Coisas boas em jornais
Trabalhava como projeccionista na cinemateca quando conheci Antoine Bonfanti, não fazia ideia de quem era, nem do seu trajecto, para mim era um técnico de som a quem a cinemateca prestava homenagem. Lembro um homem simpático com uns olhos penetrantes, que chegava de manhã para visionar filmes e trocávamos algumas palavras, não recordo em que língua mas, talvez em espanholês. Lembro que lhe ofereci um vinil de José Mário Branco que ele agradeceu e dias mais tarde veio ter comigo a dizer que o tinha ouvido e gostado imenso e a partir daí fazia-me imensas perguntas sobre musica e sobre Portugal a que lá ia respondendo como sabia.
"O som certo, a política do som, não se aprende nos livros."
Antoine Bonfanti
Artigo de Vasco Pimentel na revista Grande Reportagem em Março de 1985. Antoine Bonfanti (1929-2006). Corso, engenheiro de som em todas as suas fases, um dos "inventores" do som directo, "A escola do som directo é francesa, disse o engenheiro de som Jean-Pierre Ruh, ela começou com Antoine Bonfanti.". Em 1945, depois da guerra e da Resistência, o jovem corso, começou quase por acidente como operador de som com Jean Cocteau. Trabalhou em mais de 400 filmes em todas as fases da criação de som. Colaborou com muitos dos principais cineastas franceses e estrangeiros, incluindo Jean Rouch, Jean-Luc Godard, Chris Marker, André Delvaux, Alain Resnais, Agnés Varda e muitos outros e também em Portugal onde trabalhou várias vezes.
“Plaquette”, editada pela Cinemateca em 1985. Contem uma extensa entrevista a Antoine Bonfanti feita por Vasco Pimentel e A. Pedro Vasconcelos e uma lista (não exaustiva) dos filmes em que participou.
Antoine Bonfanti captando o som em Polifonias - Paci é saluta, Michel Giacometti (1997) de Pierre-Marie Goulet, um dos últimos trabalhos de Bonfanti em Portugal. Documentário inspirado no seu amigo, também corso Michel Giacometti. Foto encontrada em polifonias-athanor.blogspot.pt
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