Outras Loiças

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Pias, Ferreira do Zêzere

Fotos de Pias, Ferreira do Zêzere
(sem data)


























terça-feira, 29 de novembro de 2011

King Vidor em Lisboa

King Vidor.

Uma possível explicação?


"Eu tenho três filhas. Durante a guerra, em 1940, as duas últimas filhas estavam vivendo com sua mãe em Biarritz. Eu fui lá e aluguei um quarto em um hotel. Veja, Eleanor e eu tínhamos nos divorciado em 1932. Eu queria muito as minhas filhas e fiquei lá, embora decorresse a guerra. Mas, um dia quando elas estavam da escola, eu peguei nelas e nós fugimos, deixamos tudo, fugimos para a Espanha, e depois para os Estados Unidos." 
(De gravações de Catherine Berge, King Vidor: A Tribute)

King Vidor esteve hospedado no Hotel Aviz em 1940


King Wallis Vidor (1894-1982) foi um cineasta americano de ascendência húngara. A carreira no cinema de King Vidor começou na adolescência, como projecionista num teatro de Galveston. Fez um filme amador baseado no furacão de 1900, e em 1915 abriu em Houston sua primeira companhia, a Hotex, cujo vice-presidente seria seu pai. Depois de alguns filmes amadores, aos 21 anos King mudou-se para Hollywood decidido a aprender mais sobre a arte do cinema. Em Hollywood, sua carreira foi dos primeiros filmes mudos à "idade do ouro", e é considerado um dos maiores realizadores de sempre.
Fez vários filmes que dignificavam os pobres e expunham o racismo e os horrores da guerra, como The Big Parade (1925), Our Daily Bread (1934), The Texas Rangers (1936), Northwest Passage (1940), e The Fountainhead (1951). Embora Vidor seja provavelmente lembrado por sua colaboração com Selznick, que resultou em alguns dos maiores filmes da história, ele fez mais filmes com a MGM, que produziu sua primeira obra consagrada — The Big Parade, em 1925, que foi exaltada pela crítica como um pungente filme antiguerra, e Our Daily Bread obteve um prêmio da Liga das Nações por sua "contribuição à humanidade". (fonte:Wikipédia)

King Vidor  e Gary Cooper durante as filmagens de The Fountainhead 1949. 


"Eu acho que cada um de nós sabe que a sua maior tarefa na Terra é fazer alguma contribuição, ainda que pequena, para a marcha inexorável do progresso humano. O caminho do homem, a meu ver, não vai desde o berço até o túmulo, mas do animal ou o físico ao espiritual. O avião, a bomba atómica, o rádio, radar, a televisão é a prova da existência de uma unidade para superar as limitações físicas para a liberdade de espírito." (King Vidor)



(fotos de kingvidor.com e hollywoodhistoricphotos.com)


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Já vivi nesse país e não gostei

por
Isabel do Carmo

Publicado no Público de 28-11-2011

 Bairro da Quinta da Calçada, 1976. 
Foto francisco grave. 



O primeiro-ministro anunciou que íamos empobrecer, com aquele desígnio de falar “verdade”, que consiste na banalização do mal, para que nos resignemos mais suavemente. Ao lado, uma espécie de contabilista a nível nacional diz-nos, como é hábito nos contabilistas, que as contas são difíceis de perceber, mas que os números são crus. Os agiotas batem à porta e eles afi nal até são amigos dos agiotas. Que não tivéssemos caído na asneira de empenhar os brincos, os anéis e as pulseiras para comprar a máquina de lavar alemã. E agora as jóias não valem nada. Mas o vendedor prometeu-nos que… Não interessa.
   Vamos empobrecer. Já vivi num país assim. Um país onde os “remediados” só compravam fruta para as crianças e os pomares estavam rodeados de muros encimados por vidros de garrafa partidos, onde as crianças mais pobres se espetavam, se tentassem ir às árvores. Um país onde se ia ao talho comprar um bife que se pedia “mais tenrinho” para os mais pequenos, onde convinha que o peixe não cheirasse “a fénico”. Não, não era a “alimentação mediterrânica”, nos meios industriais e no interior isolado, era a sobrevivência.
   Na terra onde nasci, os operários corticeiros, quando adoeciam ou deixavam de trabalhar vinham para a rua pedir esmola (como é que vão fazer agora os desempregados de “longa” duração, ou seja, ao fim de um ano e meio?). Nessa mesma terra deambulavam também pela rua os operários e operárias que o sempre branqueado Alfredo da Silva e seus descendentes punham na rua nos “balões” (“Olha, hoje houve um ‘balão’ na Cuf, coitados!”). Nesse país, os pobres espreitavam pelos portões da quinta dos Patiño e de outros, para ver “como é que elas iam vestidas”.
   Nesse país morriam muitos recém-nascidos e muitas mães durante o parto e após o parto. Mas havia a “obra das Mães” e fazia-se anualmente “o berço” nos liceus femininos onde se colocavam camisinhas, casaquinhos e demais enxoval, com laçarotes, tules e rendas e o mais premiado e os outros eram entregues a famílias pobres bem-comportadas (o que incluía, é óbvio, casamento pela Igreja).

Fila em Lisboa para a obtenção de senhas de racionamento (Verão de 1943). 
Foto Arquivo Fotográfico da CML. 


   Na terra onde nasci e vivi, o hospital estava entregue à Misericórdia. Nesse, como em todos os das Misericórdias, o provedor decidia em absoluto os desígnios do hospital. Era um senhor rural e arcaico, vestido de samarra, evidentemente não médico, que escolhia no catálogo os aparelhos de fi sioterapia, contratava as religiosas e os médicos, atendia os pedidos dos administrativos (“Ó senhor provedor, preciso de comprar sapatos para o meu fi lho”). As pessoas iam à “Caixa”, que dependia do regime de trabalho (ainda hoje quase 40 anos depois muitos pensam que é assim), iam aos hospitais e pagavam de acordo com o escalão. E tudo dependia da Assistência. O nome diz tudo. Andavam desdentadas, os abcessos dentários transformavam-se em grandes massas destinadas a operação e a serem focos de septicemia, as listas de cirurgia eram arbitrárias. As enfermarias dos hospitais estavam cheias de doentes com cirroses provocadas por muito vinho e pouca proteína. E generalizadamente o vinho era barato e uma “boa zurrapa”.
   E todos por todo o lado pediam “um jeitinho”, “um empenhozinho”, “um padrinho”, “depois dou-lhe qualquer coisinha”, “olhe que no Natal não me esqueço de si” e procuravam “conhecer lá alguém”.
   Na província, alguns, poucos, tinham acesso às primeiras letras (e últimas) através de regentes escolares, que elas próprias só tinham a quarta classe. Também na província não havia livrarias  (abençoadas bibliotecas itinerantes da Gulbenkian), nem teatro, nem cinema. Aos meninos e meninas dos poucos liceus (aquilo é que eram elites!) era recomendado não se darem com os das escolas técnicas. E a uma rapariga do liceu caía muito mal namorar alguém dessa outra casta. Para tratar uma mulher havia um léxico hierárquico: você, ó; tiazinha; senhora (Maria); dona; senhora dona e… supremo desígnio – Madame.
   Os funcionários públicos eram tratados depreciativamente por “mangas-de-alpaca” porque usavam duas meias mangas com elásticos no punho e no cotovelo a proteger as mangas do casaco.
   Eu vivi nesse país e não gostei. E com tudo isto, só falei de pobreza, não falei de ditadura. É que uma casa
bem com a outra. A pobreza generalizada e prolongada necessita de ditadura. Seja em África, seja na América Latina dos anos 60 e 70 do século XX, seja na China, seja na Birmânia, seja em Portugal.


(Artigo de Isabel do Carmo, Médica, Endocrinologista no jornal Público 28-11-2011)

Bairro das Minhocas ou do Bélgica, ao Rego em Lisboa em 1938. 
Foto do Arquivo Fotográfico da CML.




Grandes Fotógrafos de Passagem por cá

Grandes fotógrafos que passaram por Portugal



Lisboa, Portugal - Henri Cartier-Bresson (1908-2004). 1955
(foto: aarsbog.tumblr.com) 


 Lisboa, Portugal - Josef Koudelka / Magnum Photos. 1975 
(foto: murik.tumblr.com)


Criança engraxando sapatos - Lisboa, Portugal 24 de outubro de 1977 
(Fotógrafo desconhecido Holandês, foto: gaethna.nl) 


Portugal, Évora, O Mercado - Jean Dieuzaide. 1954 
(foto: undr.tumblr.com)


 Sabine Weiss, Portugal. 1954 
(fotos: faciepopuli.com)

Dançando na Areia, Portugal - Bill Perlmutter. 1957.
 (foto: faciepopuli.com)


Édouard Boubat, Portugal 1956. 
(foto: faciepopuli.com)

Menina em Lisboa, vendendo marisco fresco, Portugal - Hajo Piebenga. 1986.
 (foto: gaethna.nl) 


domingo, 27 de novembro de 2011

Um OVNI em Lisboa em 1936

O  dirigível Hindenburgo voando sobre o Terreiro do Paço em Setembro de 1936.


Encontrei esta foto e desconfiei que fosse falsa, fiz uma busca e se é verdadeira ou falsa não consegui saber nada, mas que o dirigível Hindenburgo passou por Lisboa, lá isso passou, encontrei provas no Diário de Lisboa. A era dos grandes dirigíveis terminou abruptamente em 6 de maio de 1937, quando o luxuoso Hindenburgo (sim o que está na foto), caiu em chamas durante a aterragem em New Jersey, nos EUA, matando boa parte da tripulação e alguns passageiros. O seu apogeu decorreu entre os anos 20 e 30 antes da 2ª guerra mundial, mas ainda hoje se constroem, mas só para passeios, publicidade e pouco mais


CURIOSIDADE HISTÓRICA


«A história dos dirigíveis se confunde com a da aviação. As primeiras experiências para tentar a conquista dos céus foram com balões de ar quente. Um dos pioneiros foi o padre jesuíta português, nascido no Brasil, Bartolomeu de Gusmão que, em 1709, conseguiu fazer um balão de ar quente, o Passarola, subir aos céus, diante de uma corte portuguesa abismada. Teria sido em 5 de Agosto de 1709, quando o padre Bartolomeu de Gusmão realizou, no pátio da Casa da Índia, na cidade de Lisboa, a primeira demonstração da Passarola. O balão pegou fogo sem sair do solo, mas, numa segunda demonstração, elevou-se a 4 metros de altura. Tratava-se de um pequeno balão de papel pardo grosso, cheio de ar quente, produzido pelo "fogo de material contido numa tigela de barro incrustada na base de um tabuleiro de madeira encerada". O evento teve como testemunha o Núncio Apostólico em Lisboa (o futuro papa Inocêncio XIII).

 Primeira e última página do Diário de Lisboa de 7 de Setembro de 1936, com reportagem sobre a passagem do dirigível Hindenburgo por Lisboa; vale a pena ainda ler as noticias sobre a guerra civil de Espanha e sobre um livro lançado por Henrique Galvão (o do assalto ao Santa Maria, anos mais tarde).



O nome Zeppelin com que popularmente se conhecia os dirigíveis vem do conde alemão Ferdinand von Zeppelin que chegou a gastar toda a sua fortuna na criação de dirigíveis com estrutura rígida para transporte de passageiros. Em 2 de julho de 1900, fez o vôo inaugural do LZ-1, às margens do lago Constança, no sudoeste da Alemanha. Já estava na bancarrota quando, em 1908, ganhou fama com o LZ-4, ao cruzar os Alpes, numa viagem de 12 horas, sem escalas. Daí por diante, o conde von Zeppelin pôde contar com o dinheiro do governo alemão em suas façanhas e seus dirigíveis se transformaram em orgulho nacional. O conde von Zeppelin instituiu a primeira companhia aérea, a alemã Companhia Zeppelin (Delag), em 1909, com uma frota de cinco dirigíveis. Até 1914, quando iniciou a Primeira Grande Guerra, foram mais de 150 mil quilómetros voados, 1.600 vôos e 37,3 mil passageiros transportados. Durante o conflito mundial, ao lado dos nascentes aviões, os dirigíveis alemães foram utilizados para bombardear Paris e a Inglaterra. Ao longo de sua vida, a Zeppelin construiu mais de 100 dirigíveis até 1988.»
(fonte: Wikipédia)



Cinemas onde vi filmes: Cinema Condes


Cinema Condes, em 1990, quatro anos antes de fechar. Michel Waldmann.

Sei que lá fui muitas vezes ao Condes desde a minha adolescência, mas não tenho grandes memórias, lembro-me de passar por lá de manhã e estarem a portas abertas, porque estiveram a lavar o soalho e havia um cheiro a creolina? no ar e recordo o último filme que lá vi, que foi uma reposição do "Frenzy" (Perigo na Noite) do Hitchcock, já depois do 25 de Abril numa sessão da tarde, creio que por volta de 1979/80. Segundo os jornais, o Condes fechou em 1996 e foi transformado em 2003 no Hard Rock Café. Pelo menos não foi abaixo como tantos outros.

Cinema Condes em 1956. O filme do cartaz é de 1954, mas estreou cá em 1956: "Sesto Continente", 
era um documentário "ecológico" (uma novidade para aqueles tempos) de um italiano de nome Folco Quilici .

Cinema Condes, em 1952 ou 1953. O filme dos cartazes: "Bullfighter and the Lady"  é de 1951 e foi realizado por Budd Boetticher (um cineasta que o Manuel Cintra Ferreira adorava) e estreou em Portugal em 12 dezembro de 1952. Foto dos estúdios Novais e Fundação Calouste Gulbenkian.

 Planta do Cinema Condes e lista dos filmes para estreia na época de 1948-1949; em  Plantas e Programas dos Cinemas de Estreia em Lisboa. Esta publicação de 1948 era distribuída pela companhia de seguros Mundial Confiança aos clientes.

Anuncios de filmes estreados no Condes: "The Savage Innocents" (Sombras Brancas, 1960) de Nicholas Ray e de Budd Boetticher, "Bullfighter and the Lady" (Homens na Arena, 1951) no Diário de Lisboa.

Anuncios de filme estreado no Condes:  "Twisted Nerve" (O Anormal, 1968) de Roy Boulting, este filme tem uma curiosidade, lembro-me de o ver em Portimão em 1977, no Cine-Teatro de Portimão (já destruido), que tinha um tecto que abria e filas largas como já não há mais.

Teatro Chalet ou Teatro da rua dos Condes, gravura sem data. O primitivo Teatro das rua dos Condes datava de 1765 e foi demolido em 1882.

Em 1888 ergue-se novo edifício por iniciativa do comerciante Francisco de Almeida Grandella, sendo arquitecto Dias da Silva e decoradores Eduardo Reis e Júlio Machado. Desde 1920 deixou de ser Teatro para se converter no Cinema Condes e iria ser remodelado em 1931. 

Desfile da Semana dos Hospitais, Lisboa, 1927.  Foto dos estúdios Novais e Fundação Calouste Gulbenkian.

 Desde 1920 deixou de ser Teatro (à esquerda), para se converter no Cinema Condes (à direita). 



O Cinema Condes, por Manuel Félix Ribeiro




 Páginas do livro, OS MAIS ANTIGOS CINEMAS DE LISBOA, 1896-1929, de Manuel Félix Ribeiro. Com imensa informação sobre o Teatro Chalet, o Teatro Condes e o Cinema Condes. Clique para ler.



(fotos do Arquivo Fotográfico da CML, excepto as assinaladas)