ORGANIZAÇÃO DA CASA DA IMPRENSA E DA
CORPORAÇÃO DOS ESPECTÁCULOS - 28 MARÇO 1966
Noticias e Calendário do Festival no dia da inauguração do Europa.
Chegou a hora. O cartaz tem uma data, o que possibilitou procurar noticias e verificar que era um dos festivais da Casa da Imprensa que fazia regularmente mostras de cinema, festivais e outras realizações. Também se pode ver na foto que, ainda havia obras nas ruas e no próprio edifício. Deviam ser as obras finais, por causa do aspecto das lojas do cinema e também (creio), porque já estavam a calcetar as ruas e isso faz-me crer que a foto é de Fevereiro ou Março de 1966. Outra curiosidade da foto é que foi inaugurada sem a "estátua" da fachada, que se tornaria anos depois o símbolo do Europa.
Noticias e criticas nos dias 29, 30 e 31 de Março 1966.
O Europa já estava naquele local desde 1931, mais coisa menos coisa mas, o edifício antigo foi deitado abaixo (não sei quando) e construído o da foto, presumo que em 1964/66 e marcada a sua inauguração com pompa e circunstancia com um festival de Cinema, coisa para dar brados nos jornais, como se pode ver pelas reportagens diárias do Diário de Lisboa. O dono ou donos do Europa em Março 1966, era uma empresa chamada Sociedade Administradora de Cinemas, que era proprietária de outros cinemas, entre eles o Cinearte e já tinham experiência nestes eventos e sobretudo boas ligações com os distribuidores de filmes e não só.
Noticias e criticas nos dias 1, 2 e 3 de Abril 1966.
O Festival de Cinema de Lisboa desse ano foi uma iniciativa conjunta da Casa da Imprensa e da Corporação dos Espectáculos (seria o antigo sindicato do regime?) e durou dez dias. Ao mesmo tempo também se dava no Europa o I Festival de Animação (com Vasco Granja na organização), com uma exposição de Animação no foyer e ainda uma Retrospectiva da obra de Jean Renoir. Como diz o Diário de Lisboa no dia seguinte: "por isso o ambiente era de festa e a sala encheu-se de um publico jovem e entusiasta; de um publico «snob», também, daquele publico «snob» que possiblita a cultura autentica: de um publico interessado e curioso.». À frente da organização do festival estava Luis de Pina, com quem eu trabalharia anos mais tarde quando entrei para a Cinemateca.
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Noticias e criticas nos dias 4, 5 e 6 de Abril 1966.
O Festival deve ter tido umas ante-estreias de filmes que estavam à espera do visto da censura. Por exemplo, o filme que abriu o Festival em 28 de Março de 1966; Muriel (1963) de Alain Resnais, só estreou para o publico em Junho de 69. A Fundação Gulbenkian como era hábito dela, também entrou com dinheiro porque dedicou seis sessões para os estudantes do Ensino Superior. Creio que falta só fazer uma referencia aos recortes que povoam este post (devo ter batido o recorde). Ainda cheguei a pensar em colocar só alguns mas, depois decidi-me por colocar todos. Geralmente no dia seguinte, há uma critica ao filme exibido assinada por alguém chamado M. de A., outras por F.A.P. (seria Fernando Assis Pcheco?) e algumas curiosidades que rodearam o Festival.
Rescaldo do Festival de Cinema no dia 7 de Abril 1966.
Anuncio do dia 7, referindo a exibição durante três dias do filme O Evangelho Segundo São Mateus (Il vangelo secondo Matteo, 1964) de Pier Paolo Paolini, que já tinha estreado antes no Monumental. |
O filme de Pasolini era para fazer a ligação (esquisita), para o tipo de cinema que o Europa iria apresentar regularmente; filmes "populares", que dessem dinheiro. O escolhido foi O 3º Dia (The Third Day, 1965) de Jack Smight, que tinha já estreado algures em Setembro de 1965. Repare-se no anuncio que diz seleccionado para inaugurar o Cinema Europa. Fica-se sem saber qual o filme que inaugurou o Europa, para mim foi o Muriel de Alain Resnais. O anuncio da direita era do dia de abertura do festival e era uma espécie de anuncio-noticia, fazendo propaganda do que ia ser a programação do Europa; estreias e reposições a preços acessíveis.
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