Outras Loiças

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Futebol no Campo Grande em Lisboa

Estádios do Campo Grande


Lembro-me de em miudo ter visto alguns jogos neste campo cujas bancadas eram todas em madeira e se bem me lembro de ter assistido aqui à estreia do irmão do Eusébio pelas reservas do Benfica. Havia ainda um outro campo de futebol construido nos anos  50, o do CIF (Clube Internacional de Futebol) mas, essa história fica para outra altura.

Em primeiro plano os campos de futebol do Benfica (na altura). Ao fundo
o Estádio de Alvalade ainda em construção nos inícios dos anos 50.
Foto encontrada no jornal da praceta. 


O Campo Grande foi desde finais do século XIX, o principal local da cidade Lisboa onde se realizavam importantes competições desportivas de automóveis, atletismo, ciclismo, motociclismo, hipismo, tiro, futebol e até provas de aviação.

Corrida de automóveis organizada pela Fiat nos inicios do século XX. 


Entre 1906-1917, o clube dos "leões" fixou-se no sítio das Mouras (Alameda). O local era propriedade do Visconde de Alvalade. De 1917 a 1937, o Sporting alojou-se no Campo Grande com contrato de arrendamento. Em 1937, o Sporting passa então para o Stadium de Lisboa, onde permaneceu até 1947.

Antigo estádio do Sporting Clube de Portugal.  Este 
foi o primeiro campo e a sede do SCP em 1907. 


A história do Sporting está ligada ao Campo Grande. Na sua origem está o "Campo Grande Football Club", criado em 1904, cuja sede ficava justamente no topo norte do Campo Grande. É deste Clube que em 1906 irá surgir o SCP. Foi nesta zona que em 1912, foi construído o estádio do Lisboa Futebol Clube. Este recinto foi ampliado em 1914, sendo então alugado ao SCP que após grandes melhorias o voltou a inaugurar em 1917. Apesar de ser um dos raros estádios de Lisboa, as condições estavam longe de serem satisfatórias. Em 1937 SCP acaba por abandoná-lo, alugando um outro  um pouco mais a norte (o Stadium de Lisboa) que mais tarde se tornaria o estádio José de Alvalade.

Entrada para o campo do Sporting Club de Portugal e 
restaurante do Campo Grande (actual Churrasqueira), 1939.


O estádio abandonado pelo SCP em 1937 é alugado pelo SLB em 1940. Este Clube realiza no mesmo importantes melhoramentos. No dia 5 de Outubro de 1941, o Benfica inaugurava o seu magnífico estádio de futebol conhecido por estádio do "Campo Grande".

Entrada para o campo de futebol do Sport Lisboa e Benfica, 1965. 


Em 1946 o SLB constrói neste local uma Pista de Atletismo e um outro campo para a prática de diversas modalidades, para além de um Campo de Basquetebol, um Court de Ténis e um Campo de Tiro. Uma obra gigantesca em terrenos alugados.

Caminho para o campo de futebol depois da entrada e ao fundo o estádio de Alvalade. 1969. 


Em 1954 mudou-se do Campo Grande para Benfica (Luz) onde construíu um imponente estádio, o maior de Portugal. Só em 1971 é que o SLB abandonou definitivamente o seu parque desportivo no Campo Grande, junto à actual estação do metropolitano.
(fontes: jornal da praceta e hemeroteca de lisboa. 

 Entrada principal e laterais do Antigo Campo do Sport Lisboa e Benfica (anos 60).

Estrada de Telheiras à esquerda A Sanzala, o muro branco dava 
para o Antigo Campo do Sport Lisboa e Benfica (anos 60).



(Fotos do Arquivo Fotográfico da CML) 


terça-feira, 30 de agosto de 2011

Alberto Korda

Alberto Díaz Gutiérrez, conhecido como Alberto Korda, (1928- 2001) foi um fotógrafo cubano que se tornou mundialmente conhecido pela foto que fez de Che Guevara com o título de Guerrillero Heroico.

 Alberto Korda: Auto-Retrato, 1954.

Miliciana con anillo (1960).

O quixote do candeeiro (Eleuterio). Primeira celebração do 
26 de Julho, na Plaza de la Revolución, Havana, 1959.

Granja Manuel Sanguily Ciego de Ávila, 1960.

Corrales Dos Trabucos, 1960.

Sierra Maestra, Oriente, Maio de 1959.

Che Guevara, Inauguração de exposição no Museu Nacional de Belas Artes, Havana, 1960. 


(Fotos de Alberto Korda encontradas na Net) 

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O Terceiro Homem


The Third Man de Carol Reed, 1949


«O Terceiro Homem é um filme americano ou inglês? É um filme de Carol Reed, de David O. Selznick ou de Orson Welles?» 
(João Bénard da Costa)


Carol Reed discutindo ? com Orson Welles em Viena durante 
as filmagens de O Terceiro Homem (The Third Man, 1949).

Texto de João Bénard da Costa escrito para o dicionário do Catálogo de Cinema 
Inglês (1933-1983), sobre Carol Reed e fotos da LIFE Archive. Clique para ler.

Carol Reed ouvindo Anton Karas tocar cítara, 1950.

Anton Karas.


Texto de 
João Bénard da Costa sobre O Terceiro Homem
(The Third Man), 1949 de Carol Reed


O Terceiro Homem é um filme americano ou inglês? É um filme de Carol Reed, de David O. Selznick ou de Orson Welles?

Ambas as perguntas têm resposta na ficha técnica mas ambas têm razão de ser, para além dela. Baseado numa história original de um dos maiores escritores ingleses do Século XX (Graham Greene), realizado por um inglês (Carol Reed) e oficialmente produção britânica (Korda) o filme só tem no cast três actores ingleses (Trevor Howard, Bernard Lee e Wilfrid Hyde-White, todos em papéis secundários), é protagonizado por dois célebres actores americanos (Welles e Cotten) e por uma italiana, à época em Hollywood (ALIDA VALLI) e traz a inconfundível marca que David O. Selznick imprimiu a tudo quanto produziu. Além disso, é claríssima a sua dependência e filiação em obras e géneros do final dos forties na América, aproximando-se mais dos códigos de Hollywood do que dos de Londres (embora, como adiante desenvolverei, com as notas peculiaríssimas do argumento de Greene).

Depois, houve e há uma lenda sobre o verdadeiro papel de Orson Welles nesta história. Foi só o intérprete genial de Harry Lime (personagem profundamente wellesiano) ou co-dirigiu o filme (pelo menos na parte que lhe tocava) de parceria com Carol Reed? Interrogado por Bazin, Bitsch e Domarchi numa célebre entrevista publicada nos “Cahiers du Cinéma” em 1958 (nº 87), Orson Welles admitiu que tinha tido no filme uma intervenção maior do que em Journey Into Fear (1943) (que figura em todas as filmografias, como obra sua), mas fugiu a mais pormenores “porque a questão era delicada”. “Tudo o que posso dizer é que escrevi inteiramente o papel de Harry Lime, tudo o que diz respeito a esse personagem (...) Harry Lime faz evidentemente parte da minha obra. É, de resto um personagem shakespeareano. É um parente próximo do bastardo do King John”. Quanto à realização, é mais vago: “tudo depende de quem toma as iniciativas. E não quero dar-me ares de pretender ter substituído Carol Reed que é incontestavelmente, um realizador competentíssimo, e que se parece comigo num aspecto: quando alguma coisa acontece no ‘plateau’, quando alguém tem uma ‘trouvaille’, Reed apaga-se diante do autor dessa ideia nova (...) Mas é muito delicado, para mim, falar desse filme: fui discretíssimo e não gostava nada agora de ...”.

Apesar destas meias-palavras (que efectivamente não são meias-palavras), Reed saiu logo à estacada, dizendo que se se parecia com Orson Welles nalguma coisa não era certamente no “exibicionismo” que este mais uma vez, patenteava. E reagiu fortemente à insinuação (também contida nessa entrevista) que a sequência da Grande Roda tivesse sido rodada por Welles. Graham Greene apoiou-o: o personagem de Harry Lime era dele (Greene) e Welles limitou-se a compô-lo como queria, acrescentando-lhe algumas frases (a famosa tirada sobre os relógios de cuco suíços que, de resto, Welles diz ter sido tirada de uma peça húngara).

A questão mantém-se assim um tanto ou quanto misteriosa, embora pareça líquido que Welles tenha tido uma forte influência em muitos momentos do filme, bastante “wellesianos”, desde a sua famosa “entrada” no filme na soleira da porta, descoberto pelo gato que só gostava dele, ao plano do homem dos balões, desde o diálogo da Grande Roda até alguns private jokes com Cotten (seu actor nos Citizen Kane, Ambersons, em Journey Into Fear) quando este se compara (e é comparado) a um dumb duck (cara de pato já lhe chamara George Amberson no filme dessa família).

No entanto, quando se vê Welles nas grandes angulares, nas perspectivas distorcidas, nos enquadramentos oblíquos, no uso e abuso dos grandes planos insólitos, na profundidade de campo, estamos provavelmente a ser induzidos em erro. Tudo isso já existe no interior de outro filme de Reed, Odd Man Out (46), e tem a inconfundível marca do operador Robert Krasker, outro homem que imprimiu carácter em tudo quanto fez. Era uma conversa que levaria longe e por isso me limito a deixar esboçada: Krasker, como Toland, são herdeiros directos da “escola alemã” dos anos 20 e muitos processos que a crítica francesa dos anos 50 filiou em Welles, Wyler, etc (o chamado “cinema da transparência”) tem origens mais remotas e mais complexas, a que tais grandes operadores estão muito longe de ser alheios.

Por outro lado ainda, este filme pelo menos “internacional” (muitos actores austríacos, música do austríaco Karas, desconhecido que, graças a ele, se tornou célebre e ganhou rios de dinheiro), filmado em Viena, evocara irresistivelmente muitos fantasmas nos Kordas, oriundos do império austro-húngaro. A portentosa direcção artística de Vincent Korda (que cada vez mais me parece um dos elementos capitais do filme) é obviamente a dum homem dependente da cultura centro-europeia e que conhecia Viena como as suas mãos.

Se me demorei tanto nestes aspectos, é porque este carácter híbrido do filme, esta mescla de contribuições variadas (de Reed a Welles, de Selznick a Alexander Korda, de actores de tão diversas escolas, de Krasker a Vincent Korda), em vez de desequilibrarem a obra lhe conferem grande parte do seu fascínio e do seu acerto com o décor. Na cidade de 4 zonas é um filme de 4 zonas (austro-húngaro, alemão, americano e inglês) que logo desde o princípio (jogo de plongés e contra-plongés quando Cotten sabe, pelo porteiro, da morte de Harry Lime) anda “para cima e para baixo”, no milagre do acerto dessas diversas direcções estilísticas. Por isso, O Terceiro Homem é, mesmo, no plano da história do cinema, um filme tão fascinante, de certo modo um caso único.

Mas se o espectacular êxito que a obra obteve (melhor filme inglês de 1949; top money maker do mesmo ano) se deve ao concurso de tão magistrais e diversas colaborações, deve-se também, e em não pequena parte, ao portentoso argumento de Graham Greene, a nota mais britânica desta obra.

Há uns bons trinta anos, o grande historiador Marc Ferro esteve em Lisboa e apresentou o filme na Gulbenkian, enquadrado no tema “Cinema e História”. Desenvolveu a ideia de que O Terceiro Homem era, de modo extremamente inteligente e elíptico, o primeiro filme característico da ideologia da “guerra fria”, servindo habilmente, através de apontamentos narrativos, a atitude ocidental face ao ex-aliado, nesses anos já mais do que potencial inimigo. Se tudo isso é inegavelmente verdade (Harry Lime é “o homem da zona russa”, ALIDA VALLI tenta escapar a um repatriamento para a Checoslováquia, depois do “golpe de Praga”, os vários ocupantes são perfeitamente tipificados, com a suprema ilustração na sequência da prisão de ALIDA VALLI, com a “frase perfeita” nas bocas do francês, do inglês, do americano e russo) também é verdade que o americano deste filme (“Holly Martins, que nome!”) é já o precursor do “americano tranquilo” do mesmo Greene, “The Lone Rider of Santa Fe”. “Oklahoma Kid” vindo do oeste para uma história de leste, num desfasamento ironicamente sublinhado pelo argumento. O americano não só não percebe nada, como é vítima dos vários fogos que sobre ele se abatem: Harry Lime que o chamou a Viena, Galloway que o utiliza como “peão das nicas” (puxando-lhe pela corda ética), os sinistros austríacos e até esse espantoso personagem de Hyde-White que o conduz à inesquecível e hitchcockiana sequência da conferência. Perdido no mundo da cultura (com os equívocos a que se prestava a sua profissão de escritor) quem jamais ouviu o nome de James Joyce, quem sempre trocou Winkel por “Uinkel”, está também perdido no mundo daquela cultura e nada entende dos valores que estão em causa. É “Mr. Martins from the other side”. A espantosa personagem de ALIDA VALLI (então no seu máximo esplendor) existe para fazer ressaltar que a ética linear de Cotten é tão, ou mais, repugnante do que a amoralidade de Orson Welles. Pensando friamente, Cotten é um personagem sinistro, ou, como ALIDA VALLI lhe diz, “há um nome para pessoas como você”. E Cotten bem merece aquela sequência final do cemitério, quando fica na profundidade de campo ao lado do único personagem grande do filme: ALIDA VALLI, que avança para a câmara, sem ter sequer um olhar para o homem que foi capaz de matar o melhor amigo (e por causa de quem - suprema astúcia do argumento - morreu também o único homem que o admirava, o sargento, seu fiel leitor).

O Terceiro Homem é um filme que começa e acaba num cemitério e que tem a sequência decisiva nos esgotos. Nada disso acontece, evidentemente, por acaso: na “cidade em ruínas” (historicamente em 1949, o destino de Viena era assaz incerto), são os mortos que reinam, quer os falsos quer os verdadeiros, quer os que como máscaras de morte se assumem (o barão, o médico, o romeno, o porteiro) e a merda substitui as valsas, num Danúbio bem pouco azul. Todos estão atolados nela, à excepção de VALLI, único personagem capital no filme que não desce aos abismos (esgotos) e se recusa a ser moeda de troca, mesmo quando se sabe supremamente enganada por Harry Lime. Traição por traição antes a do homem que amara do que a de Cotten, antes cair às mãos dos russos do que aceitar a protecção de Howard.

No fundo, ALIDA VALLI escolhe contra a liberdade, pela qual não está disposta a pagar qualquer preço.

Neste sentido, a ambiguidade do O Terceiro Homem é enorme. Porque se no filme se perfilam (ou se declaram) as inquietantes sombras do terror totalitário, se a obra é, ideologicamente, uma obra de propaganda anti-soviética, nenhuma complacência existe para o terceiro homem que, metaforicamente, é muito mais Cotten do que Welles. E este, na dimensão estética e shakespeariana que confere ao personagem, desequilibrou ainda mais os pratos da balança. Na Grande Roda, o extremo individualismo de Cotten não ganha aos “pontos negros” que lá de cima Welles lhe aponta.

Porque também chegou o dia em que Cotten teve que decidir suprimir um desses “pontos negros” que era o seu melhor amigo e o amante da mulher por quem, impotentemente, se apaixonou e que uma noite lhe dedicou uma belíssima lágrima.

O Terceiro Homem é ainda um filme que, historicamente, faz a transição de duas éticas e duas ordens do imaginário: a dos grandes filmes, à Selznick, dos forties e a dos grandes filmes amargos e desesperados dos fifties. Filme ainda romântico, filme já decadente, é, na sua magistral estrutura narrativa e na sua insólita disparidade formal, um monumento erguido à glória dum décor: jamais Viena foi tão onírica e tão letal como em The Third Man. Ao som da cítara, fica-nos a cicuta. Só que já nenhum justo morre dela.

Por tudo isto, em 1949 como agora, The Third Man se vê com o mesmo fascínio e apesar do seu datado formalismo (ou por causa dele?) não envelheceu uma ruga.

João Bénard da Costa
Cinemateca Portuguesa - Museu do Cinema
In, www.cineclubeguimaraes.org7filme.php?id=2790



(Fotos LIFE Archive)


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Teu Nome Lisboa

Lisboa, Largo Martim Moniz, 1947. 
Foto do Arquivo Municipal de Lisboa. 


Já te chamaram raínha
Cidade-mãe da tristeza
Já te chamaram velhinha
Menina e moça, princesa

Lisboa, vista do Castelo de São Jorge, sem data. 
Foto de Isaura Grave.


Já rimaram o teu cais
Com gaivotas e marés
Querem saber onde vais
Não querem saber quem és

Lisboa, Elevador da Bica, 1940.
Foto Life Archive


Vão chorando as tuas mágoas
Sem matarem tua fome
Chamam Tejo ás tuas águas
P'ra não dizer o teu nome

Casa dos Bicos, sem data.
Foto do Arquivo Municipal de Lisboa


Ai Lisboa se soubesses
Encontrar quem te encontrasse
Talvez um dia tivesses um nome que te agradasse
Ai Lisboa se evitasses
Que te chamassem á toa
Talvez um dia encontrasses quem te chamasse Lisboa

Aqueduto das Águas Livres. Sem data.
Foto do Arquivo Municipal de Lisboa


Já te chamaram vadia
Noite-mulher de má fama
Já te chamaram Maria
Teu nome ninguém te chama

Ponte 25 de Abril. Sem data.
Foto da Fundação Gulbenkian.


Disfarçaram-te as raízes
Com roupagens de outra gente
Vão ouvindo o que tu dizes
P'ra esquecerem o que sentes

Avenida da Liberdade. 2001.
Foto francisco grave.


Engrandecem-te o passado
Fazem trovas ao teu povo
Vão repetindo o teu fado
Mas não te inventam de novo


Carlos do Carmo e Carlos Bica - Teu Nome Lisboa
Letra de Manuela de Freitas com Música de José Mário Branco.


Lisboa, Rua do Ouro. 2001.
Foto francisco grave. 

Jacques Tati em Nova York


O Sr. Hulot de visita a Nova York em 1958


Fotos de Yale Joel








(Fotos de Yale Joel e LIFE Archive)


terça-feira, 23 de agosto de 2011

Khadafy e os Democratas do Petróleo

 E vós também, nojentos da Política
 que explorais eleitos o patriotismo!
 Maquereaux ("chulos") da Pátria que vos pariu ingénuos
 e vos amortalha infames!
 E vós também, pindéricos jornalistas
 que fazeis cócegas e outras coisas
 à opinião pública!
 «A Cena do Ódio» de Almada Negreiros, excerto




(Segundo dados da ONU)

A Líbia ocupa o primeiro lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da África e tem a mais alta expectativa de vida do continente. A educação e a saúde recebem especial atenção do Estado. O PIB per capita é de 13,8 mil dólares, o crescimento em 2010 foi de 10,6%, a inflação de 4,5%, a pobreza de 7,4% e a colocação no IDH é 53º (Brasil é 73º) todos esses índices melhores que o do nosso Brasil.
O país dispunha de vultosos ingressos, provenientes da venda de petróleo de alta qualidade, e de grandes reservas em divisas depositadas em bancos das potências européias e Estados Unidos, e com isso podiam adquirir bens de consumo e até armamento sofisticado, fornecido exatamente pelos mesmos países que hoje planejam invadi-lo em nome dos direitos humanos.


Ao se aproximar das potências ocidentais, Kadafi cumpriu rigorosamente suas promessas de desarmamento e ambições nucleares. Com isso, a partir de outubro de 2002, iniciou-se uma maratona de visitas a Trípoli: Berlusconi, em outubro de 2002; Aznar, em setembro de 2003; Berlusconi de novo em fevereiro, agosto e outubro de 2004; Blair, em março de 2004; Schröeder, em outubro de 2004; Chirac, em novembro de 2004. Todos exultantes, garantindo o recebimento de petróleo e a exportação de bens e serviços.


Kadafi, de seu lado, percorreu triunfante a Europa. Recebido em Bruxelas em abril de 2004 por Prodi, presidente da União Europeia; em agosto de 2004 convidou Bush a visitar seu país; Exxon Mobil, Chevron Texaco e Conoco Philips realizavam os últimos acertos para exploração do óleo por meio de ‘joint ventures’.
Em maio de 2006, os Estados Unidos anunciaram a retirada da Líbia dos países terroristas e o estabelecimento de relações diplomáticas.
Em 2006 e 2007, a França e os Estados Unidos subscreveram acordos de cooperação nuclear para fins pacíficos; em maio de 2007, Blair voltou a visitar Kadafi. A British Petroleum assinou um contrato “extremamente importante” para a exploração de jazidas de gás. Em dezembro de 2007, Kadafi empreendeu duas visitas a França e firmou contratos de equipamentos militares de 10 bilhões de euros. Contratos milionários foram subscritos com importantes países membros da OTAN.


Dentre as companhias petrolíferas estrangeiras que operavam antes da insurreição na Líbia incluem-se a Total da França, a ENI da Itália, a China National Petroleum Corp (CNPC), British Petroleum, o consórcio espanhol REPSOL, ExxonMobil, Chevron, Occidental Petroleum, Hess, Conoco Phillips.
O que se passa para que o “cachorro louco”, que se transformara em grande amigo, volte a ser o “cachorro louco”?
De um lado, a evidência de que as potências hegemônicas tudo farão para não perder o controle dessa vital fonte de energia. De outro, fatores geoestratégicos. Diante da revolta por mudanças democráticas dos países árabes do Norte da África e do Oriente Médio, é fundamental, no caso da Líbia, ter um governo absolutamente confiável, pressionando o vizinho oriental Egito para manter o tratado com Israel e não partir para políticas que desarrumem todo o contexto regional. 
(In, talodabrabera.blogspot.com, em 19-03-11)


Todas as fotos foram encontradas na net


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Convento das Bernardas - Tavira

Do Lixo ao Luxo



O Convento das Bernardas foi o maior edifício conventual do Algarve e o único da Ordem de Cister em toda a região. A sua construção deve-se a D. Manuel I, que desta forma quis agradecer a vitória obtida em Arzila, no norte de África, quando os mouros levantaram o cerco à cidade.



O local acolheu durante três séculos religiosas provenientes de famílias de Tavira e de todo o Algarve. Há ainda referências históricas à presença de monjas oriundas do Alentejo e ilhas dos Açores.
A perícia manual das irmãs ficou conhecida graças à sua arte de doçaria, especialmente caramelos, em registo de santos (lâminas) e nas obras de arte sacra (barro e pintura) que saíam das suas oficinas. A planta de construção obedeceu à tradição cisterciense: planta quadrada, dois claustros e uma igreja dedicada a Nossa Senhora da Piedade.



Tal como aconteceu com muitos monumentos em Tavira, o Convento das Bernardas ficou seriamente danificado com o terramoto de 1755. No entanto, o tosco portal manuelino, localizado no alçado norte da igreja, sobreviveu À catástrofe e às posteriores alterações e ampliações que o edifício sofreu. Depois de ser vendido em hasta pública, em 1834, na sequência da extinção das ordens religiosas em Portugal, o convento passa a acolher a Fábrica de moagem e Massas a Vapor. O seu desenho original sofre, na altura, a maior descaracterização, que levou à actual degradação estética e construtiva.
(In, conventodasbernardas.com)



Eduardo Souto Moura , foto à solta na Net.

O prestigiado arquitecto Eduardo Souto Moura assinou o projecto de reabilitação que aposta na recuperação e conservação do património, mantendo o portal gótico manuelino, o espaço da antiga igreja ou da sé, a traça original das fachadas e o pátio interior. O património histórico mantém-se melhor se for usado, independentemente da função, defendeu o arquiteto Eduardo Souto Moura, O arquiteto criticou a tendência para se criar "uma imagem artificial do património e se associar a uma coisa que tem de ser preservada para a cultura", o que muitas vezes resulta que edifícios fiquem abandonados ou caiam por não se encontrar aplicação. 
(In, conventodasbernardas.com)


Praia de Altura - Vendedor Marroquino (?)

 Algarve, Agosto de 2011

 Reparando a mercadoria.

 Conferindo se está tudo bem.

Aqui vai ele à procura de novos clientes.


(fotos de francisco grave)