domingo, 16 de setembro de 2012

Cinemas onde NÃO vi filmes: O Europa

ou Cinema Europa ou ainda Europa Cinema



Europa Cinema, referido no cartaz do Diário de Lisboa de 20-02-1931 e só 
Europa em 18-12-1936, dizendo no anúncio: "reabertura deste elegante cinema".


Encontrei estas anúncios e consegui saber as datas das fotos, assim decidi dar uma volta no post que, já tinha sido publicado. O primeiro Cinema Europa era chamado em 1931, de Europa Cinema (segundo o cartaz dos cinemas do Diário de Lisboa). E, deve ter começado a funcionar em Fevereiro de 1931 (não consegui saber o dia exacto) mas, creio que deve ter sido pela altura do Carnaval, porque, a primeira vez que aparece no cartaz é logo a seguir. Passado algum tempo (não sei quanto) fechou e voltou a reabrir antes do natal de 1936. Não consegui saber durante quantos anos funcionou mas, sei que voltou a fechar, porque não há referencias no cartaz do Diário de Lisboa durante muitos anos e só voltou a reabrir em Março de 1966, já num edifício novo (o das fotos e que foi destruído). Parece que só se salvou  a "estátua", símbolo do Europa. A certa altura das minhas andanças pelo Teatro do Mundo, fomos parar ás caves do Europa, que nos emprestaram (não sei quem) para fazermos ensaios da peça "Ano IV DC" e por isso conhecia relativamente bem as suas instalações. Nessa altura (1982), o cinema estava já desactivado e acho que as instalações estavam alugadas pela RTP. Nunca lá vi filmes, mas assisti à gravação de vários programas televisivos, principalmente de música. 


Cinema Europa, 1990. Michel Waldmann. 
Foto do Arquivo Fotográfico da CML.


«Com o velho EUROPA da Rua Almeida e Sousa, o cinema Paris foi, de certo modo, a minha escola cinéfila, cliente que de ambos me tornei desde criança. Como todos os cinemas de bairro nas décadas de 50 e 60, o Paris destacava-se, no que diz respeito ao público, por duas características: a familiaridade (local em que quase todos se conheciam e distinguiam logo os «intrusos», vindos de outros bairros) e uma bem vincada (mesmo que não afirmada) divisão social (balcão, plateia de primeira e segunda, da média e pequena burguesia ao proletariado, com a garotada ocupando ruidosamente os lugares mais baratos). Explorando a MGM, o Paris era o centro dos grandes musicais (de Um Americano em Paris a Gigi) e dos filmes com a «rainha das sereias»: Esther Williams. O Europa, através da Warner, «respondia» com a Doris Day. Nos anos 40, o «duelo» travara-se entre Errol Flynn da Warner (Europa) e Tyrone Power da Fox (Paris). Nos anos 50, recordo que os dois ídolos do momento tinham também cada um a sua sala: James Dean da Warner (A Leste do Paraíso, Gigante) no Europa e Marlon Brando da Fox (Viva Zapata, Eles e Elas). Na Páscoa, os filmes eram de temas «religiosos»: ambos nos ofereciam O Rei dos Reis, de DeMille, até à aparição do «cinemascope», com o Paris exibindo, a partir de então, o primeiro filme nesse sistema: A Túnica.» 
Texto de Manuel Cintra Ferreira 
in, Expresso 27-03-2003.

O Cinema Europa por Manuel Félix Ribeiro.


O primeiro Europa de Campo de Ourique


«Esta primeira versão do Europa nada tinha a ver com a que hoje conhecemos. Projectado pelo arquitecto Raul Martins e inaugurado em 1930, esta versão Art Deco tinha uma mistura de clássico e moderno que tornavam este cinema de bairro diferente dos outros, não só pelo seu tamanho como também pela imponente arquitectura da fachada e dos interiores. Um dos elementos retratados era a electricidade, e a sua glorificação como símbolo dos novos tempos, que permitiram o aparecimento do cinema como digno sucessor do teatro. O Europa tinha capacidade para 622 espectadores. Foi demolido no final dos anos 50 para dar lugar a uma sala maior e mais ao estilo dos grandes cinemas dos anos 50 e 60.»
(Texto e foto encontrados em cinemaaoscopos.blogspot.pt)


Esta foto é de Novembro de 1967, que foi quando o filme que está em exibição no Europa; O Ódio Que Gerou o Amor (To Sir, with Love, 1967) de James Clavell,  esteve em exibição entre 11-11-67 e 21-11-67. O filme que está no cartaz à direita, dizendo a seguir; O Segredo da Ilha Sangrenta (The Secret of Blood Island, 1964) de Quentin Lawrence, só estreou no Europa e em Portugal em 23-01-1968. Foto Estúdio Mário Novais e Fundação Gulbenkian.


Esta foto é de Novembro de 1967, que foi quando o filme que está em exibição no Europa; O Ódio Que Gerou o Amor (To Sir, with Love, 1967) de James Clavell, esteve em exibição entre 11-11-67 e 21-11-67. Portanto pode-se concluir, que as fotos do Europa da Fundação Gulbenkian, devem ter sido tiradas todas na mesma altura. Foto Estúdio Mário Novais e Fundação Gulbenkian. 


Anúncio da estreia do filme que está na foto acima e que só durou uma 
semana em cartaz. Era o que geralmente acontecia a este tipo de filmes.


Interiores do Cinema Europa: Foyer. 1967. 
Foto Estúdio Mário Novais e Fundação Gulbenkian.

Isto não era muito frequente no Europa, um anúncio de uma estreia com direito a imagem, geralmente era apenas uma referencia nos jornais. A Rainha Viking  (The Viking Queen, 1967) de Don Chaffey, estreou em 20 Abril 1969. Geralmente as estreias no Europa, depois da inauguração em 1966,  eram deste tipo de filmes.

Interiores do Cinema Europa: Sala. 1967. 
Foto Estúdio Mário Novais e Fundação Gulbenkian.


O novo Europa, foi inaugurado em 28 de Março de 1966 com o III Festival 
de Cinema da Casa da Imprensa. Mas essa história fica para outro post.


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