quarta-feira, 15 de junho de 2011

Sue Lyon, "a mais «sexy nymphette»"

Texto de

João Bénard da Costa


 Sue Lyon, O Capuchinho a preto e branco.

Stanley Kubrick dando instruções a Sue Lyon em 'Lolita'. 1962.


«Aos 16 anos, Sue Lyon fez uma das mais aparatosas e escandalosas entradas no mundo do cinema quando Kubrick a escolheu para ser a Lolita de Nabokov (62). Versão «soft» do livro? Muito mais aparentemente do que se pensou. Se não está lá tudo, está lá o fundamental.
E se está lá o fundamental é por mérito de Kubrick (num dos melhores filmes da sua irregular carreira) e por mérito das geniais criações de James Mason, Shelley Winters e Sue Lyon que foi a mais «sexy nymphette» que Hollywood inventou depois de Carroll Baker, a do Baby Doll. era mais velha do que a Lolita do livro, mas era mais velha do que a Lolita do livro, mas era tão inocentemente perversa (ou tão perversamente inocente) como ela e tudo o que tinha de ser elipse era fulgurante e visível no corpo dela.

Lolita de Stanley Kubrick. 1962.

Lolita de Stanley Kubrick. 1962.

Lolita de Stanley Kubrick. 1962.

Lolita de Stanley Kubrick. 1962.

Por mim (inocente ou perverso, escolham) nunca mais me consegui esquecer do plano em que ela bebia pela palhinha (coca-cola, evidentemente) da sequência em que pergunta a Mason se eles, os adultos, não brincam, como lá no colégio, aos pais e às mães, ou da entrada no hotel (o olhar para Mason, quando este a declara como filha) ou do cerco no automóvel quando já combinou umas «coisas» com Peter Sellers.


Lolita de Stanley Kubrick. 1962.

Cartaz de Lolita de Stanley Kubrick. 1962.

Dois anos depois era igualmente fabulosa em The Night of the Iguana (John Huston, 64) em nova «nymphette» (desta vez de Tennessee Williams) a compensar generosamente Richard Burton das «decrépitas» Ava Gardner e Deborah Kerr. não tinha «o sexo estampado na cara» (como Gardner, entre tantos copos ainda tinha) não tinha o sexo estampado na glândula pineal (coisas para Deborah Kerr que lhe explicavam o fetichismo) mas tinha o sexo estampado onde é suposto estar (convenientemente distribuído) e mais por anatomias do que por heteronimias, dava as cartas que tinha que dar.


Sue Lyon e Richard Burton em The Night of the Iguana de John Huston. 1963. Gjon Mili.

John Huston falando com Sue Lyon durante a rodagem 
de  The Night of the Iguana.  1963. Gjon Mili.

Outros dois anos mais (já estava nos 20) e foi Emma a jovem noviça (se lhe quiserem chamar assim da Missão Chinesa de Seven Women de John Ford. E tenho cá para mim que quase tudo o que fazia Margaret Leighton odiar Anne Brancroft (e vice-versa) passava pelo tenro corpo dela. Com Margaret Leighton até um puritano como Ford tornava «isso» explícito. Com Brancroft é menos. Mas se repararem bem...
Falei de três filmes e neles cabe - ou coube Sue Lyon inteira. (...) Aos 32 anos desapareceu. Hollywood explicou esse afundamento com os habituais «personal problems». 


Sue Lyon à esq. Margaret Leighton ao centro e  Anne 
Brancroft a fumar em Seven Women de John Ford, 1966.

Tinham feito tudo para lhos arranjar. E aos 32 anos ninguém é Lolita. E para ser a  mãe de (Shelley Winters) faltava-lhe tudo o que essa tinha, que aliás também não começou mais velha do que ela. Por aqui e por ali, ouvi detalhes pícaros ou sórdidos. Não me vou demorar neles. Nos «sixties» como Lolita, em Acapulco, ou na China, foi o suficiente para não mais ser esquecida. E, a seu modo, ficou como um dos símbolos dessa década. 

João Bénard da Costa, em Dicionário, 
Catálogo do Cinema Americano dos Anos 50, 
Editado pela Fundação Gulbenkian, Lisboa 1981



Capa do catálogo do Cinema Americano dos Anos 50.

Trailer de Lolita de Stanley Kubrick, 1962.



 (Fotos LIFE Archive e as outras foram encontradas na Net)



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