Cinema Olympia no início do Sec. XX. Joshua Benoliel.
«O mais distinto cinema da Capital», na altura.
Cinema Olympia, anuncio de 1913.
Já que encontrei mais algum material sobre este velho cinema, decidi reformular um pouco o post e voltar a dar-lhe destaque. Encontrei uns recortes dos anos 60/70 e 80 e um texto sobre as sessões contínuas de «hard-core».
O cinema Olympia ou Olimpia, era uma sala de sessões continuas (dois filmes) e se bem lembro custava 2$50 escudos por volta de 68/69, vi lá dezenas de filmes, geralmente o segundo filme era o mais recente (nesta altura estavam na moda os Hércules, os Macistes e outros do género) e o primeiro filme ou era uma coboiada antiga ou um filme de piratas, por outras palavras era de acção, metia porrada. Lembro-me de ver vários filmes de Errol Flynn, John Wayne e outros que na altura eram os meus preferidos. Entrávamos e estava um filme a decorrer víamos o que faltava e quando nos agradava víamos ainda os dois filmes de seguida (havia um intervalo de 10m depois tocava a campaianha), era uma tarde em cheio. De vez em quando havia uns burburinhos na plateia, nada de especial, alguém se levantava e saía rápidamente antes de ouvir o grito «há p... a bordo». Servia para a tarde ser ainda mais animada.
Em 1972, ainda podia acontecer isto: Dois Clássicos em sessões contínuas.
Uma estreia em 1964 no Olympia, coisa rara e uma "polémica" em 1970
No ano seguinte foram os dois assaltados.
Dinis Machado em frente ao Olympia em 1985.
A reportagem do Se7e com Dinis Machado em 1985.
Cinema Olympia em 1966. Garcia Nunes.
OS MAIS ANTIGOS CINEMAS DE LISBOA, edição da Cinemateca, 1978.
Páginas sobre o Cinema Olympia da autoria de Manuel Félix Ribeiro em:
OS MAIS ANTIGOS CINEMAS DE LISBOA, edição da Cinemateca, 1978.
Páginas sobre o Cinema Olympia da autoria de Manuel Félix Ribeiro em:
OS MAIS ANTIGOS CINEMAS DE LISBOA, edição da Cinemateca, 1978.
A
viragem de 1988
«Ainda há meia dúzia de
anos, o Olímpia, no coração da Baixa
lisboeta, facturava importâncias deveras satisfatórias para os seus
proprietários. Com a fórmula americana no bolso, tinham varrido a concorrência
e, por todo o lado, viam nas salas comerciais da praça sinais de falência.
De facto, funcionando a
25 por cento da sua capacidade, a concorrência, de certo, modo privilegiada no
mercado, quer por benesses fiscais, quer pelos preconceitos das mentalidades,
nem assim se salvava. Soava o clarim das reformas urgentes, da transformação
dos grandes espaços de outrora em pequenas tocas para os que, afinal, gostavam
mesmo de «ir ao cinema»...
No Olimpia, com sessões
contínuas de «hard-core» (porno da
pesada) esgotadas umas atrás das outras, os entusiastas pornófilos
acotovelavam-se em longas bichas, para conseguirem entrada.
Eram magalas de folga,
jovens em fim de adolescência e outros menos jovens encalhados na tal
adolescência onde, ainda, quem sabe, todos os frutos continuam a ser proibidos.
Havia até certos doutores à mistura, caras batidas na TV que, num impulso
irresistível, venciam resistências e abancavam numa coxia, atrás de um
vespertino (durante o intervalo). Pontualmente, nas últimas filas, com
preferência do balcão, uma cara feminina, muito chegada ao parceiro que a
levara àquele antro de tentadora perdição, espreitado em nome da curiosidade. E havia estrangeiros de
férias, e maricas...
VAIVÉM
Uma afluência diária de
cerca de 1500 pessoas preenchia, num vaivém, os 400 lugares do Olimpia, deixando nas bilheteiras uma
facturação bruta anual de seis mil contos.
Agradecido, o então
gerente da Sala, João Reis, que ainda hoje se conserva no seu posto (foi ele,
um dia, o autor da ideia de transformar o Olímpia
num «santuário de porno», para salvar a sala da falência inevitável), elogiava,
assim, o espanhol Lorenzo Pérez, dono da maior distribuidora portuguesa de
filmes «X», importados directamente da pátria do Tio Sam: «Se não fosse ele, íamos por água abaixo!»
MAUS
VENTOS
Em 1988, as coisas
mudam de feição. E de que maneira! No plano da programação, João Reis
introduziu um cocktail de reprises, sabiamente combinadas com uma dúzia anual
de estreias e confessa: «Mesmo com as
reposições, as quebras nas receitas não são assim tão significativas, porque o
preço dos bilhetes subiu e as condições de contrato com a distribuidora
mudaram.»
Com 300 mil
espectadores por ano, o Olímpia só
recentemente voltou a esgotar lotações, exibindo o filme de Cicciolina, «Loucuras de Deputada». Ela
contracenava com John Holmes, o «atleta dos 35 centímetros»...
Depois, o novo mergulho
no marasmo de 200 espectadores por sessão, facturando anualmente dois mil
contos.»
Jornal Se7e
Texto não assinado
18-05-1988
Cinema Olympia em 1960. Arnaldo Maureira.
O Cinema Olympia em 2012. Copiado do jornal Publico.
(Fotos do Arquivo Fotográfico da CML)
É UMA PENA, AQUELE CINEMA TER ACABADO DESTA FORMA, COM A PORCARIA DAS CHAPAS METALICAS QUE SÃO UM ATENTADO Á ESTÉTICA DA CIDADE, E O LÁ FERIA A ABSORVER TUDO O QUE DÁ VIDA Á CIDADE, PARA INSTALAR UM TEATRO COM PEÇAS RIDICULAS. DEIXAVAM ESTAR O CINEMA COMO ESTAVA COM SESSOES CONTINUAS OU MUDAVAM O GENERO DE FILMES! O CENTRO DA CIDADE DE LISBOA NÃO TEM UM UNICO CINEMA, NEM PORNO NEM COM FILMES COMERCIAIS DE HOLLYWOOD! ISTO É UNICO NA EUROPA.
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