Pertenço a um gênero de portugueses
Que depois de estar a Índia descoberta
Ficaram sem trabalho.
FP na Rua Garret (?) em Lisboa
A morte é certa.
Tenho pensado nisto muitas vezes.
FP em 1929 na adega de Abel Pereira da Fonseca. «Fernando Pessoa em flagrante
delitro»: dedicatória na fotografia que ofereceu à namorada Ophélia Queiroz em 1929.
Porque isto acaba mal e há-de haver
(Olá!) sangue e um revólver lá pró fim
(Excerto de Opiário de Álvaro de Campos, Heterónimo de Fernando Pessoa, in "Poemas")
ÁLVARO DE CAMPOS
Teve “uma educação vulgar de liceu; depois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opiário. Ensinou-lhe Latim um tio beirão que era padre.”
De tipo vagamente judeu português, com a pele entre branca e morena, cabelo liso e normalmente apartado ao lado, usa monóculo.
Na Carta a Adolfo Casais Monteiro, de 13 de Janeiro de 1935, que Fernando Pessoa compõe sobre a génese da heteronímia e que serve de fonte a este texto, diz que escreve em nome de Campos, “quando sinto um súbito impulso para escrever e não sei o quê”. Acrescenta o escritor que “de repente, e em derivação oposta à de Ricardo Reis, surgiu-me impetuosamente um novo indivíduo. Num jacto, e à máquina de escrever, sem interrupção nem emenda, surgiu a «Ode Triunfal» de Álvaro de Campos — a Ode com esse nome e o homem com o homem que tem”.
Mais adiante esclarece: “Quando foi da publicação do Orpheu, foi preciso, à última hora, arranjar qualquer coisa para completar o número de páginas. Sugeri então ao Sá-Carneiro que eu fizesse um poema «antigo» do Álvaro de Campos — um poema de como o Álvaro de Campos seria antes de ter conhecido Caeiro e ter caído sob a sua influência. E assim fiz o «Opiário», em que tentei dar todas as tendências latentes do Álvaro de Campos, conforme haviam de ser depois reveladas, mas sem haver ainda qualquer traço de contacto com o seu mestre Caeiro. Foi dos poemas, que tenho escrito, o que me deu mais que fazer, pelo duplo poder de despersonalização que tive que desenvolver. Mas, enfim, creio que não saiu mau, e que dá o Álvaro em botão…” (In, Casa Fernando Pessoa)
(Fotos encontradas na net)
Sem comentários:
Enviar um comentário