Outras Loiças

sábado, 14 de maio de 2011

Mack The Knife e o Jazz

Em 1927, o autor dramático, poeta lírico e narrador alemão Bertold Brecht propôs a Kurt Weill escrever a música para o libreto de Die Dreigroschenoper (A Ópera dos Três Vinténs). Brecht baseou-se numa tradução da Bagger's Opera (Ópera do Mendigo), feita pela alemã Elisabeth Hauptmann, na qual John Gray, em 1728, havia feito um retrato satírico da classe dominante inglesa.




Inspirados nos gêneros opereta e comédia musical, Brecht e o até então desconhecido Weil contaram a história de Mac Navalha e de seu amor por Polly, a filha de J. J. Peachum, seu inimigo. Este, mais conhecido por Rei dos Mendigos, vestia sua gangue como deficientes ou mendigos e os mandava pedir esmolas. Mac, por seu lado, defendia uma linha mais dura, explorando assaltos e prostituição.




Sem dúvida, a melodia mais famosa da Ópera dos Três Vinténs é ouvida logo no prólogo: trata-se de Die Moritat von Mackie Messer, conhecida em português como A balada de Mac Navalha. O website allmusic.com registra 605 gravações, somente da versão em inglês, e no You Tube encontrei mais de duzentas versões (aqui parei de as ouvir). Legendária é a roufenha versão do próprio Bertold Brecht, gravada já em 1928. Brecht numera com distância irônica alguns dos mais ignóbeis crimes do bandido Mac Navalha. Para tal, faz uso de uma forma de canto de rua muito popular na Alemanha no século 19 e praticamente extinta por volta de 1930: a moritat. O próprio nome já antecipa o conteúdo: deduz-se que moritat venha de "Mordtat" (homicídio). Crimes hediondos – assassinatos, mutilações, estupros –, de preferência com base em acontecimentos reais, são de fato o tema desse tipo de canção.




Nem libreto, nem música estavam prontos na véspera da estreia, de forma que todos apostavam no seu fracasso. O nome da obra foi decidido poucos minutos antes de abrir a cortina para a estreia da peça. O texto definitivo só ficou pronto em 1931. Apesar disso, o sucesso foi estrondoso, tanto na Alemanha como no exterior, até 1933, quando os nazis tiraram a peça de cartaz. (In,www.dw-world.de/dw)


Este é dedicado ao Manuel Fonseca






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