(Dedicado ao Nuno)
Marlon Brando, com o guião do filme, durante as filmagens de O Desesperado (The Men, 1950) de Fred Zinnemann. Van Nuys, Los Angeles. 1949. Edward Clark.
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Marlon Brando conversando com Fred Zinnemann. Van Nuys, Los Angeles. 1949. Edward Clark.
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O primeiro filme de Marlon Brando foi, O Desesperado (The Men), de 1950 e foi também o primeiro filme em que teve o principal papel e foi quase sempre assim. Foi dirigido por Fred Zinnemann, um dos mais respeitados cineastas do cinema americano.
«O filme, com argumento de Carl Foreman e música de Dimitri Tiomkin, tem como tema uma das várias cicatrizes deixada pela 2ª Guerra Mundial, episódio caro à sociedade americana. Dessa vez, os efeitos colaterais causados pelo conflito rebatem no drama de soldados paraplégicos, entre eles o rebelde e revoltado tenente Ken Wilcheck (Brando), que não se conforma com sua nova situação.
Internado no Clube de Campo, o recanto dos Veteranos Paralíticos da América, como ironiza um dos pacientes, ele tem a assistência do experiente e realista Dr. Eugene Brock (Everett Sloane). Deprimido, tenta retomar sua vida normal de civil junto com a namorada Ellen (Teresa Wright). Mas as dificuldades do dia a dia e os olhares de auto-piedade de desconhecidos, faz com que, amargurado e inseguro, volte ao hospital.
Marlon Brando, praticando com a cadeira de rodas perante o riso de verdadeiros paraplégicos. Van Nuys, Los Angeles. 1949. Edward Clark.
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Directo, realista e extremamente contundente, esse drama regista nos mínimos detalhes o talento do grande director Fred Zinnemann, um profissional que tinha grande habilidade tanto em extrair actuações memoráveis de seus actores, como em humanizar temas espinhosos, como o adultério, o alcoolismo, a perda da fé e, neste caso, a tragédia dos heróis de guerra.
Fred Zinnemann, austríaco de nascimento, utiliza de forma extremamente inteligente e sensível os dramas subentendidos retirados da 2ª Guerra mundial para traçar enredos pungentes, cheio de conflitos existenciais. A guerra, (apenas um adereço decorativo), mas não menos fundamental, surge como pano de fundo essencial para conflitos perturbadores. No caso de O Desesperado (The Men), não há como não perceber a velada crítica do argumentista Carl Foreman (um dos melhores) ao governo do seu país, que parece tratar de forma secundária o problema social desses heróis “paralisados”, mas também ao cinismo que perpassa às pessoas que nos cercam quando deparam com uma realidade que foge das suas preocupações burguesas.
Fred Zinnemann, Teresa Wright e Marlon Brando, durante as filmagens de O Desesperado (The Men, 1950) de Fred Zinnemann. Van Nuys, Los Angeles. 1949. Edward Clark.
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A cena em que um veterano da 1º Guerra Mundial trata Ken e o amigo Leo (Richard Erdman) como marginalizados, meros mendigos de guerra é de uma virulência pungente. Também é extremamente angustiante ver Brando quase os 90 minutos do filme sentado numa cadeira de rodas. Mas confiante da sua actuação o jovem actor esbanja talento a reboque de uma personagem tão rica de nuances dramáticas.
Claro que O Desesperado (The Men), está longe de ser uma de suas melhores performances no cinema, mas trata-se de uma estreia emblemática, de peso, retumbante. E, evidentemente, já exibindo aos olhos encantados do mundo, a eterna beleza que o consagraria.»
(Texto de luciointhesky.wordpress.com)
Marlon Brando. Van Nuys, Los Angeles. 1949. Edward Clark. |
Marlon Brando a falar com a avó, Elizabeth Myers (que devia viver perto do local de filmagens), que diz dele "é teimoso como uma mula, mas sincero". Van Nuys, Los Angeles. 1949. Edward Clark. |
Marlon Brando. Van Nuys, Los Angeles. 1949. Edward Clark. |
Marlon Brando, em ensaios de O Desesperado (The Men, 1950) de Fred Zinnemann. Van Nuys, Los Angeles. 1949. Edward Clark.
Marlon Brando, durante as filmagens de O Desesperado (The Men, 1950) de Fred Zinnemann. Van Nuys, Los Angeles. 1949. Edward Clark. |
Marlon Brando na casa da avó, Elizabeth Myers. Van Nuys, Los Angeles. 1949. Edward Clark.
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Marlon Brando (1924-2004)
(Fotos de Edward Clark e LIFE Archive)
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