Outras Loiças

terça-feira, 5 de junho de 2012

A Conquista da Lua

Destination Moon (1950)

de 
Irving Pichel (1891-1954) 


Destination Moon de Irving Pichel (1950).  Para fazer com que as estrelas aparecessem brilhantemente iluminadas, foram perfurados 534 buracos na pintura de Chesley Bonestell e iluminada por trás.

O filme Destination Moon de Irving Pichel (1950), foi baseado numa história do grande escritor de ficção científica Robert A. Heinlein, que colaborou no argumento, e foi assessor técnico do filme; o pintor Chesley Bonestell projectou cenários, naves espaciais, e pinturas de fundo para o filme. Uma enorme quantidade de tempo e esforço foram despendidos para torná-lo cientificamente credível, e o resultado foi visualmente surpreendente e impressionante para a época, ganhando o Óscar de melhores efeitos especiais. O interesse pelas viagens no espaço começam a se popularizar cada vez mais a partir do êxito de A Conquista da Lua, e não mais parou de aumentar, até porque foi nessa década que o Sputnik (1957) russo foi lançado.


Actor prepara-se para uma cena sentado numa estrutura presa á grua de filmagem que é utilizada para dar a ideia do movimento e cena em que um tripulante flutua indefeso, enquanto outro usa um tanque de ar para o salvar, ambos presos por cabos. 


Robert A. Heinlein e sua esposa Virginia Heinlein no local da rodagem do filme "Destination Moon". Os cenários que estão por trás são do pintor Chesley Bonestell, (Foto da Heinlein Society) e ilustração de Franka para o livro mais famoso de Robert A. Heinlein Stranger in a Strange Land (1961). Copiado do catálogo do catálogo do Ciclo de Cinema de Ficção Cientifica, 1984/85.



Dicionário
João Bénard da Costa
(entrada sobre Robert A. Heinlein)

"Um dos mais controversos e populares escritores de «fc». Para uns, fascista, militarista, chauvinista, para outros o mais sofisticado o mais naïf, a quintessência do próprio género. Entre marido e mulher, não meto a colher. Eu sei lá. Perguntem ao João Manuel Barreiros.
Seja como for, de 39 até hoje, Heinlein tem-se mantido no «top», desde os contos publicados na «ASF» até The Best of Robert Heilein (73) que o distingiu como «Grand Master do género.
Foi nos anos 40 que Heinlein se consagrou com Rocket Ship Galileo (47), Space Cadet (48), Red Planet (49), etc. Em 1950, o primeiro desses livros serviu de base a Destination Moon (50) e Heilein controlou de perto a adaptação. Dos «fifties» são Between Planet, The Rolling Stones (52), Starman Jones (53), The Star Beast (54), Tunnel in the Sky (56), Double Star (56), The Door Into Summer (57), Citizen of the Galaxy (58), e Starship Troopers (59). O último é o paradigma do seu estilo, o que mais amores e ódios lhe trouxe, juntamente com Stranger in a Strange Land (61).
Se não é quintessência, é um dos mais míticos autores de «fc». nesse mundo, ser-se pró ou contra Heinlein é a mesma coisa que, no nosso, ser-se pró ou contra Hitchcock. É o «test» decisivo." 
(João Bénard da Costa, entrada sobre Robert A. Heinlein no dicionário do catálogo do Ciclo de Cinema de Ficção Cientifica, organizado pela Cinemateca Portuguesa e pela Fundação Calouste Gulbenkian em 1984-1985)


Rodagem do filme Destination Moon, com o fotógrafo da revista 
LIFE Allan Grant, preparando-se para bater mais umas chapas.


 Dicionário
João Bénard da Costa
(entrada sobre Irving Pichel)

"Quase sempre ligado a co-realizações, Irving Pichel foi, como muitos outros deste dicionário, um nome esquecido pela critica, durante décadas, até que se reparasse na singular consistência da sua obra, de parceria ou sozinho. Antes de irmos aos começos, lembro que se estreou como realizador com um dos mais belos e míticos dos «thirties», The Most Dangerous Game (em Portugal, O Malvado Dr. Zaroff) que assinou com Schoedsack. Como Schoedsack tinha o seu crédito no passado, Grass e As Quatro Penas Brancas e teria no futuro King-Kong, Os Últimos Dias de Pompeia ou Mighty Joe Young toda a gente passou a dizer que Zaroff era sobretudo Schoedsack e Pichel foi esquecido. Mas a obra futura, sem talvez dar razão aos que hoje rodam 100 % e atribuem a autoria do Conde sobretudo a Pichel, revelaria que o lado fantástico e onírico desse filme é mais consistente com o universo do pesadelo de Pichel do que com o lado aventureiro de Schoedsack. She, que também co-realizou, (desta vez com Lansing C. Holden, em 1953) é a melhor adaptação da espantosa novela de Hoggard e um dos filmes mais delirantes dos «thirties» com uma imagética (e uma temática) quase tão surreal como a do célebre Most Dangerous Game.


A Conquista da Lua de Irving Pichel (Destination Moon, 1950).


Injustamente ou não, esses dois grandes filmes - duas obras únicas - não lhe valeram imediata fama. Pichel foi relegado para a Republic e para filmes de série B (que ninguém conhece) até reemergir na Fox em 41. nesse mesmo ano, coube-lhe a honra de produzir o primeiro filme de Renoir na América: Swamp Water. Depois, associado ao célebre argumentista Nunnaly Johnson (personalidade forte que «abafou» muitos e grandes realizadores) assinou Pied Piper (42), Life Begins at Eight-Thirty (42) e The Moon Is Down (43) que só agora começam a ser reabilitados e estudados. Passou à Paramount, depois à RKO e realizou Tomorrow is Forever (45) um filme curiosíssimo em que Orson Welles regressa do reino dos mortos para ajustar contas com a sua viúva (Claudette Colbert) gozando nos braços de George Brent «infernal prazer».
Depois de mais alguns filmes em que lançou Natalie Wood (ainda criancinha) e em que serviu Alan Ladd, virou-se para a ficção científica e foi o autor de Destination Moon (50).
Muita coisa se pode pensar e o desconhecimento da obra não ajuda. Mas The Most Dangerous Game, She, The Moon Is Down, Tomorrow is Forever, e Destination Moon provam uma notável coerência e uma capacidade incrível de movimentação nos terrenos do onirismo mais tenebroso.


A Conquista da Lua de Irving Pichel (Destination Moon, 
1950), com o fotógrafo Allan Grant numa delas.


Irving Pichel nasceu em Pittsburgh e formou-se em Harvard em 1912. Tentou uma série de empregos até chegar em 1937 à Metro onde começou a escrever «scripts». Mas nos anos 30, entre Zaroff e She, foi sobretudo conhecido como actor. Entre os seus muitos bons papéis há a contar o papel de Mason (o tenebroso acusador) em American Tragedy de Sternberg (32), o de Yamadori em Madame Butterfly (Marion Gering, 32) o de Fagin no Oliver Twist de Brenon, em 33, o de Appolodorus na Cléopatra de De Mille em 34 ou o de Estaline em British Agent de Michael Curtiz, em 34. Isto para além da colaboração com George Abbott (The Cheat, 31), Raoul Walsh (Wild Girl, 32) The Miracle Man (Norman Z. McLeod, 32), Willer (Jezebel, 38) ou Dieterle (Juarez, 39) entre dezenas de papéis. Ultra-insólita carreira, a deste homem que no fim da vida teve os seus problemas com o maccarthysmo e que morreu aos 63 anos num apagamento de que só agora começou a a sair. Master no palmarés The Most Dangerous Game, She, e Destination Moon, seja quais forem os créditos de Schoedsack, Holden ou Pal, já basta para um lugar de honra em qualquer história do cinema fantástico." (João Bénard da Costa, entrada sobre Irving Pichel no dicionário do catálogo do Ciclo de Cinema de Ficção Cientifica, organizado pela Cinemateca Portuguesa e pela Fundação Calouste Gulbenkian em 1984-1985) 


Faltava esta, é que o filme era a cores.

A Conquista da Lua de Irving Pichel (Destination Moon, 1950), 
foto encontrada em drnorth.files.wordpress

Curiosidade

Rumo à Lua foi inspirado pelo filme Destination Moon, de 1950, dirigido por Irving Pichel e baseado num livro do famoso escritor Robert Heinlein. Hergé começa neste álbum uma das mais memoráveis aventuras de Tintim, publicada pela primeira vez entre 1952 e 1953, 16 anos antes de Neil Armstrong pisar o solo lunar em 1969 e quatro anos antes do lançamento do Sputnik (o primeiro satélite espacial feito pelo homem), em 1957. A trama é uma deliciosa sucessão de intrigas, acção e piadas. E tudo com pitadas de ensinamentos científicos, por parte do professor Girassol e seus ajudantes. Hergé (pseudónimo de Georges Remi) era um mestre na arte de contar histórias. E como, originalmente, Tintim não era publicado em álbuns, mas em revistas semanais, vale notar que o autor quase sempre encerrava as tiras (sequências de três quadrinhos) com um gancho, um momento que "fisgasse" o leitor, deixando-o interessado pela continuação. Além disso, ao mesmo tempo em que construía um cenário de suspense e aventura, Hergé jamais se esquecia do humor, que surge sempre na hora certa, entre um momento de tensão e outro, cortesia do professor Girassol, dos atrapalhados policiais Dupond e Dupont e do capitão Haddock - seus xingamentos são um capítulo à parte, tanto que (acredite!) ganharam no mercado um francês um dicionário só para eles. (In, www.universohq.com)



(Fotos de Allan Grant e da LIFE Archive. Capa do Tintin encontrada na net)





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