.edu / Stanley Kubrick, Kirk Douglas (Spartacus) e Charles McGraw (Marcellus), ensaiando nas filmagens de Spartacus, 1959. Foto em rabiscosdabere.blogspot.pt.
O incidente mais célebre, segundo as má-línguas foi na hora de fazer os créditos do filme, houve uma divergência quanto ao nome do argumentista. Kubrick, queria que o seu nome constasse como autor do que não fizera. Kirk telefona para a Universal, e manda deixar um passe na portaria com o nome de Dalton Trumbo. Em seu gesto impulsivo, não percebeu que rasgara a lista negra dos estúdios. O nome expresso de Dalton Trumbo nos créditos desperta o ódio dos anti-comunistas. Na época em que o filme era produzido, ainda perduravam nos Estados Unidos os ecos do macartismo, a tristemente famosa "caça às bruxas" empreendida pelo senador Joseph McCarthy, fanático anti-comunista, no clima da "Guerra Fria". Por coincidência, Howard Fast, o autor do romance, era comunista, estava na lista cinzenta, pois para se isentar das acusações, escrevera uma série de baboseiras patrióticas sobre George Washington e Tom Paine. Porém o argumentista escolhido, Dalton Trumbo, era um dos proibidos de trabalhar em Hollywood, apesar de ser um dos melhores. Depois do episódio, Douglas e Kubrick cortaram relações. Anos depois, ao ser questionado sobre o cineasta, o actor foi incisivo: “Você não precisa ser boa pessoa para ser um génio. Stanley Kubrick é um génio e um idiota”.
Stanley Kubrick olha através da câmara com o director de fotografia Russell Metty (de chapéu) de pé atrás. Foto em wikipedia.org / Filmagem do duelo entre Kirk Douglas (Spartacus) e Woody Strode (Draba), 1959. Foto em www.flickriver.com.
Cenas de Spartacus: duelo entre Kirk Douglas (Spartacus) e Woody Strode (Draba), 1959. / Laurence Olivier (Marcus Licinius Crassus), John Gavin (Julius Caesar) e Charles Laughton (Sempronius Gracchus)nos banhos, 1959. Fotos em LIFE Archive.
Stanley Kubrick durante as filmagens de Spartacus, 1959. Foto em www.taschen.com |
Insatisfeito com a falta de liberdade experimentada em uma grande produção, Stanley Kubrick prometeu a si mesmo que jamais faria novamente um filme em que não tivesse controle criativo total sobre o processo. Deu, então, uma reviravolta definitiva na carreira. Mudou-se para uma casa de campo na Inglaterra, tornou-se um recluso – raramente dava entrevistas, e quase nunca fazia aparições públicas – e assinou um contrato de exclusividade com a Warner. O estúdio, reconhecendo o génio inovador de Kubrick, lhe oferecia carta branca para fazer qualquer filme que desejasse, na época em que desejasse, com o elenco que desejasse. Até o fim da vida, Kubrick jamais trabalharia para outro estúdio, desfrutando de uma liberdade criativa que nenhum outro cineasta de sua época obteve.
(textos: noticias.r7.com, blogdojoao.blog.lemonde.fr e outros da net)
"Spartacus sou eu!", talvez a cena mais emocionante de Spartacus.
Espártaco ou Spartacus em latim
(113 - 71 a. C.)
(In, www.dec.ufcg.edu.br)
Curioso o termo-nos lembrado deste filme no mesmo dia
ResponderEliminarO Rato Cinéfilo