“PORQUE EU ESCREVO? PORQUE A VIDA NÃO ME SATISFAZ.”
Tennessee Williams
O Dramaturgo Tennessee Williams sentado no cenário da sua peça: Um Eléctrico Chamado Desejo. Na foto da direita: Marlon Brando ajoelhado diante da actriz Kim Hunter em uma cena da produção da Broadway de Tennessee Williams, encenada por Elia Kazan; Um Eléctrico Chamado Desejo. NY, 1947. Eliot Elisofon.
«Thomas Lanier Williams nasceu em 26 de março de 1911 em Columbus (Mississipi, EUA) e foi criado quase que inteiramente pela mãe, já que o pai trabalhava como caixeiro-viajante. Aos 17 anos, mudou-se com a família para St. Louis, e começou a estudar na Universidade do Missouri, onde ganhou o apelido de Tennessee devido a seu forte sotaque do sul. Era o período da Grande Depressão nos EUA, e o jovem enfrentou inúmeras mudanças de endereço e dificuldades com a família, sempre superprotegido pela mãe – e humilhado pelo pai, que o considerava “sensível demais”. Para extravasar suas frustrações, Williams se escondia no quarto para escrever peças, poesias e histórias que reflectiam o ambiente em que vivia. Sua irmã, Rose, sofria de esquizofrenia e passou boa parte da vida internada até ser lobotomizada em 1937, trauma que o dramaturgo carregaria para sempre.
Marlon Brando e Jessica Tandy na produção da Broadway de Tennessee Williams,
encenada por Elia Kazan; Um Eléctrico Chamado Desejo. NY, 1947. Eliot Elisofon.
Marlon Brando, Kim Hunter, Karl Malden e outros na produção da Broadway de Tennessee
Williams, encenada por Elia Kazan; Um Eléctrico Chamado Desejo. NY, 1947. Eliot Elisofon.
O calvário enfrentado pela irmã, a superproteção da mãe, a distância entre pai e filho; essas e outras experiências pessoais povoariam toda a obra de Williams. Em 1938, graduou-se pela Universidade de Iowa, deixando a família para morar na célebre região do French Quarter em New Orleans, onde assumiu de vez o nome Tennessee Williams. Após algumas peças teatrais amadoras e roteiros sem expressão para a MGM, estreou em Chicago a peça (The Glass Menagerie), em Dezembro de 1944, com óptima repercussão. Premiada pela crítica nova-iorquina, a peça foi apenas um prelúdio para o enorme sucesso de (Streetcar Named Desire) na Broadway, em 1947. Com Marlon Brando no papel de Stanley Kowalski, Jessica Tandy no de Blanche DuBois e direção do amigo Elia Kazan, a encenação combinava melodrama, sensualidade e simbolismo, rendendo a Williams seu primeiro prémio Pulitzer – o segundo viria com Gata em Telhado de Zinco Quente.
Geraldine Page como Ariadne Del Lago e Paul Newman como seu amante, Chance Wayne, fumando haxixe juntos em uma cena de Tennessee Williams, da peça da Broadway: Sweet Bird of Youth. NY, 1959. Gordon Parks.
O enorme impacto da versão cinematográfica de (Streetcar Named Desire, 1951), que chegou a sofrer cortes na época, trouxe popularidade a Williams e a peças como A Rosa Tatuada (1951) (escrita especialmente para a amiga Anna Magnani), Gata em Telhado de Zinco (1955), Orpheus Descending (1957), Corações na Penumbra (1959) e A Noite de Iguana (1961), todas adaptadas para o cinema.
Ao expor a hipocrisia da classe média, a loucura humana e a sexualidade sublimada pelas convenções sociais, as peças de Williams chocaram a conservadora sociedade norte-americana dos anos 1940 e 50, ao mesmo tempo em que atraíam o interesse de Hollywood e de uma nova geração às voltas com a revolução sexual em marcha. Em 1963, a morte do parceiro Frank Merlo, com quem vivia desde 1947 em New Orleans, agravou as crises de depressão do dramaturgo que definhava com o alcoolismo e viria a morrer em 25 de Fevereiro de 1983, após uma overdose de comprimidos e bebida. Ao lado de Eugene O’Neill e Arthur Miller, Williams continua a ser um dos maiores nomes da dramaturgia norte-americana.»
Texto encontrado em www.gradesaver.com
Paul Newman falando nos bastidores com Tennessee Williams após a estreia da peça da
Broadway: (Sweet Bird of Youth), Corações na Penumbra. NY, 1959. Gordon Parks.
Tennessee Williams num selo dos CTT americanos.
(Fotos LIFE Archive)
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