Outras Loiças

quarta-feira, 7 de março de 2012

Tina Modotti - Uma Mulher do Século XX*

(para a Anabela)



"Un mundo marcha al sitio donde tú ibas, hermana. Avanzan cada dia los cantos de 
tu boca en la boca del pueblo glorioso que tú amabas. Tu corazón era valiente"
(Pablo Neruda)


Tina Modotti. 1923. Edward Weston 
Foto encontrada em www.paulajuan.com.

Um tributo a Tina Modotti encontrado no youtube.


«Simplesmente uma das mulheres mais fascinantes do século XX. Assunta Adelaide Luigia Modotti Mondini, apelidada de Tina Modotti, nasceu em Udine, Itália, em 1896 e morreu na Cidade do México em 1942, mas não antes de se tornar um mito. Giuseppe Modotti pai de Tina e de mais cinco filhos (ela era a segunda mais velha) foi para a Áustria em busca de emprego e ficou um longo período por lá. Quando voltou Tina já tinha nove anos e ela e seus irmãos, que tinham ficado com a mãe na Itália, enfrentavam uma situação bastante difícil. Tina chegou a abandonar a escola para ajudar sua mãe nos trabalhos eventuais que ela encontrava como costureira. Mais tarde ela consegue um trabalho em uma fábrica nos subúrbios de Udine. Yolanda, sua irmã mais nova, se referia a ela como alguém com um semblante resignado e um rosto triste, mas que jamais reclamava da falta de comida ou frio. O pai de Tina resolve tentar a sorte nos EUA e se muda para lá onde começa a trabalhar a fim de juntar dinheiro para trazer o restante da família. Então em 1913 ele finalmente consegue trazer a família para os EUA e apenas uma semana depois de chegarem em São Francisco Tina consegue um emprego em uma fábrica têxtil.

Tina Modotti no 1ºde Maio de 1929 em que se vêem Diego Rivera e Frida Khalo. 
Foto encontrada em cris-sheandbobbymcgee.blogspot.com


Na época São Francisco era o centro de intensas manifestações de trabalhadores, muitas vezes violentas, mas também era o local de encontro de intelectuais, poetas, escritores e artistas de diversos lugares dos EUA. Tina que frequentava locais de trabalhadores e de grupos teatrais no distrito italiano de São Francisco logo abandona o trabalho na fábrica têxtil para dedicar seu tempo ao teatro, mas para se sustentar ela ainda trabalha como costureira por conta própria. Nessa época Tina conhece o poeta e pintor Roubaix I’Abrie Richey, conhecido por Robo, que se apaixona por seu jeito taciturno e sua beleza triste, e com quem se casa passando a frequentar com ele a boémia intelectual de Los Angeles, cidade para onde se mudam após o casamento. Em 1920, Tina faz vários filmes mudos como: "The Tiger’s Coat" no qual interpretava uma mexicana, "Riding With Death" e "I Can Explain". Mas ela não segue a carreira de actriz. Ainda faltava alguma coisa. 

Mãe e Filho, Tehuantepec, México, 1929, e Linhas de Telefone, 1925. 
Fotos encontradas em cris-sheandbobbymcgee.blogspot.com e www.artnet.com


Dona de uma beleza incomum, Tina também trabalhava como modelo em seu círculo de amigos e fotógrafos tendo feito vários nus artísticos (um escândalo na época). Em um desses trabalhos, em 1921, ela posa para o fotógrafo Edward Weston com quem tem um breve affair e com quem aprenderia a fotografar. No mesmo ano Robo vai para o México para organizar uma exposição fotográfica que inclui trabalhos de Weston e Tina o acompanha. Lá ele contrai varíola e acaba falecendo no começo de 1922. Apenas algumas semanas depois Tina recebe a notícia de que seu pai falecera e retorna para a Califórnia. Após o fim da Revolução e o início da chamada “Renascença Mexicana” Weston vai para a Cidade do México onde abre um estúdio e Tina o acompanha. Ela trabalha como modelo para Weston e em troca ele lhe ensina tudo sobre fotografia, tendo exercido influência decisiva sobre o trabalho de Modotti como fotógrafa. Em 1925, o affair dos dois termina e em 1926 Weston, que era casado, volta para a Califórnia. Tina Modotti porém resolve ficar no México e inicia seu envolvimento definitivo com os movimentos políticos da época.


Sombrero mexicano com foice e martelo, 1927. 
Foto encontrada em mastersofphotography.blogspot.com.

Mãos de Trabalhador, 1927.  
Foto encontrada em  instante.over-blog.org

A Cidade do México era um verdadeiro reboliço cultural naquele tempo. Lá Tina conhece personalidades como Frida Kahlo, Diego Rivera, David Alfaro Siqueiros e Rufino Tamayo além de vários refugiados políticos. Tina, que já trabalhava como fotógrafa profissional, atividade que durou apenas sete anos de 1923 a 1930, publica pela primeira vez suas fotos na revista “Mexican Folkways and Formas”. Ela costumava retratar as pessoas, os lugares, objectos, tudo que remetesse a cultura mexicana, ao povo mexicano. Em 1927 Tina se filia no Partido Comunista Mexicano e no mesmo se envolve com o revolucionário cubano Julio Antonio Mella. Seu envolvimento com o movimento comunista se torna cada vez mais intensa e ela começa a publicar fotos no jornal revolucionário El Machete. Um dia enquanto caminhava com Mella em uma rua qualquer da cidade do México o casal é atacado e Mella é assassinado. Tina é acusada pela polícia mexicana e é levada a interrogatório, mas não chega a ser presa. No final desse mesmo ano (1929) ela realiza sua primeira exposição fotográfica na Universidade Nacional Mexicana.


Tepotzotlan, México, Semana Santa, 1924 (Edward Weston na janela).  
Foto encontrada em www.all-art.org

Balas, Milho e Guitarra, 1927.  
Foto encontrada em hirop44.tumblr.com

 Em 1930, Modotti é expulsa do México por suas actividades revolucionárias e envolvimento com o partido comunista. Impedida de voltar para os EUA ela vê na União Soviética sua única opção e se muda Berlim onde passa a integrar a Ajuda Vermelha Internacional, uma espécie de Cruz Vermelha comunista, onde ela realiza missões de “resgates clandestinos”. Nessa época surgem as suspeitas de que ela trabalhava para o serviço secreto russo, porém, nada foi confirmado. Em 1939, Tina muda seu nome e decide voltar para a Cidade do México. Lá, três anos depois, em 1942, ela morre em um episódio cercado de mistérios: na versão oficial é alegado que Tina Modotti sofreu um ataque cardíaco em um táxi e não resistiu, mas há suspeitas de que ela tenha sido assassinada por seus antigos camaradas que não aceitavam seu desligamento. Em seu funeral foi colocada uma bandeira com uma foice e um martelo sobre seu túmulo. Ao lado, um retrato dela do tempo em que morava na Califórnia, feito por Weston.» 

(Tina Modotti Por Caroline Faria em www.infoescola.com)



Sem Título, data ou local (Quatro mulheres lavando roupa). 
Foto encontrada em www.sfmoma.org.



* Título "roubado" a Angel de La Calle, que publicou em 2003 uma biografia de Tina Modotti em Banda Desenhada, que creio não foi publicada em Portugal.
«Nesta emocionante biografia, Ángel de la Calle tenta desvendar o mistérios da vida e da morte de Tina Modotti e nos conta a história de um mito do século XX. Tina Modotti foi uma revolucionária de todas as vanguardas de seu tempo, artísticas e políticas. Revolucionou também a moral e os chamados bons costumes. Este livro refaz os passos da revolucionária: sua infância em uma pobre cidade italiana, sua passagem pelo cinema, sua vida escandalosa no México, sua luta na Guerra Civil Espanhola e sua morte ainda sem explicação.»




Tributo no Youtube: Homenaje a una mujer que mantuvo la dignidad de la mirada. 
(Pena não se saber quem está a cantar)



1 comentário:

  1. Olá. Você queria saber o nome da cantora do vídeo. Acho que é Rocío Durcal, espanhola, cantando "Un mundo raro", do compositor mexicano José Alfredo Jiménez.

    Atenciosamente, Muna Makhlouf.

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