Outras Loiças

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

GRIFFITH E AS CENSURAS CORRETAS


Texto de
João Bénard da Costa




A filmografia de D. W. Griffith em imagens. De 1908 a 1951, 535? filmes. 
Carregado por MoviePosterMM em 26/04/2011.


1 - A Cinemateca conserva muitos cortes de censura. Ou seja, muitos rolinhos de pedacinhos de filmes (em certos casos, rolos e pedaços) que os censores, antes do 25 de Abril, cortaram em inúmeros filmes, quando achavam que estes genericamente podiam ser vistos, desde que expurgados de certas cenas mais inconvenientes. Há cinco anos, Manuel Mozos fez um notável trabalho de montagem desses cortes, o que permitiu mostrá-los.

Os espectadores dessas sessões, como possivelmente os leitores desta crónica, ouvindo falar de “cenas inconvenientes”, punham-se a pensar coisas. Do género daquela deliciosa frase, inventada depois do 25 de Abril, “cenas eventualmente chocantes”. Preparavam-se para indecências ou esquerdices. Enorme foi o espanto deles quando depararam com imagens que hoje fazem parte do cotidiano deles, já não digo cinematográfico mas televisivo: um decote mais ousado, uma rapariga mais brejeira, uma maminha de fora, um actor português mais lúbrico a atirar com uma mulher para a cama e a dizer-lhe ofegante: “Madalena, hás-de ser minha.” Ou um padre a conversar com um comunista, uma referência a uma greve ou a um soldado desertor.

A gente mais nova ficava abismada: “Era isto que eles cortavam?” Riam-se muito e não queriam acreditar. Ou perguntavam que era feito dos outros, os cortes que esperavam ver e não lhes oferecíamos. Ignoravam que, até finais dos anos 50, as indecências já não existiam na origem, se os filmes eram americanos e que mesmo nos filmes europeus, mais liberais em política e em costumes, havia conta, peso e medida. De 54 até 74 mais coiso menos coiso, foi-se mudando? Foi-se. Mas ou se mudou tanto que o filme nem cá chegava, ou mesmo essas mudanças, ousadíssimas nessas revoltas décadas, já são hoje tão banais que não contam conto nem acrescentam ponta. A censura, em vez de provocar asco, provocou risota. Sociologicamente era interessante. Nem mais nem menos.

Avanço no tempo. Lembram-se daqueles filmes, “libertados” depois do 25 de Abril e que esgotaram centenas de dias os milhares de lugares de salas que ainda os tinham? Género: O Último Tango em Paris? Hoje, os nascidos depois de Abril nem estremecem e acham a coisa tremendamente chata e tremendamente pretensiosa, o que de resto até é.

A censura é de antanho? Em sexo e em política parece sê-lo, embora haja ainda reputações duvidosas (Catherine Breillat ou Vincent Gallo) que inspiram nas “sequências que vocês sabem”, como deliciosamente dizem os Cahiers a propósito de The Brown Bunny do citado Gallo. “Les cinq minutes crues”. Mas só funcionam porque, muito hipocritamente, os realizadores se distanciam delas para parecerem o que não são e não serem o que parecem.

Poucos reparam, porém, que fora dessas zonas de clássico interdito, inocências de antigamente seriam hoje tesouradas por toda a gente e em toda a parte, com a mesma admirável boa consciência de dever cumprido que foi sempre a dos censores. Invocá-las como exemplo de censura, provavelmente, arrepiará tanta gente como há cinquenta anos arrepiaria se se mostrassem as tais “sequências que vocês sabem”.


 Cartazes do filme The Birth of a Nation, (O Nascimento de uma Nação, 1915), 
de D. W. Griffith, encontrados na net.



2 - A primeira vez que pensei nisto mais a sério foi há um bom par de anos, quando, num congresso de cinematecas, se exibiram diversos filmes publicitários, desses que, quando eu era imberbe, antecediam o filme propriamente dito.

Um desses filmes publicitava os cigarros Camel. Como era do uso, tinha uma pequena história para levar a água ao seu moinho. Qual era a história? A de um pai de família particularmente irascível. Chegava a casa e desatava aos berros com a mulher e a distribuir bofetões pelos filhos. Um dia caiu nele. Aquilo não era vida que se levasse. Abriu-se com um amigo. Este ouviu-o e perguntou-lhe: “Tu fumas?” “Não”, respondeu o dos maus fígados. “Então experimenta estes cigarros (grande plano de um maço Camel) e vais ver como essa irritabilidade te passa.” Cena seguinte: casa do nosso homem. Maço de Camel. Esparreirado num maple, entre baforadas de fumo, afagava a mulher e beijava os pequenos. Sorria, beatificamente. Uma voz off comandava: “Faça como ele. Fume Camel.”

Um tal filme, que, nesses tempos, fumadores e não-fumadores viam com o mesmo bocejo com que hoje os teenagers vêem a margarina de Marlon Brando, seria autorizado agora em qualquer cinema ou em qualquer televisão? Quem me responder que graças a Deus que não (a humanidade e a ciência evoluíram) pense só um segundo se não foi sempre essa a justificação para qualquer censura. Estão a tomar conta de mim? Salazar também estava. Se me explicarem a diferença, agradeço.





O filme mencionado por João Bénard da Costa: The Mistery of the Leaping Fish de John Emmerson (1916) com Douglas Fairbanks, e argumento de Tod Browning. A música é de Kevin MacLeod. Carregado por TheVideoCellar em 28/10/2011.


E não vou tão longe que vos lembre um filme de John Emerson de 1916, com Douglas Fairbanks no protagonista e argumento de Tod Browning, que, nos anos 80, para minha grande surpresa, esgotou a lotação da Cinemateca num ciclo dedicado a Tod Browning. Chamava-se The Mistery of the Leaping Fish e contava as aventuras de um detetive chamado Coke Ennyday. Quem estranhasse o nome era logo esclarecido no início, quando o sujeito aparecia com um frasco de coca (a palavra cocaína em letras convenientemente garrafais). Era um detective de altos e de baixos. Quando estava em alto era imbatível. Quando em baixo deixava-se vencer pelo mais inapto amador. Mas como o Poppeye dos desenhos tinha uma receita infalível para recuperar a forma. Não eram os espinafres, era o pó. Snifava um bocadinho e não havia mistério que não resolvesse, mesmo o do peixe saltador. Em 1916, era provavelmente um filme cómico, próprio para gente de todas as idades. Nos anos 80, tornou-se (em Lisboa pelo menos) um filme de culto. Se tivesse estreado numa sala ou passado na televisão, imaginem a berraria.



Capa do catálogo da Cinemateca do Ciclo D. W. Griffith de 2004.

3 - Mas se me puxou o pé para esta conversa foi porque começou hoje, na Cinemateca, uma muito aguardada retrospectiva Griffith. Começou com um dos seus filmes mais famosos: The Birth of a Nation (1915), de que é costume dizer-se que marcou o nascimento de uma arte e de uma indústria. A arte do cinema, nunca antes elevada a tais píncaros e que raramente os conheceu tão altos no futuro. A indústria cinematográfica, pois que foi o primeiro filme que, com uma duração de 3 horas e 5 minutos e o custo, inacreditável para a época, de 110 mil dólares, rendeu de lucro líquido 4 milhões de dólares, coisa de fazer empalidecer de raiva os nossos lusos aprendizes de indústrias de hoje, que para aí andam na vozearia do costume.

Foi também o primeiro filme que pôs meia América a discutir com outra meia, pois que o ponto de vista de Griffith, sobre o que aconteceu nos estados do Sul após a Guerra da Secessão, horrorizou liberais e deleitou reaccionários. Chamaram-lhe racista, chamaram-lhe tudo. Griffith publicou em sua defesa um manifesto chamado The Rise and Fall of Free Speech in América, mas passou o resto da vida a tentar redimir-se da tenebrosa fama que os progressistas americanos lhe arranjaram.

Muita água correu sob as pontes. Filmes mudos deixariam de ser vistos. Griffith terminou a carreira em 1931 e morreu em 1948. O escândalo de The Birth of a Nation parecia bem sepultado.

Mas, nos anos 70, esses filmes julgados inválidos para o comércio reapareceram em deslumbrantes restauros e foram relançados com pompa e circunstância e acompanhados por orquestras ao vivo, como se usava quando foram feitos. Tudo muito bem, já que era quase unânime a aceitação de genialidade de Griffith, ou de Griffith “como o maior”, até que se chegou a The Birth of a Nation. E, quando se anunciou que o filme ia ser reposto com o mesmo aparato, caiu o Carmo e a Trindade, ou seja, as comunidades negras norte-americanas. Recuperar essa monstruosidade racista, esse filme com brancos pintados de preto, só bons quando apatetados e vilões quando de vara na mão? A polémica de 1915 reacendeu-se em 1985 com muito mais estrépito e com muito mais ódio. A tal ponto que nenhuma Cinemateca americana ousou apresentar o filme em versão concerto, apesar de ser dos raros casos em que a partitura original se conservou.


Cena do filme The Birth of a Nation, (O Nascimento de uma Nação), 
de D. W. Griffith (1915), encontrada em wikipedia.com.

A primeira vez em que o filme foi assim mostrado foi em Portugal (Lisboa e Porto) em 1995. Não acreditam? Juro-vos que é verdade. E mesmo assim, a maestra americana - Gillian Anderson - que recuperou a partitura e, com a ajuda do britânico Nicholas McNair, a executou no CCB e no Carlos Alberto, achou-se no dever de preceder tão históricas sessões com um discurso em que disse que, ao rever o filme, não podia calar a sua repulsa e o seu nojo perante tão repugnante racismo, que devia merecer de todos a mesma visceral condenação. Não discutia que The Birth of a Nation fosse uma obra-prima, mas era uma obra-prima maldita devido à danada ideologia do seu autor.

Ou seja, quase 90 anos depois da estreia mundial (essa estreia que tão comoventemente Peter Bogdanovich recriou em Nickelodeon) “o filme em se que fundou uma arte” continua a ser, pelo menos na América, um filme proscrito e um filme censurado.

Na altura, zanguei-me a sério com a “maestrina”. E perguntei-lhe que pensava ela do género por excelência do cinema americano, o western, onde os índios são sempre maus e os cowboys são sempre bons. Respondeu-me que índios já os não havia e os negros estavam no Governo americano e, mais dia menos dia, na Casa Branca. Não se deu conta que a resposta fundamenta a censura. Hoje, como ontem, arma de todas as correcções contra todas as incorrecções.

Mudam estas, não mudam aquelas. Estou a dar vivas ao Ku-Klux-Klan? Se é isso que pensam, absolvam depressa os coronéis da Rua da Misericórdia. Eu, por mim, tenho tão pouca misericórdia por eles como pelos que me querem fechar os olhos para a cavalgada final de Lillian Gish e Henry B. Walthall, rodeados por embuçados de branco no nascimento de uma nação.

João Bénard da Costa - 2004

Texto encontrado em www.focorevistadecinema.com.br



The Birth of a Nation, (O Nascimento de uma Nação), originalmente chamado de The Clansman, é um filme de 1915 dirigido por D. W. Griffith e baseado no romance "The Clansman", de Thomas Dixon. D. W. Griffith, co-escreveu o argumento (com Frank E. Woods ), e co-produzio o filme (com Harry Aitken). O filme estreou em 8 de fevereiro de 1915. No youtube encontra todo o filme se o quiser ver. Carregado por asimranibrahimi em 11/12/2010.





quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A BURRICADA

por

Alexandre O'Neill
(In, jornal A Capital)


Coisas Boas em jornais




Alexandre O'Neill (1924-1986) 
FAÇO  avançar a lombo de burro o dr. Crispiniano, a lombo de burro e com uma taça de champanhe na mão. O caso passou-se no Marão, era eu um lamentável lingrinhas, primo-pobre de boa família. A burricada desembocara em farto almoço que nos esperava, toalhas na relva, na Fonte do Mel, e fora a pretexto dos anos duma senhora chamada D. Adozinda. Parece que entre o dr. Crispiniano e a D. Adozinda (bonitões setentões!) houvera rumores cardíacos muitos anos atrás. O dr. Crispiniano (seria por isso? ) não quis desburicar, isto é, deixar o pobre do animal coçar as mataduras nos calhaus e no tojo como os seus companheiros, enquanto nós, os humanos, almoçávamos.
Do alto do burro, com as biqueiras das botinas a roçagarem a relva, o dr. Crispiniano lançou chistes, piropos, respondeu a graças, enquanto comia e bebia. A prazenteira D. Adozinda estava coradita e não fazia senão rir com as "maluqueiras do caro Crispiniano". O burro, ia revezando os pés como paciente cadeira.
Chegaram as saúdes, saltaram as rolhas. O dr. Crispiniano, taça ao alto, afagou o pescoço do burro, pediu muita atenção, cogitou uns momentos e "desimprovisou-se" com fluência e garbo:

Penso e repenso,
puxo e repuxo.
Teu nome, Adozinda,
é um soberbo luxo!

Foi aí que o burro disparou. O dr. Crispiniano, espantalho movente, ainda aguentou cinquenta metros de corrida naquela desembestada charneira. Depois caiu e fez plof, como nas histórias de quadradinhos.
Esteve um mês de perna gessada.


A BURRICADA por Alexandre O'Neill (In, jornal A Capital, 05-07-1972)



terça-feira, 28 de agosto de 2012

Cinemas onde vi filmes: Cinema Império


O Cinema Império foi inaugurado em 24-05-1952 com o filme, O Preço da Juventude (La beauté du diable, 1950) de René Clair.


O Cinema Império em 1952. A identificação do ano da foto foi possível porque na foto consegue-se ler o nome do filme, O Preço da Juventude (La beauté du diable, 1950) de René Clair, filme que inaugurou o cinema. Foto Estúdio Horácio Novais e Fundação Calouste Gulbenkian.


Aqui foi onde vi o meu primeiro filme numa sala, aí por 61/62 (tinha 7/8 anos), numa ida organizada pela Câmara Municipal (não sei se terei sonhado isto) e logo que filme: O Garoto de Charlot (The Kid, 1921). O Império tinha no interior uma sala mais pequena chamada Estúdio, que foi inaugurada em 30-10-1964, com o filme de Jacques Demy, Os Chapéus de Chuva de Cherburgo (Les parapluies de Cherbourg, 1964), mas só lá fui uma vez. Fui ao Império muitas vezes, tinha um écran do tamanho de Lisboa, uma vez só havia bilhetes para a primeira fila e sai de lá com dores de pescoço e a queixar-me de que só vi uma parte do filme. Actualmente o cinema Império passa outros filmes: está prisioneiro da IURD. 
Já tinha publicado este post, mas, entretanto a Fundação Calouste Gulbenkian, disponiblizou umas fotografias maravilhosas do Império e decidi refazer o post e colocar aqui as fotos para todos.


Anuncio no Diário de Lisboa, da Inauguração do Cinema Império em 24-05-1952. 

 O Cinema Império em 1952. A identificação do ano da foto foi possível porque na foto consegue-se ler o nome do filme, O Preço da Juventude (La beauté du diable, 1950) de René Clair, filme que inaugurou o cinema. Foto Estúdio Horácio Novais e Fundação Calouste Gulbenkian. E, noticia no Diário de Lisboa dois dias depois da estreia com algumas informações importantes, tal como o nome do autor do painel interior.


O Cinema Império 1952/1957. Arrisco estas datas porque identifiquei algumas fotos da série da Gulbenkian (fachadas onde tinha o nome dos filmes). Fotos Estúdio Horácio Novais e Fundação Calouste Gulbenkian.


O Cinema Império 1952/1957. Arrisco estas datas porque identifiquei algumas fotos da série da Gulbenkian (fachadas onde tinha o nome dos filmes). Fotos Estúdio Horácio Novais e Fundação Calouste Gulbenkian.



CINE-TEATRO IMPÉRIO

«O edifício foi projectado pelo arquitecto Cassiano Branco em 1947 e, inaugurado em 1952. Este edifício é de traço arquitectónico modernista e estrutura-se através de planta rectangular, de bloco único, cujo alçado principal, virado a norte é definido por uma ampla estrutura envidraçada. A decoração da fachada apresenta linhas verticais coroadas por esferas armilares, em ferro forjado. O interior é composto por corredores de passagem que fazem a ligação entre os três pisos e a sala de espectáculos. A responsabilidade da arquitectura de interiores foi de Frederico George. A destacar a linguagem plástica modernista existe um painel cerâmico de Jorge Barradas, que decora o restaurante/café. O responsável pela arquitectura do café foi Raul Chorão Ramalho. Este cinema foi desactivado nos anos 90. Em 1996 foi classificado como Imóvel de Interesse Público.» (In, revelarlx.cm-lisboa.pt)


O Cinema Império em 1957. A identificação do ano da foto foi possível porque na foto da direita, consegue-se ler o nome do filme, Com Quem Andam as Nossas Filhas (Con quién andan nuestras hijas, 1956) de Emilio Gómez Muriel que estreou em portugal em 10-07-1957. Fotos Estúdio Horácio Novais e Fundação Calouste Gulbenkian.


O Cinema Império 1952/1957. Arrisco estas datas porque identifiquei algumas fotos da série da Gulbenkian (fachadas onde tinha o nome dos filmes). Fotos Estúdio Horácio Novais e Fundação Calouste Gulbenkian.


O Cinema Império 1952/1957. Arrisco estas datas porque identifiquei algumas fotos da série da Gulbenkian (fachadas onde tinha o nome dos filmes). Fotos Estúdio Horácio Novais e Fundação Calouste Gulbenkian.


O Cinema Império 1952/1957. Arrisco estas datas porque identifiquei algumas fotos da série da Gulbenkian (fachadas onde tinha o nome dos filmes). Fotos Estúdio Horácio Novais e Fundação Calouste Gulbenkian.

Painel de João Fragoso, representando uma interpretação de Lisboa, segundo o Diário de Lisboa. O Cinema Império 1952/1957. Arrisco estas datas porque identifiquei algumas fotos da série da Gulbenkian (fachadas onde tinha o nome dos filmes). Fotos Estúdio  Horácio Novais e Fundação Calouste Gulbenkian.

O Cinema Império 1952/1957. Arrisco estas datas porque identifiquei algumas fotos da série da Gulbenkian (fachadas onde tinha o nome dos filmes). Fotos Estúdio Horácio Novais e Fundação Calouste Gulbenkian.


O Cinema Império 1952/1957. Arrisco estas datas porque identifiquei algumas fotos da série da Gulbenkian (fachadas onde tinha o nome dos filmes). Fotos Estúdio Horácio Novais e Fundação Calouste Gulbenkian.


O Cinema Império em 1953. A identificação do ano da foto foi possível porque na foto consegue-se ler o nome do filme, História de um Detective (Detective Story, 1951) de William Wyler que estreou em portugal em 18-012-1953. Fotos Estúdio  Horácio Novais e Fundação Calouste Gulbenkian.

Anuncio da estreia de O Estrangeiro de Luchino Visconti (1946), 
que esteve proibido pela censura durante 22 anos.


A sala Estúdio do Cinema Império

foi inaugurada em 29-10-1964


Embora o anuncio diga que a estreia é dia 30, no dia 29 houve uma ante-estreia e isso é que conta.

Noticia no Diário de Lisboa sobre a ante-estreia.

Anuncio de O MELHOR FILME DE TODOS OS TEMPOS, 
com a lista dos dez mais da SIGHT AND SOUND.

Anuncio do filme António das Mortes de Glauber Rocha  
e como complemento Las Hurdes de Luís Buñuel.


Cinema Império, Imóvel de Interesse Público para quê?

"O Cinema Império, na Alameda D.Afonso Henriques, é Imóvel de Interesse Público desde 1996, e, portanto, está classificado e protegido por lei das tropelias várias que eventuais donos sem escrúpulos queiram fazer, etc., etc. mas no caso do Império isso significa ser o exemplo acabado de como em Portugal há uma maneira muito peculiar de se entender o que significa ser "classificado e protegido". O que eu vi ontem no Império, por entre gritos de "aleluia!", de pastores e plateia histéricos, e a dízima obrigatória de final de sessão, foi um Império completamente desvirtuado, por fora e por dentro daquela magnífica sala de gaveto, de planta assaz enviesada, fruto do traço modernista de Cassiano Branco, de finais dos anos 50."
(Por PF em 03-11-2005, cidadanialx.blogspot.com) Ler Aqui



Local onde foi construído o Cinema Império, entre a avenida Almirante Reis, a alameda de Dom Afonso Henriques e a rua Quirino da Fonseca. Foto de antes de 1952 do Arquivo Fotográfico da CML.

A IURD em acção, um filme há demasiado tempo em cartaz. 
Foto iurdenderecos.files.wordpress.com



segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A Sic vai fazer 20 anos (6)


«O primeiro passo está dado, o aparecimento da SIC. Mas ainda 
falta dar outro passo, que é o desaparecimento da RTP»

Paulo Portas, depoimento nas emissões experimentais da SIC, in O Jornal, 09-10-1992.



Convém sempre saber o contexto em que as coisas são ditas mas, em 2012 tem a sua graça.


As emissões experimentais da SIC em 1992.


Noticias dias antes de 6 Outubro 1992.

Cartoon de Rui publicado em O Jornal.

Emídio Rangel e Tomás Taveira.

Anúncio da RTP, publicado nos jornais.



«Não liguei a televisão. Descobri que quando a gente 
está mal, essa filha da puta só faz a gente se sentir pior.»
(Charles Bukowski)






domingo, 26 de agosto de 2012

Tony Linck - Fotógrafo da LIFE


Anthony Linck fotografado junto do edifício Time Life 
em Nova York,  EUA, 1945, William C. Shrout.


Olá, Anthony Linck

«Eu conheci Anthony Linck de uma forma bastante estranha. Minha esposa e eu estávamos num evento semanal, o Leilão de Bridge Street em Plattsburgh, NY. Foi no início de 2005, eu sinceramente não me lembro o mês exacto (...). Nós estávamos examinando todas as coisas que eram para serem leiloadas nesse dia. Entre eles, coisas pessoais como era costume. A maior parte do leilão desse dia parecia ser coisas de fotografia. Toda uma variedade de coisas. Havia caixas de slides, todos rotulados. Caixas e caixas de impressões, de todos os tamanhos. Negativos,  câmaras antigas. E grandes estampas estilo poster, a maioria com títulos presos na parte de trás. Todos os itens de fotografias tinham um nome em comum. A. Linck. 


Uma das três fotos de que fala o texto, encontrada em 3warthogworries.blogspot

Na época, eu não tinha ideia de quem A. Linck tinha sido. Fiquei impressionado com certeza. Era óbvio que ele foi um grande fotógrafo. As imagens que passavam diante de meus olhos, que eu tinha visto antes do leilão começar, eram variados no assunto e localização. A maioria das imagens eram imagens da LIFE Magazine. Crianças brincando, ruas de bairro, pessoas, camiões de bombeiros, aviões, coisas de acção, como desportos e incêndios. Havia outros, mais antigos. Desde a Segunda Guerra Mundial. Navios, soldados, veículos, aviões de guerra. Era tudo o que eu amava. Eu gostaria de poder ter estado lá. Eu estava definitivamente a cobiçar tudo. Quando o leilão começou, eu estava em muitos dos lotes. Infelizmente, os lotes eram extremamente grandes. Fiquei muito decepcionado, porque não tinha dinheiro para competir com os negociantes de arte e antiguidades que estavam no leilão. Eu tinha moedas e moedas, eles tinham notas de cem dólares. Mas, consegui comprar 3 fotos (...). 


Uma das três fotos de que fala o texto, encontrada em 3warthogworries.blogspot

Naquele dia, aprendi um pouco sobre o Sr. Anthony Linck. Em poucas palavras, ele nasceu em 1919 no interior de NY. Adorava aviões, fotografia e de voar, em Mooney, em particular. Ele foi um fotógrafo da LIFE Magazine (1945-1954). Depois foi freelancer, fazendo fotografia industrial. Era casado com uma rapariga chamada Marie, em 1950, que morreu (2004) nove meses antes dele. É uma vida longa, e foi uma grande pilha de fotos que eu vi naquele dia. Fiquei triste porque ninguém na sua família queria as coisas que ele tinha deixado para trás. Mas que, infelizmente, é comum ver lá no leilão. Eu estava feliz porque estava lá naquele dia. Descanse em paz Tony, foi bom ter conhecido você.» 
10-10-2011 - Texto (excerto) encontrado em warthogworries.blogspot.pt


Uma das três fotos de que fala o texto, encontrada em 3warthogworries.blogspot

Crianças brincando em Camden Street. Dublin, Irlanda, 1948, Tony Linck. E, um miúdo batendo com os pés no chão para aquecê-los, enquanto olha para uma montra cheia de comida. Varsóvia, Polónia, 1947, Tony Linck.


Multidão correndo à frente dos touros durante a Fiesta de San Fermin. Pamplona, Espanha, 1947, Tony Linck. E, multidão enchendo o mercado de animais de estimação em Londres. Reino Unido, 1946, Tony Linck.


Fogos de artifício explodindo durante a Fiesta de San 
Fermin. Pamplona, Espanha, 1947, Tony Linck.

O grande campeão francês Marcel Cerdan, 
praticando os seus movimentos. 1948, Tony Linck.

Homens correndo à frente dos touros durante a Fiesta de San Fermin e o grande toureiro Manolete durante uma das várias corridas que ocorrem durante as festas de San Fermin. Pamplona, Espanha, 1947, Tony Linck. 


Convívio nas ruas de Pamplona durante a Fiesta de 
San Fermin. Pamplona, Espanha, 1947, Tony Linck.

Meninos segurando cães dentro de seus casacos no mercado de animais de estimação em Londres. Reino Unido, 1946, Tony Linck. E, mulher pendurando roupa num bairro pobre. Dublin, Irlanda, 1948, Tony Linck.


Marinheiros dos EUA a relaxar à sombra. Creta, Grécia, 1947, Tony Linck.

 Nevoeiro em Londres. Inglaterra, 1947, Tony Linck.


Pessoas andando por Dublin à chuva. Dublin, Irlanda, 1948, Tony Linck. E, marinheiro dos EUA recebe uma oferta de uma prostituta no bairro vermelho de Istambul. Turquia, 1947, Tony Linck.



 Rita Hayworth junto do casino de Monte Carlo. Mónaco, 1947, Tony Linck


Pessoas e carros em uma rua de Dublin. Irlanda, 1948, Tony Linck.

Um menino e sua avó olhando sem esperança e uma criança órfã vivendo com os avós em um prédio bombardeado. Varsóvia, Polónia, 1947, Tony Linck.


Homem vendendo cães no mercado de animais de 
estimação em Londres. Reino Unido, 1946, Tony Linck.


(Fotos de Tony Linck e LIFE Archive)